T�cnicos criam esp�cie ideal para exporta��o
O Laboratório de Biotecnologia Vegetal da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) dispõe de tecnologia de micropropagação de mudas de inhame em laboratório, a partir de técnicas de clonagem in vitro, capaz de garantir um produto ideal, livre de pragas e do
Por | Edição do dia 08/02/2004 - Matéria atualizada em 08/02/2004 às 00h00
O Laboratório de Biotecnologia Vegetal da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) dispõe de tecnologia de micropropagação de mudas de inhame em laboratório, a partir de técnicas de clonagem in vitro, capaz de garantir um produto ideal, livre de pragas e doenças. A técnica consiste em produzir milhares de plantas com as mesmas características genéticas desejáveis para efeitos de mercado, a partir de um pequeno segmento de uma planta selecionada. Os pesquisadores, coordenados pelo professor-doutor Eurico Lemos, foram até a região produtora, na Zona da Mata alagoana, nos municípios de Viçosa, Chã Preta e Paulo Jacinto, para coletar túberas-sementes de inhame que não apresentavam nenhum sintoma de pragas e doenças. Em laboratório, no processo in vitro, as túberas de inhame foram postas para germinar. Foram retirados pequenos segmentos, denominados meristemas: pontos de crescimento da planta, o popular olhinho da planta, utilizado em mudas comuns. Houve brotação e as plantas saudáveis se multiplicaram, livres de pragas e doenças, sobretudo das duas espécies de nematóides que atacam as culturas locais. Um deles causa a doença da casca preta. O outro tipo de parasita produz tumores escuros no inhame: ambos deixam o tubérculo inviável à comercialização. No processo, os pesquisadores fizeram uma limpeza clonal e aclimataram as espécies por 45 dias, realizando depois o plantio fora do laboratório, após quatro meses de multiplicações e sucessivas repicagens e enraizadas naturalmente no meio de cultura. As plantas nobres, frutos da experiência científica, foram plantadas em tubetes plásticos. Após 60 dias, as plantas foram removidas dos tubetes e tiveram as suas minitúberas (sementes em miniatura) colhidas e tratadas para induzir a brotação precoce, com características adequadas para uso em programa de produção de túberas-sementes comerciais. Segundo o professor Eurico Lemos, num recipiente menor é possível produzir a partir de microplantas, mini-túberas de um centímetro, que podem ser guardas na geladeira. Extensão rural Após um ano de execução do projeto de pesquisa, financiado pela Fapeal, órgão de pesquisas do governo do Estado, foram introduzidos brotos de inhame a partir de túberas-sementes selecionadas junto aos produtores da Zona da Mata. Apesar de a Ufal dispor de tecnologia para oferecer gratuitamente aos pequenos produtores de Alagoas, uma vez que os custos da pesquisa foram do Estado, falta um programa de fomento à extensão rural para apoiar estes produtores. Prefeituras, a Secretaria da Agricultura ou mesmo a Embrapa necessitariam assumir um programa de certificação de túberas-sementes, uma espécie de viveiro, para garantir uma plantação de qualidade, livre de pragas e doenças, diz Eurico Lemos, lembrando que o papel da universidade, neste caso, é desenvolver a pesquisa, mas faltam recursos para a distribuição de túberas-sementes e o atendimento aos produtores do Estado. O ataque de doenças e pragas de nematóides deve-se à falta de túberas-sementes selecionadas e de qualidade genética para o plantio. Segundo Eurico Lemos, o pequeno produtor não tem conhecimento, não sabe como funciona a pesquisa e faltam os recursos para investir na tecnologia. Eles acabam utilizando túbera-sementes, no mercado, que já estão contaminadas. Em outros casos é o próprio solo que contamina a plantação. (A .M.)