Feira de bode agita o com�rcio no Sert�o
ROBERTO VILANOVA Canapi A vaca não foi para o brejo, mas a sensação no comércio de gado no sertão alagoano, agora, é o bode. Tem até feira exclusiva, em Canapi, que agita a cidade e movimenta por semana cerca de 20 mil reais em negócios. O vereado
Por | Edição do dia 14/04/2002 - Matéria atualizada em 14/04/2002 às 00h00
ROBERTO VILANOVA Canapi A vaca não foi para o brejo, mas a sensação no comércio de gado no sertão alagoano, agora, é o bode. Tem até feira exclusiva, em Canapi, que agita a cidade e movimenta por semana cerca de 20 mil reais em negócios. O vereador Oscar Jeminiano, de Santana do Ipanema, é apontado como o maior comprador de bodes, caneiros e cabras no Sertão. Quarta-feira passada, ele gastou cinco mil reais e poderia gastar mais, se não escolhesse o produto com rigor. Alegria Oscar, eleito vereador quatro vezes, foi um dos primeiros a entrar no negócio. Ele apostou no mercado de gado de pequeno porte e hoje, embora recuse o título, é apontado como o maior comprador e vendedor da região. Tenho compradores certos, por isso sou exigente, examino o animal e só compro se estiver em boas condições, declarou, enquanto arrumava na carroceria do seu meio-caminhão trinta cabeças adquiridas de uma só vez. Todas já estavam vendidas a fazendeiros de Santana do Ipanema. Essa feira em Canapi é a alegria dos sertanejos, criadores de bode, que sabem que encontram negócio aqui. Isto antes era impossível porque o negócio mesmo era o boi e a vaca, definiu o vereador, que comprou um mini-caminhão para transportar o rebanho. Compensador Amparando os negócios estão os bancos do Brasil e do Nordeste, que abriram carteiras de créditos específicas para financiar a caprinocultura. Terça-feira vai haver um debate aqui em Canapi, e nós vamos estar presentes, porque entendemos que a caprinocultura é o futuro da região, salientou o vereador. Pelo menos, tem sido compensador, como ele mesmo admite. Na feira do bode o preço do animal em pé (vivo) é cotado por quilo, à razão de três reais e cinqüenta centavos. Para quem adquire o animal para abate, o lucro é de quase 100%, considerando o preço do quilo nos açougues em Maceió, que é de seis reais. Em Canapi é quatro reais, em Santana do Ipanema cinco reais o quilo, competindo com a carne de boi. Quem vive da compra e venda dos animais, como é o caso do vereador, só tem a festejar o boom. Mentalidade O bode já foi problema para os sertanejos era motivo de confusão por ser arredio e buscar alimentos desafiando os limites da cerca e dos roçados. O bode sobe até em telhado, se estiver com fome, diz João de Tenente, outro comprador de caprinos, que abastece Maceió. Semanalmente ele transporta entre dez e vinte cabeças que são entregues a compradores cativos na capital. Quando lhe perguntam se compensa pagar o frete de Canapi até Maceió, João de Tenente sorri. A gente ganha um pouquinho, dá para ir levando, dá para arranjar a bóia. O vereador Oscar Jeminiano explica que houve uma mudança de mentalidade entre os fazendeiros sertanejos. Essa mudança se deve aos ensinamentos proporcionados pelas dificuldades que os fazendeiros passaram a enfrentar com a bovinocultura. Para criar boi é necessário uma área de terra extensa; um boi exige quatro tarefas. Em quatro tarefas você pode criar cinqüenta cabeças de bode ou carneiro. Veja a diferença e a economia que o fazendeiro faz se optar pela caprinocultura. Além disso, tem o crédito facilitado, os bancos estão emprestando dinheiro para quem deseja criar bode, cabra ou carneiro, explicou Oscar.