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Nº 5856
Economia Os 40% mais pobres da Região Metropolitana de Maceió receberam em média R$ 60

GRANDE MACEIÓ CONCENTRA A MAIOR TAXA DE PESSOAS QUE GANHAM R$ 275

Estudo também mostra uma retração no rendimento médio per capita dos trabalhadores da região

Por Carlos Nealdo | Edição do dia 08/07/2021 - Matéria atualizada em 08/07/2021 às 04h00

A Região Metropolitana (RM) de Maceió registrou o maior percentual do País de pessoas vivendo em domicílios com rendimento per capita de até um quarto de salário mínimo - o equivalente a R$ 275. De acordo com um levantamento divulgado nesta quarta-feira (7), pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), 45,3% da população que vive na Região Metropolitana de Maceió sobrevivia com esse total de recursos no primeiro ano da pandemia de Covid-19, medido entre o primeiro trimestre de 2020 e igual período do ano passado. O estudo, feito em parceria com o Observatório das Metrópoles e Observatório da Dívida Social na América Latina (RedODSAL), considera apenas a renda do trabalho - os recursos de benefícios sociais, como aposentadoria, Bolsa Família ou auxílio emergencial, não entram no cálculo. Além da RM de Maceió, outras regiões metropolitanas do Nordeste encabeçam o ranking de indivíduos que vivem com até um quarto de salário mínimo. Com 43,2% da população vivendo nessas condições, João Pessoa aparece em segundo lugar, seguida do Recife (41,7%), Teresina (41,0%) e Aracaju (40,1%). “É um nível de renda muito baixo, que reflete a dinâmica do mercado de trabalho na pandemia. Os dados mostram a necessidade de benefícios como o auxílio emergencial”, diz André Salata, professor do programa de pós-graduação em ciências sociais da PUCRS e um dos coordenadores do boletim. No outro extremo, as regiões metropolitanas que registraram as menores taxas foram Curitiba - onde 19,9% da população sobrevive com um quarto de salário mínimo -, Florianópolis (20,6%), Distrito Federal (21,4%), Vale do Rio Cuiabá (22,1%) e São Paulo (23,8%). Para Marcelo Ribeiro, um dos coordenadores do estudo, o aumento do percentual de pessoas que vivem em domicílio cuja renda per capita do trabalho é até um quarto do salário mínimo é o retrato mais evidente de que a desigualdade de renda nas metrópoles brasileiras está estreitamente relacionada à situação de pobreza a que uma parcela expressiva da população está submetida. “Os resultados são desanimadores”, ressalta André Salata. “Os números que trazemos expressam o que qualquer morador destas regiões percebeu ao longo do último ano, com o aumento sensível do número de pedintes, desempregados, vendedores ambulantes e pessoas e famílias em situação de vulnerabilidade”, completa. Em todo o País, segundo o levantamento, a pandemia empurrou mais 4,3 milhões de brasileiros para faixa de renda do trabalho considerada muito baixa nas regiões metropolitanas. No primeiro trimestre de 2020, período inicial da crise sanitária, as regiões metropolitanas somavam 20,2 milhões de pessoas em domicílios com renda per capita do trabalho inferior a um quarto do salário mínimo. No mesmo intervalo de 2021, o número subiu para 24,5 milhões.

FOSSO

O estudo também mostra uma retração no rendimento médio per capita dos trabalhadores da Região Metropolitana de Maceió. No primeiro trimestre do ano passado, os 40% mais pobres recebiam em média R$ 85. Já no primeiro trimestre do ano passado, esse valor baixou para R$ 60 - uma retração de 29,4%. Já entre os 10% mais ricos, a retração foi de 14,6%, saindo de R$ 3.851, para R$ 3.287. Em todo o País, a pesquisa mostra que para o estrato dos 40% mais pobres, o rendimento médio do trabalho caiu 33,4% no conjunto das metrópoles, entre o 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021. Para os 10% do topo da distribuição a queda foi de 4,8%. “Portanto, apesar de ter ocorrido redução de rendimento em todos os estratos de renda, a queda foi muito mais pronunciada para os mais pobres”, destaca a pesquisa. Em geral, considerando todos os estratos, houve queda de 8,5% do rendimento médio no conjunto das Regiões Metropolitanas, que passou de R$ 1.423,93 para R$ 1.302,79. Essa queda fez a renda média retornar ao patamar do início da série, no ano de 2012. “O resultado das desigualdades de renda nas nossas metrópoles, depois de um ano de ocorrência da pandemia da Covid-19, foi de sua elevação de modo muito abrupto, decorrente principalmente da perda de renda da população mais pobre, a parcela da população que já estava vivendo com nível de renda muito pequeno, insuficiente para garantir a qualidade vida nos grandes centros urbanos do país”, explica Ribeiro. De acordo com os pesquisadores, os dados ainda mostram que os efeitos sociais da pandemia nas metrópoles não mostram sinais de arrefecimento no primeiro trimestre de 2021. “Nesse sentido, o auxílio emergencial continuará cumprindo um papel fundamental por mais alguns meses, até que se façam sentir os efeitos do avanço da vacinação e de um eventual aquecimento do mercado de trabalho, que deveria ser induzido pelo governo”, afirma Salata.

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