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Economia Elevação de um ponto percentual da taxa Selic é mais alta desde fevereiro de 2003

COPOM ELEVA JUROS BÁSICOS DA ECONOMIA PARA 5,25% AO ANO

Com a decisão desta quarta, o Banco Central acelera o ritmo do ciclo de aperto monetário

Por Folhapress | Edição do dia 05/08/2021 - Matéria atualizada em 05/08/2021 às 04h00

Brasília, DF – Diante da persistência da alta dos preços e das consecutivas revisões nas expectativas do mercado para a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central elevou, nesta quarta-feira (4), a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, a 5,25% ao ano. Esta é a maior alta desde fevereiro de 2003, quando a taxa passou de 25,50% para 26,50%. Naquele ano, a inflação ficou em 9,30%. Era o primeiro ano do mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com a decisão desta quarta, o BC acelera o ritmo do ciclo de aperto monetário, que vinha sendo de alta de 0,75 ponto nas reuniões anteriores. Na reunião de junho, quando a Selic foi a 4,25% ao ano, o Copom havia sinalizado que faria uma nova elevação na taxa básica de 0,75 ponto, mas não descartou uma alta ainda maior caso as expectativas do mercado para a inflação -especialmente de 2022- continuassem subindo, o que acabou se concretizando. A decisão veio em linha com as expectativas do mercado. Em levantamento feito pela Bloomberg, a maior parte dos economistas consultados projetava a elevação de 1 ponto. Desde o fim do ano passado, os preços no país sobem em escalada, inicialmente puxada por alimentos e depois por combustíveis e energia. Em junho, a inflação aumentou em 0,53%, pressionada principalmente pelo encarecimento da energia elétrica. Esta foi a maior alta para o mês desde 2018, quando o Brasil vivia sob os efeitos da greve dos caminhoneiros. No acumulado dos 12 meses, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) alcançou 8,35%, bem acima do teto da meta (5,25%). O controle da inflação é a principal atribuição da autoridade monetária. Para isso, o BC define a meta da taxa básica de juros. Quando a inflação está alta, o Copom sobe os juros com o objetivo de reduzir o estímulo na atividade econômica, o que diminui o consumo e equilibra os preços. Caso contrário, o BC pode reduzir juros para estimular a economia. Segundo o relatório Focus desta semana, no qual o BC divulga as projeções do mercado, os economistas continuaram elevando as expectativas de inflação para 2021, que estão em 6,79%, 1,54 ponto percentual acima do máximo permitido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A meta fixada é de 3,75%, com tolerância 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Há um mês, a estimativa do mercado era de 6,07% para este ano. Quando a inflação não fica dentro do intervalo determinado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para o ano, o presidente do BC precisa escrever uma carta aberta ao presidente do conselho, que é o ministro da Economia, Paulo Guedes, para explicar os motivos. O mercado também elevou as expectativas para 2022, ano para o qual o BC considera que a política monetária atual faça mais efeito. Segundo o Focus, os economistas esperam alta de 3,81% nos preços no ano que vem. Há quatro semanas, eles apostavam em 3,77%. Em agosto do ano passado, a Selic alcançou o menor nível da história, de 2% ao ano, como resposta à crise gerada pela pandemia de Covid-19. A taxa permaneceu no patamar até março deste ano, quando o BC iniciou o ciclo de alta. Em junho, a Selic voltou ao patamar em que estava até 18 de março de 2020 (4,25%), quando o Copom começou a cortá-la em reação aos efeitos da crise sanitária sobre a economia.

CRÉDITO IMOBILIÁRIO

Os juros do crédito imobiliário podem chegar a 9% ao ano em 2022 e 2023, afirmam especialistas. O movimento de alta das taxas, que já pode ser visto em alguns bancos, tende a acompanhar o aumento da Selic e da inflação ao longo deste ano e não apenas influencia novos contratos, como também pode pesar no bolso dos consumidores que optaram por linhas pós-fixadas -atreladas à inflação ou à poupança. Em julho, dois grandes bancos já haviam anunciado um aumento nas suas taxas de crédito imobiliário. O Santander passou de 6,99% a.a. (ao ano) + TR (taxa referencial, atualmente zerada) para 7,99% a.a. + TR. No Bradesco, as taxas passaram a começar entre 6,9% a.a. e 7,3% a.a., a depender do relacionamento do cliente com o banco -antes, variavam entre 6,7% a.a. e 6,9% a.a.. Mais recentemente foi a vez do Itaú anunciar que, a partir desta quinta (5), o financiamento imobiliário tradicional passará a ser a partir de 7,3% a.a. + TR para novas contratações. A taxa anterior era de 6,9% a.a. + TR. Os movimentos vêm na esteira do aumento que o Banco Central tem feito na Selic desde março, quando aumentou a taxa básica de 2% para 2,75% ao ano. De acordo com o último relatório Focus, do Banco Central, a estimativa do mercado é que a taxa básica encerre este ano em 7% a.a. -a estimativa era de 6,5% a.a. há quatro semanas. Para a inflação, a projeção é de 6,79% até o final de 2021, contra 6,07% um mês atrás. “Vemos um movimento mais de curto prazo voltado para um pequeno reajuste nas taxas, até para compor um pouco o que temos visto na curva futura de juros. Mas é natural que haja essa acomodação [dos juros]”, afirmou Romero Gomes de Albuquerque, diretor de crédito imobiliário do Bradesco. A curva futura de juros atualmente está em cerca de 9,17% a.a. para cinco anos. Ainda segundo o executivo, a expectativa é que ao longo dos próximos dois anos ainda haja um aumento das taxas de juros do crédito imobiliário.

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