Carreira
JOVENS BUSCAM NOVAS FORMAS DE ENTRAR NO MERCADO DE TRABALHO
O número de estudantes brasileiros que acreditam ser possível ter sucesso profissional sem uma graduação universitária chegou a 35%


O número de estudantes brasileiros que acreditam ser possível ter sucesso profissional sem uma graduação universitária chegou a 35%, de acordo com a Pesquisa Global com Alunos da Pearson, empresa com foco em educação e aprendizagem. O número cresceu 8 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior e mostra como a nova geração tem buscado novas formas possíveis de ingressar no mercado de trabalho. Ainda segundo os dados de 2020, ao considerarem o ensino profissionalizante, 68% dos estudantes acreditam que um certificado desse tipo supera um diploma. A consultora de carreira Polyana Barbosa diz que os jovens estão em busca de cursos mais rápidos. “A gente vem percebendo a busca por cursos de curta duração, que sejam mais rápidos, vem aumentando muito essa procura até porque as empresas estão absorvendo profissionais preparados para aquela área. Então através de um curso profissionalizante muitas vezes esse jovem consegue entregar essa formação, esse conhecimento e consegue absorver pelo mercado”. A consultora diz que a busca por cursos profissionalizantes não significa dizer que uma graduação não tenha o seu valor. “Mas, nós brasileiros, fomos educados a fazer uma graduação, ter um diploma universitário era a chave do sucesso, sendo que o tempo foi passando e fomos percebendo que não é bem assim. Muitos profissionais tem uma graduação, mas não estão empregados na sua área. Só que isso não é porque a graduação perdeu o seu valor, isso é mais pela demanda pelas pessoas que estão buscando curso superior aumentou, mas essas pessoas não acompanharam o mercado. O mercado é dinâmico e os profissionais que precisam acompanhar o ritmo, se especializar, estar antenado com o momento”. Apesar de muitos terem diploma, segundo Polyana, muitas pessoas não estão aptas para atuar em determinadas áreas e, com isso, o mercado foi perdendo graduados. A busca por cursos profissionalizantes e técnicos têm crescido e ganhado esse público. “Não adianta fazer um curso só por fazer. O estudante tem que buscar o seu melhor, buscar o diferencial na área de atuação e saber que não é o diploma ou a instituição que vai abrir portas. É necessário absorver o conhecimento e mostrar o diferencial perante a outros profissionais”, aconselha Polyana Barbosa. A estudante Maria Clara da Silva, de 18 anos, apostou em um curso profissionalizante de confeiteira para empreender. “Sou estudante do 2º ano do ensino médio, moradora da periferia e me vi enfrentando dificuldades para encontrar um trabalho. Estou aproveitando uma oportunidade de um curso profissionalizante para poder ter o meu negócio”.
Para conciliar com o ensino médio, Maria relata que já gostava de fazer bolos para a família e que aprendeu com a avó materna. “Pensei mais no presente, no que eu gosto de fazer e na necessidade de ter dinheiro para pagar contas básicas. Minha mãe não trabalha, vive de pensão e eu precisava ajudar de alguma forma. Não sei se quero fazer uma graduação no momento, mas pretendo investir em cursos para melhorar o curso que ainda estou fazendo”
Outro estudante que está apostando em um curso técnico é o Jamerson Araújo. “Meu tio já trabalha com turismo, vez ou outra o acompanho. Então pensei em me especializar com um curso de guia de turismo para formalizar, me especializar, estar por dentro de tudo”. Jamerson diz que ama trabalhar com turismo e já pensa em viajar para ter conhecimento de causa. “Quero poder viajar por muitos lugares e contribuir com as pessoas. Quero que elas conheçam um pouco da história e da cultura também”. Polyana diz que os jovens têm muitas dúvidas sobre o mercado de trabalho. “O jovem vem com aquele pensamento de ter retorno financeiro ou o que os pais falam sobre cursos tradicionais, e muitas vezes eles ficam em dúvida sobre o que querem ser. Porém, existe a questão de que não adianta investir em algo que ele não tem habilidade porque isso, no futuro, pode gerar frustrações, e acaba indo em busca de outras áreas”.
Sobre a satisfação profissional, a especialista diz que o primeiro passo para o sucesso é o autoconhecimento. “O primeiro passo é se respeitar. Tem que saber as principais competências, aquilo que faz de melhor, o que domina, o que causa curiosidade, o que faz os olhos brilharem. Não adianta dizer que vai fazer medicina porque medicina dá muito dinheiro se a pessoa não se identifica com essa área, por exemplo. Por isso é importante saber as habilidades e identificar como está o mercado, para fazer uma junção do que é necessário”.