Pesquisa encomendada pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) aponta que 31% dos alagoanos tiveram o nome negativado durante a pandemia do novo coronavírus. O percentual é o segundo mais alto entre os estados atendidos pela Sudene, que abrange a região Nordeste e parte do Espírito Santo e Minas Gerais. A pesquisa aponta ainda que 44% dos alagoanos disseram que a pandemia afetou a renda pessoal delas. Além disso, 36% dos alagoanos acreditam que levarão mais de um ano para se recuperar financeiramente após a pandemia da Covid-19. Além disso, outros 5% disseram acreditar que não vão se recuperar financeiramente nunca mais. A pesquisa também abordou outros aspectos da vida dos alagoanos. O estudo aponta que 80% dos trabalhadores de Alagoas disseram que precisaram desenvolver novas habilidades no trabalho em razão da pandemia. Sobre os consumos alimentares, 39% dos alagoanos disseram que reduziram o consumo de alimentos frescos. Em contrapartida, 22% aumentaram o consumo de alimentos industrializados. A ida a bares e restaurantes diminuiu para 83% dos alagoanos.
EMPRESAS
O estudo aponta ainda que a pandemia da Covid-19 gerou impactos financeiros negativos em 76% das empresas de Alagoas. Em relação a faturamento e receita, 73% dos gestores de empresas no estado disseram que suas empresas sofreram impactos negativos. Mesmo com esse impacto, 7 % das empresas aumentaram faturamento e receita nesse período, e 17% não tiveram nem impacto negativo e nem positivo. Entre as empresas que informaram redução de faturamento, cerca de 38,7% das empresas perderam metade ou mais do seu faturamento neste período da pandemia, e 38,9% perderam de 26% a 50%. No setor de serviços, 38% das empresas de Alagoas perderam metade ou mais do seu faturamento. Os dados apontaram que 74% dos gestores alagoanos disseram que suas empresas sofreram impactos negativos em seu lucro. O impacto foi positivo para 5% das empresas, que tiveram aumento de lucro nesse período. Entre as que perderam lucro, 38% sofreram redução de metade ou mais do lucro, e 33%, de 26% a 50% do lucro. Questionados sobre endividamento devido à pandemia, 41% tiveram piora no endividamento. Por outro lado, 47% das empresas não pioraram seu nível de endividamento e outras 10% diminuíram suas dívidas durante a pandemia. Entre as empresas que contraíram mais dívidas, cerca de 40% aumentaram suas dúvidas em 50% ou mais. E 34 % tiveram aumento das dívidas entre 26% e 50%. A pesquisa também analisou o futuro das empresas: 12% dos gestores disseram que suas empresas não serão capazes de se recuperar dos impactos da pandemia, mesmo que a longo prazo.
CENÁRIO
A pandemia da Covid-19 afetou negativamente a renda de 59% dos entrevistados. O impacto negativo foi maior entre os jovens adultos entre 31 e 40 anos (67%), com instrução até nível médio (60%) e renda até 1 salário mínimo (60%). Para 30% dos entrevistados, será necessário um período superior a um ano para retornar a renda pessoal semelhante ao que tinha antes da pandemia. Adultos de 31 a 40 anos de idade (37%), pessoas com instrução até nível fundamental (32%) e com renda até um salário mínimo (33%) foram os que mais citaram esse tempo de retomada. Entre os estados, os moradores que mais contribuíram para o índice foram os do Piauí (93%), Alagoas (87%) e Ceará (83%). Em relação ao futuro, os entrevistados esperam que as próximas medidas foquem, entre outras coisas, na redução tributária, subsídios à produção, redução de encargos, novas linhas de crédito, redução de tarifas de água e luz. Quando perguntados sobre o tempo que levará para que a situação se normalize, o final de 2021 vem sendo considerado um marco para a retomada positiva da economia e da vida de modo geral, mas um grupo de entrevistados acredita que a recuperação vai variar muito de setor para setor. A Coordenação-Geral de Estudos e Pesquisas, Tecnologia e Inovação (CGEP) da Diretoria de Planejamento da Sudene, responsável pela pesquisa, enfatiza a importância desse levantamento para o pós pandemia e informa que “embora haja alguns estudos e pesquisas que buscam aferir os efeitos decorrentes da pandemia da Covid-19 no Brasil, são escassos os estudos com recortes regionais mais abrangentes, como para a região Nordeste ou a área de atuação da Sudene, que, ao mesmo tempo, permitam obter um entendimento com maior precisão dos efeitos adversos da pandemia nos territórios e obter uma visão consolidada sobre os desafios do setor produtivo e o impacto social da crise”.