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Nº 5856
Economia

PIB DO BRASIL RECUA 0,1% NO SEGUNDO TRIMESTRE, DIZ IBGE

O número representa uma desaceleração no ritmo de recuperação verificado no início do ano

Por Nealdo | Edição do dia 02/09/2021 - Matéria atualizada em 02/09/2021 às 04h00

São Paulo, SP – A economia brasileira ficou praticamente estável no segundo trimestre de 2021, com variação negativa de 0,1% em relação ao trimestre anterior. O número representa uma desaceleração no ritmo de recuperação verificado no início do ano, segundo dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quarta-feira (1º) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam crescimento de 0,2% na comparação com o trimestre anterior. Em relação ao mesmo período do ano passado, o PIB cresceu 12,4%, resultado influenciado pela base de comparação, já que o período de abril a junho de 2020 foi o fundo do poço para a atividade econômica durante a pandemia. Nos últimos 12 meses, houve alta de 1,8%. Com esse resultado, a economia brasileira avançou 6,4% no primeiro semestre. Segundo o IBGE, o PIB continua no patamar do período pré-pandemia e ainda está 3,2% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica na série histórica, alcançado no primeiro trimestre de 2014. O resultado do trimestre deixa um carrego estatístico que deve garantir um crescimento em torno de 5% para o PIB de 2021, resultado influenciado pela base de comparação ruim de 2020. Para 2022, no entanto, analistas já esperam um crescimento próximo de 2%, de volta ao ritmo do final do governo Michel Temer e início da gestão Jair Bolsonaro. O trimestre foi marcado pela retomada de várias atividades que dependem de aglomerações e contato social, o que favoreceu o setor de serviços, em detrimento da indústria, que já havia retomado o patamar pré-crise no final de 2020. Segundo o IBGE, o desempenho da economia no trimestre vem do resultado negativo da agropecuária (-2,8%) e da indústria (-0,2%). Por outro lado, os serviços avançaram 0,7% no período. "Uma coisa acabou compensando a outra. A agropecuária ficou negativa porque a safra do café entrou no cálculo. Isso teve um peso importante no segundo trimestre. A safra do café está na bienalidade negativa, que resulta numa retração expressiva da produção", diz a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis. A indústria de transformação, segundo ela, foi influenciada pelos efeitos da falta de insumos nas cadeias produtivas, como é o caso da indústria automotiva, que lida com a falta de componentes eletrônicos. "É uma atividade que não está conseguindo atender a demanda. Já na atividade de energia elétrica houve aumento no custo de produção por conta da crise hídrica que fez aumentar o uso das termelétricas", afirma Rebeca. Quase todos os componentes dos serviços cresceram. Apenas o segmento administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social ficou estável. Segundo o IBGE, a estabilidade do PIB no segundo trimestre (queda de 0,054% no número não arredondado) também reflete o consumo das famílias, que não variou no período (0,0%). O consumo do governo teve alta de 0,7%. Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) recuaram 3,6% no período. "Apesar dos programas de auxílio do governo, do aumento do crédito a pessoas físicas e da melhora no mercado de trabalho, a massa salarial real vem caindo, afetada negativamente pelo aumento da inflação. Os juros também começaram a subir. Isso impacta o consumo das famílias", diz Rebeca. A balança comercial brasileira teve uma alta de 9,4% nas exportações de bens e serviços, a maior variação desde o primeiro trimestre de 2010, com destaque para a safra de soja. As importações caíram 0,6% na comparação com o primeiro trimestre. A expectativa é de resultados melhores neste segundo semestre, caso seja possível manter o ritmo de reabertura da economia. Inflação e juros elevados, crise energética e riscos políticos trazidos pelo governo, no entanto, podem prejudicar essa retomada e devem pesar também sobre a economia em 2022. "O PIB do Brasil voltou ao negativo no 2º trim/21, embora tenha ficado muito próximo da estabilidade. Foi este o resultado do atraso da vacinação e da piora da pandemia, em um ambiente de alto desemprego, aceleração inflacionária e persistente desarranjo das cadeias produtivas, que continua impondo gargalos na obtenção de insumos. Os ruídos na esfera política, ao introjetar incertezas na economia, também cobraram seu preço", afirmou, em nota, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

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