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Economia

MERCADINHOS DE BAIRRO MANTÊM A PRÁTICA DO ‘FIADO’

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Por Maíra Sobral | Edição do dia 19/06/2021 - Matéria atualizada em 19/06/2021 às 04h00

O crescimento do desemprego, a alta dos preços e as dificuldades financeiras vividas especialmente pelos trabalhadores informais, a venda fiada continua sendo uma opção utilizada pela população da capital alagoana. Contudo, apenas os mercadinhos de bairros e pequenas mercearias mantêm essa prática, uma vez que os grandes supermercados aceitam apenas vendas à vista ou no cartão de crédito. No Mercadinho Vitória, localizado no bairro do Feitosa, por exemplo, a quantidade de consumidores que compram fiado continua a mesma, mas somente porque o estabelecimento não permite que mais pessoas, além das que já compravam antes da pandemia, comecem a adquirir itens para pagar depois. “A gente continua vendendo só para quem a gente já conhecia e já comprava fiado antes, e ainda assim está difícil para receber de alguns”, contou Luciana Santos, que trabalha no caixa do mercadinho. A escassez no número de estabelecimentos que aceitam esse tipo de vendas se deve justamente pelo medo dos comerciantes de não receberem depois e pela dificuldade em continuar cobrando até mesmo dos compradores antigos. Segundo Luciana, com a pandemia, até os compradores de confiança passaram a enfrentar problemas para conseguir pagar a conta pendente em dia. “Tem muita gente que está atrasando a dívida e sempre porque precisou usar o dinheiro para pagar outra conta mais urgente ou porque não está trabalhando no momento”, explicou.

Por esse motivo, os mercadinhos estão substituindo as vendas no fiado pelo cartão de crédito, e os que ainda mantêm a alternativa antiga acabam tendo que lidar não apenas com os atrasos dos clientes, mas com as próprias contas ficando acumuladas. “Fica difícil porque nós usamos o dinheiro que recebemos deles para pagar as contas daqui, então se eles não pagam fica bastante difícil para gente”, enfatizou Luciana.

O empresário Elvio Nascimento, responsável pelo Mercadinho Europa, no bairro do Poço, contou que o estabelecimento até aceitava vendas no fiado, mas há um ano e meio deixou de recebê-las por estar enfrentando muitos problemas com a inadimplência dos clientes. Segundo ele, com o passar do tempo está ficando ainda mais complicado conseguir receber em dia da clientela que recorre ao fiado. Elvio disse ainda que a dificuldade com os clientes maus pagadores é comum no setor e por isso, tem sido cada vez mais raro encontrar comerciantes que consigam se manter vendendo fiado e driblando as consequências dos atrasos nos pagamentos. “O problema que você vai encontrar em qualquer lugar que vende fiado é sempre o mesmo, as pessoas demoram cada vez mais a pagar e muitas nem pagam. Então, deixamos de vender fiado já há um ano e meio mais ou menos, e agora só vendemos à vista ou no cartão de crédito”, explicou o empresário.

* Sob supervisão da editoria de Economia.

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