Economia
Governo admite que 4% do Nordeste est� virando deserto

O Ministério do Meio Ambiente admite que 4% do território nordestino está virando deserto e outros 20% necessitam de obras de recuperação para deter a ameaça de desertificação. Considerando-se o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as famílias vivendo nessa região correspondem a 43,1%, o que é quase a metade da população nordestina. Utilizando-se o método adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU), para calcular os prejuízos econômicos causados pela desertificação (800 reais per capita), o valor das perdas ultrapassam os 600 milhões de dólares por ano. Embora o Raso da Catarina esteja localizado na Bahia, o Estado que mais perde com a desertificação é Pernambuco. Raso da Catarina Com cinco mil quilômetros quadrados, o Raso da Catarina é o maior deserto brasileiro. Está situado no oeste da Bahia, limitando-se ao norte com o Rio São Francisco, ao leste com a BR-110 (Sergipe), ao sul com a rodovia Jeremoabo-Canudos e a oeste com a BR-116, que cruza com a BR-316, no povoado do Peba, em Inajá-PE. A precipitação pluviométrica é de 400 milímetros por ano e dura entre dez e doze dias, por isso não existem riachos, nem rios perenes. Cortado por canions, o Raso da Catarina hoje é reserva nacional (pode-se visitá-lo acompanhado dos guias turísticos em Paulo Afonso-BA). ?São tabuleiros de terras rasas formadas por arenitos desagregados, com grande capacidade de drenagem, isto é, absorvem as águas da chuva com grande rapidez, deixando o solo permanentemente seco?, explicou o professor José Santino. As pesquisas realizadas no Raso da Catarina surpreenderam por revelar o habitat da arara-azul, ave rara e com histórico até então desconhecido. A arara faz o ninho nos paredões rochosos, protegidas a 80 metros de altura, e se alimentam do fruto do ouricuri, abundante na região. Há, ainda, sagüi, tamanduá, raposa, veado, onça e serpentes (jibóia, cascavel e jaracaca) que atingem mais de dois metros de comprimento. Quanto ao homem, apenas os caboclos descendentes dos índios Pancararé conseguem sobreviver no deserto.