conflito
PROPRIETÁRIOS DE POSTOS RELATAM PREOCUPAÇÃO COM DESABASTECIMENTO

A guerra entre Ucrânia e Rússia, que começou duas semanas, tem levantado o receio de consumidores e donos de postos de combustíveis quanto às possibilidades de desabastecimento e aumento no preço do produto. Proprietários de alguns postos de combustíveis localizados em Alagoas relataram à Gazeta de Alagoas reflexos do conflito no repasse do produto para os consumidores, como a falta de gasolina e diesel dia sim, dia não, estoque de combustível ou ainda o aumento do valor para os clientes. O conflito entre os dois países europeus tem dificultado a importação de combustível para o Brasil, que utiliza 80% do mercado interno para repassar às distribuidoras e os outros 20% são provenientes do mercado externo. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Alagoas (Sindicombustíveis-AL), James Thorp Neto, a guerra entre os dois países elevou o preço do barril do petróleo. Por causa disso, as distribuidoras estão evitando comprar o produto internacional, em decorrência de o preço externo estar mais caro que o nacional. Isso porque a Petrobras não adotou, até o momento, o aumento do preço dos combustíveis para as distribuidoras. “Assim, a pouca quantidade de produto importado que está sendo comprada pelas distribuidoras já sente um reflexo do aumento dos valores, os quais, inclusive, já estão sendo repassados para os postos”, explica, que complementa: “De acordo com as informações que o setor recebeu, as distribuidoras só estão conseguindo realizar a compra com a Refinaria da Petrobras das cotas já pré-estabelecidas, sem a possibilidade de compra de cotas extras de produtos, o que impacta no preço do produto comercializado.” A distribuidora Ipiranga, por exemplo, já emitiu um comunicado informando aos postos de combustíveis sobre uma nova medida adotada para evitar o colapso da entrega do diesel para os consumidores. No informativo, a distribuidora afirmou que os pedidos feitos para o mesmo dia ou a antecipação de pedidos serão submetidos à análise, antes da liberação, já a partir dessa terça-feira (8). A medida, explica a distribuidora, ocorre por causa da necessidade de “buscar suprimento internacional no diesel no mês de março” e também em decorrência da disparada do preço do petróleo. “Reforçamos que já estamos priorizando o atendimento dos pedidos da Rede de Revendedores Ipiranga e Cliente Empresariais com contrato em todo o Brasil e que, para os postos Ipiranga que colocarem pedidos dentro da habitualidade de compra, trabalharemos de forma diligente para manter a normalidade no fornecimento”, conclui.
PREOCUPAÇÃO Jarlan Marques Cavalcante é proprietário de dois postos de combustíveis em Maceió. Ele afirma que as distribuidoras já estão encontrando mecanismos para desviar de uma possível crise de desabastecimento. Ele cita, por exemplo, que há pedidos de 10 mil litros de combustíveis, mas o que chega aos postos de sua propriedade é a metade do que foi solicitado. “A gente produz 80% do mercado interno e 20% é importado. O barril do petróleo aumentou demais e o governo está segurando o preço [dos combustíveis]. Isso inviabiliza trazer o material de fora, enquanto o Brasil com está vendendo por um preço menor que o valor internacional, porque os 20% do mercado externo já pesa”, cita, para justificar o motivo das distribuidoras estarem se abastecendo do mercado interno.
“Hoje não recebi S10. Só tenho estoque de ontem. Se não mandarem hoje, amanhã já não teremos para repassar ao consumidor. E o problema está com diesel e gasolina, mas o maior gargalo ultimamente está sendo o diesel”, relata o proprietário. Marcos Pinto, também proprietário de um posto de combustíveis, disse que até o momento não houve desabastecimento, mas, para isso, ele precisou fazer estoque dos produtos. “Devido à previsão de aumento divulgado no noticiário, aumentei meu estoque. Mas estou preocupado daqui para frente, que está tendo restrição de produto. O meu estoque do momento dá para três dias”, expõe.