SETOR HOTELEIRO PREVÊ CANCELAMENTO DE 30% EM MARÇO
Presidente da ABIH/AL, André Santos, diz que setor enxerga medidas com preocupação
Por Regina Carvalho | Edição do dia 18/03/2021 - Matéria atualizada em 18/03/2021 às 04h00
O setor hoteleiro de Alagoas não foi alvo direto das medidas restritivas do novo decreto do governo, mas amarga prejuízo com a limitação de serviços. A situação deve se agravar nos próximos dias com a Fase Vermelha de Distanciamento Social Controlado, que impõe novos horários de funcionamento do setor comercial e restrição de horário para a circulação de pessoas, por quatorze dias.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) de Alagoas, André Santos, os adiamentos correspondem a 70% e os cancelamentos já chegam a 30%.
“Cancelamentos e adiamentos já estão ocorrendo. Estamos registrando mais adiamentos do que cancelamentos.”, afirma André Santos.
Sobre as medidas restritivas, André foi enfático ao dizer que o setor “enxerga com preocupação”. “Entendemos a preocupação do Estado com as medidas de restrição, mas o fechamento da cadeia do turismo gera preocupação porque prejudica o setor em Alagoas. É muito complicado trabalhar com bares, restaurantes e as praias fechadas”.
A sugestão do setor, ainda conforme o presidente da ABIH, é que o governo libere, ao menos, os beachs clubes e alguns espaços de praia para os turistas. “Pode manter as medidas, mas, por exemplo, fim de semana, deveriam deixar os pontos de apoio, com receptivo, para os clubes para o turista. Restaurantes abertos, pelo menos, na hora do almoço porque daria o direito de ir às praias e fazer uma alimentação. Não tem condições de ir a praia assim. O fechamento dos bares e restaurantes causou um transtorno muito grande porque o turista fica proibido de usufruir da estrutura”.
O presidente disse, ainda, que os hotéis estão investindo em alimentação e atrativos, além das estruturas para agradar os turistas. “Fecham, por exemplo, bares e restaurantes, mas a pessoa vai aglomerar em Shoppings, no Centro e, o pior, no transporte público e em festas clandestinas, que causam ainda mais aglomerações e propagam ainda mais o vírus”.
O empresário e também diretor da ABIH/AL, Mauro Vasconcellos diz que espera um cancelamento de quase 40% das reservas para esse mês de março e pode ser ainda maior em abril.
“A situação já estava difícil antes e com essa decisão de agora a previsão é aumentar o cancelamento de reservas. As pessoas podem não vir mais porque não têm restaurantes e não podem utilizar praias. Sem esses dois serviços o turista não está vindo”, afirma o empresário Mauro Vasconcelos.
Integrantes da ABIH de Alagoas – entidade que representa o setor hoteleiro – lamentam a falta de apoio dos governos para amenizar o impacto da pandemia do novo coronavírus. “A gente vê com muita preocupação isso, porque a hotelaria não tem como se manter com uma situação dessa, visto que em nenhum momento a gente teve ajudar de governo, como isenção de impostos, diferente de outros setores. O que foi anunciado para a hotelaria quase não influencia em nada”, acrescenta o empresário.
“No ano passado, mais de 90% da hotelaria fechou e em janeiro e fevereiro a gente já teve uma queda em torno de 20% em relação ao mesmo período dos outros anos. A gente já vem passando por uma queda de resultado, da receita e da ocupação e aumento dos custos, porque a hotelaria teve custo alto com todos os protocolos, que requerem mais mão de obra e compra de produtos que não eram comprados, além do aumento de impostos como o IPTU. Acho que muitos hotéis vão ter que repensar, se compensa estarem abertos”, lembra Mauro Vasconcelos.
Ainda de acordo com Vasconcelos, as novas medidas podem gerar mais desligamentos. “É desesperador. A hotelaria é um setor que ficou seis meses fechado e sem nenhuma fonte de receita. Não tinha alternativa como outros setores”, finaliza o empresário.
Todo o estado de Alagoas entrará na Fase Vermelha de Distanciamento Social Controlado a partir de 0h desta sexta-feira (19). O anúncio foi feito pelo governo durante coletiva de imprensa realizada na última terça-feira (16). Além de novos horários de funcionamento do setor comercial, o Decreto 73.650 com vigência de 14 dias determina a restrição de horário para a circulação de pessoas em todo o estado das 21h às 05h.
Bares e restaurantes podem somente oferecer delivery e a modalidade pegue e leve e fica proibido o acesso às praias, rios e lagoas, até mesmo os calçadões, no sábado e domingo.