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Nº 5759
Economia

Gasolina de Alagoas � a pior do Brasil

FERNANDO ARAÚJO Alagoas volta às manchetes negativas do País, desta vez liderando a venda de combustíveis adulterados, que danificam os motores dos veículos e causam grandes prejuízos fiscais aos cofres públicos. Testes de qualidade realizados no mês d

Por | Edição do dia 14/04/2002 - Matéria atualizada em 14/04/2002 às 00h00

FERNANDO ARAÚJO Alagoas volta às manchetes negativas do País, desta vez liderando a venda de combustíveis adulterados, que danificam os motores dos veículos e causam grandes prejuízos fiscais aos cofres públicos. Testes de qualidade realizados no mês de fevereiro pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) constaram que 37,3% da gasolina comercializada no Estado contém excesso de álcool, enquanto 7,7% do álcool hidratado está com excesso de água e 17,4% do óleo diesel também está fora da especificação, possivelmente por excesso de enxofre ou problemas de armazenamento. Especificação Como a gasolina responde por mais de 90% do consumo da frota alagoana, a venda desse combustível fora da especificação é o que mais preocupa a ANP e os proprietários dos veículos. Em Pernambuco, a situação é inversa: 23% do diesel é adulterado, 22% da gasolina contém excesso de álcool e apenas 6,8% do álcool contém água acima do limite legal. É o segundo Estado no ranking dos combustíveis fora de especificação. O Maranhão lidera a venda de álcool batizado – 63,2% desse combustível está com excesso de água – enquanto o Espírito Santo tem a melhor gasolina do Brasil: apenas 2,7% de todo o combustível comercializado no Estado está fora das especificações. No contexto nacional, os mercados que mais adulteram a gasolina são, pela ordem, Alagoas, Pernambuco, São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Paraná. No Brasil, mais de 10% da gasolina é adulterada. A diferença a favor dos alagoanos – se vale o consolo – é que aqui os testes realizados pela ANP confirmam que “40% das não-conformidades detectadas referem-se a uma adição de álcool fora dos limites especificados, via de regra em valores que não afetam sobremaneira a qualidade do combustível tendo, por outro lado, importantes implicações fiscais”. Nos Estados do Centro-Sul, sobretudo, a gasolina é adulterada com solventes, que fundem o motor do carro em menos de seis meses. Pela análise da ANP, o excesso de álcool na gasolina, e de água no álcool em Alagoas está em limites que não afetam os motores dos veículos, só o Fisco, devido à sonegação de impostos. Nesse item, os fabricantes de álcool no Estado somam na coluna dos vilões pela venda de álcool carburante direta aos postos distribuidores, para não pagar ICMS. Como um crime sempre está ligado a outro, a adulteração dos combustíveis anda de mãos dadas com a sonegação. O Programa de Monitoramento da ANP mostra um crescimento acentuado dos índices de adulteração de combustíveis no Estado em relação ao ano passado. De janeiro a dezembro de 2001 a agência registrou a média anual de adulteração de 28% da gasolina, 19,5% do álcool e 12% de óleo diesel batizados. Em janeiro de 2002, a média da pirataria foi de 22,5% na gasolina, 30,8% no álcool carburante e 16,7% no óleo diesel. Em fevereiro, o índice da gasolina batizada pulou para 37,3%, o diesel subiu para 17,4% e o álcool, inexplicavelmente, caiu para 7,7%. Monitoramento De janeiro a dezembro de 2001 o programa de Monitoramento da ANP realizou 438 testes de qualidade com a gasolina alagoana vendida nos cerca de 300 postos em todo o Estado, metade deles só em Maceió. Sendo também feitas 150 amostras do óleo diesel e 87 de álcool hidratado, ou carburante. O último monitoramento, realizado em fevereiro, realizou 67 amostras de gasolina, 23 testes com o óleo diesel e 13 com o álcool hidratado. Maceió, Rio Largo e Arapiraca são os três principais mercados fiscalizados pela Agência Nacional do Petróleo. Pelos números, cerca de 25% dos postos de combustível do Estado vendem combustíveis adulterados. A ANP também flagrou algumas distribuidoras botando água no feijão, ou melhor, no álcool, além de álcool na gasolina. O excesso de álcool anidro na gasolina provoca danos aos motores dos veículos: corrosão da bomba de combustível até a parte metálica do motor (anel de segmento, pistões, válvulas), bicos injetores (no caso de automóveis com injeção eletrônica). O estrago maior, no entanto, ocorre quando a gasolina é adulterada com solventes tipo silicone, óleo diesel, querosene e outros agentes químicos que fundem o motor do carro em menos de seis meses. Como dificilmente o governo irá acabar com a máfia dos combustíveis, a única maneira de reduzir os riscos da gasolina batizada é escolher um posto confiável, de empresa tradicional do ramo, e manter fidelidade no abastecimento. Nada garante que empresas tradicionais sejam exemplo de honestidade, mas recomenda-se fugir dos novos postos de gasolina sobretudo da periferia, geralmente operados por pequenas empresas que só conseguem sobreviver no mercado à base da adulteração. Também é bom estar alerta para as promoções de gasolina a preços bem abaixo do mercado. Via de regra, o combustível é batizado e a economia no preço pode sair muito caro.

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