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Nº 5855
Economia Fim do auxílio emergencial deve impactar setores como comércio e serviços em Alagoas

COMÉRCIO E SERVIÇOS DE ALAGOAS DEVEM SOFRER COM ENDIVIDAMENTO

Fenômeno deve atingir indiretamente a agricultura, indústria e construção, afetando a arrecadação

Por Hebert Borges | Edição do dia 02/01/2021 - Matéria atualizada em 02/01/2021 às 04h00

A economia alagoana deve começar 2021 com o fim da “aparente normalidade” criada pelos programas federais de transferência de renda e manutenção de empregos. A avaliação é do economista e professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Cícero Péricles de Carvalho, que avalia que a recuperação da economia alagoana em 2021 dependerá do fim da pandemia. Segundo Carvalho, com a restrição dos recursos para o consumo, a inadimplência e o endividamento tendem a crescer, causando impactos nos setores de comércio e serviços, atingindo, indiretamente, a agricultura, indústria e construção, afetando a arrecadação dos municípios e Estado. O professor pontua ainda que esse novo cenário corre o risco de ser agravado pela segunda onda da pandemia da Covid-19, influenciando negativamente setores vinculados diretamente ao mercado interno, como também segmentos dependentes do mercado nacional e regional, a exemplo do turismo. Segundo ele, tal situação tornará ainda mais difícil o processo de retomada da economia.

Em relação à Indústria, o economista conta que o setor deve enfrentar dois problemas centrais. O primeiro deles é a queda no consumo. Ele conta que a retração nas vendas, com a consequente diminuição da receita, vem afetando quase todas as fábricas. O segundo problema são as dificuldades das indústrias com seus fornecedores e com a logística de transporte que também foi influenciada pela crise da pandemia. “A indústria foi afetada pela logística de transporte, principalmente no fornecimento de insumos e na distribuição de mercadorias, pelo aumento dos preços da matéria-prima e pelo recuo da demanda em alguns setores vinculados ao consumo regional”, explica.

No Comércio, Cícero Péricles lembra que houve uma divisão entre os ramos que puderam permanecer abertos e aumentaram a receita, como supermercados e farmácias, e os que foram obrigados a fechar as portas, como lojas de vestuário. O pleno funcionamento destes setores estará ligado ao fim da pandemia. “O drama do coronavírus expôs de forma clara, nos sentidos econômico e social, o quanto a sociedade alagoana é pobre e desigual. Uma sociedade sobre a qual a pandemia e a crise econômica acentuaram suas características de pobreza e desigualdade”, frisa. Nesse sentido, o economista conta que a economia alagoana deverá ser foco de um debate reflexivo sobre seu futuro próximo. “A pobreza, a desigualdade e a excessiva dependência das transferências federais (para a criação de infraestrutura, realização dos programas de desenvolvimento econômico e funcionamento das políticas sociais) têm provocado inquietações nos meio políticos, nas representações empresariais e sindicais de trabalhadores, no meio acadêmico, na mídia local e nas instituições públicas que buscam respostas para a superação de uma situação que dura décadas, sem perspectivas claras de mudanças”, conta. Segundo o professor, o período pós-epidemia trará reflexões sobre esse fenômeno [pobreza] e, provavelmente, haverá mais cobranças no enfrentamento dos déficits sociais e da falta de oportunidades, e da necessidade de ampliação das políticas públicas. “Essa talvez seja uma das principais questões a serem colocadas na pauta política e econômica ainda no começo do próximo ano”, estima. Além disso, Cícero Péricles diz que nos próximos anos será mais exigida a intervenção das políticas públicas permanentes na área social, dos programas de desenvolvimento e dos investimentos em infraestrutura urbana. “As experiências exitosas de intervenção pública apontam para essa possibilidade de futuro”, analisa.

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