No próximo dia 21, a maioria dos 29 mil alunos matriculados nos 102 cursos de graduação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) retomam às aulas e atividades presenciais. O Indicativo foi aprovado pelo Conselho Universitário (Consuni). Porém, a decisão do Consuni pode ser modificada se houver uma nova onda de contaminação provocada pelas variantes do coronavírus. Neste momento, os setores administrativos, centros acadêmicos e departamentos trabalham os esquemas de adequação de biossegurança para o retorno presencial. A data é estratégica porque setores da universidade temem uma nova onda da pandemia do coronavírus por conta das aglomerações que ocorreram no período de carnaval. “Se não houver problemas, voltaremos ao presencial dia 21”, disse, cautelosamente, o reitor Josealdo Tonholo. Em janeiro passado, quando a reitoria da Ufal planejou retomar as atividades presenciais das áreas administrativas, foi obrigada a retornar o trabalho online e home office por conta do surto que contaminou dezenas de funcionários e preocupou os gestores.
CALENDÁRIO
A retomada das aulas atende o calendário acadêmico do segundo semestre de 2021. O primeiro semestre do ano passado foi concluído. A expectativa é que em outubro, a Ufal iniciará o primeiro semestre letivo deste ano, que deverá ser concluído até meados ou final de janeiro. A Ufal foi a primeira instituição de ensino do estado a suspender as aulas presenciais a partir da constatação do agravamento da pandemia do coronavírus em março de 2020 e ficou fechada.
ORÇAMENTO
A outra preocupação que persiste é com o orçamento de capital, custeio e pessoal. A folha de pessoal praticamente não há interferência por não ser discricionário, vai direto para o pagamento dos servidores. A folha da Ufal está em R$820 milhões. Já os orçamentos de capital e custeio, que é a manutenção da autarquia federal, ficou em R$104 milhões. Se comparado ao orçamento do ano passado, que foi na ordem de R$102 milhões, houve um pequeno avanço. Apesar da verba discricionária está garantida, ela não “paga” os prejuízos, admite o reitor. Principalmente se levar em conta que a inflação do ano passado chegou a dois dígitos. Tonholo esperava um aumento de 10% em relação ao orçamento de manutenção do ano passado.
O reitor já sabe também que não conseguirá fechar o ano com este orçamento. Terá que fazer a rolagem da dívida pública da Ufal, que até 31 de dezembro passado estava R$23 milhões. Quando assumiu a gestão, a dívida era de R$19,6 milhões. O débito da rolagem corresponde ao pagamento de revisões judiciais contratuais de prestadores de serviços e fornecedores, geralmente são dívidas antigas e compõem o orçamento findo, além de débitos de fornecedores de luz, gás entre outros prestadores de serviços.
EQUIPAMENTOS E OBRAS
O orçamento de capital é um dos maiores problemas porque corresponde a equipamentos e obras. As obras em andamento estão dentro da previsão orçamentária. O maior problema são os equipamentos de informática da universidade. A maioria está vencida há mais de dez anos e os problemas começam a se refletir. Os setores administrativos enfrentam dificuldades de acesso à internet, porque a rede física completou uma década e neste período não houve investimentos nas redes lógicas das universidades brasileiras. O problema é nacional. O reitor Josealdo Tonholo confirmou a informação dos chefes de departamentos e de centros administrativos sobre o risco constante de apagões na rede de internet. “Cada vez que quebra um equipamento enfrentamos dificuldade em encontrar peças de reposição porque são peças com mais de 10 anos. Hoje é praticamente impossível manter um computador antigo, com mais de 12 anos”, disse. O reitor admitiu que não dispõe de recursos orçamentários para renovar o sistema. “Para renovar e atualizar somente a rede lógica, a Ufal precisa de R$17 milhões. Isto só para atender a instituição, os cursos de graduação, pós- graduação, garantir perenidades de internet e reduzir os riscos de apagões inclusive nas atividades operacionais cotidianas”. E para manter a atualização dos equipamentos de TI dos 102 cursos, tirando a parte lógica, seria preciso mais de R$12 milhões. Logo, a Ufal precisa de R$30 milhões para renovar o parque tecnológico e a curto prazo não há perspectivas para obter os recursos.