Pandemia
PIB DE ALAGOAS DEVE TER A MAIOR RETRAÇÃO DO PAÍS, DIZ CONSULTORIA
A estimativa é que o Produto Interno Bruto do Estado caia 1,4% durante a pandemia de Covid-19


O Produto Interno Bruto (PIB) de Alagoas deve ter o maior recuo do Brasil no período de pandemia, segundo projeções da consultoria MB Associados, que leva em conta os dados de 2020 a 2022, na comparação com 2019. A estimativa é que o PIB do Estado caia 1,4%. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, aponta que as restrições geradas pela Covid-19 prejudicaram estados com grande peso de serviços presenciais. Membros do Nordeste fazem parte dessa lista. Na região, lembra o economista, o auxílio emergencial mitigou danos iniciais da pandemia. Mas, com o fim do benefício social e a escalada da inflação no país, a recuperação do consumo tende a ficar mais complicada, conclui. "A inflação está corroendo o poder de compra da população. Isso afeta estados com renda mais baixa", diz Vale. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o setor de serviços em Alagoas apresentou uma queda de 16,1% no ano de 2020, o primeiro da pandemia. Essa queda acumulada de 16,1% observada para Alagoas representa a queda mais intensa para o estado na série histórica iniciada em 2012. O IBGE aponta também que Alagoas registrou uma taxa média de desocupação de 14,5% no último trimestre de 2021, o que representa a quarta maior taxa de desocupação do país no período.Já a taxa média anual de desemprego foi de 17,8% em 2021. Segundo a consultoria, Mato Grosso do Sul (4,9%), Tocantins (4,7%) e Goiás (4,5%) tendem a apresentar as altas mais intensas do PIB no acumulado de 2020 a 2022, na comparação com 2019, o ano anterior à crise sanitária. Em seguida, aparecem Pará e Espírito Santo, com estimativas de crescimento de 4% e 3,9%, respectivamente, no acumulado de 2020 a 2022. "O Pará tem o impacto da atividade extrativa", aponta Vale. "O Espírito Santo conta com uma base forte de celulose. Também há o efeito da valorização das commodities", completa. Os dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre o PIB dos estados são referentes a 2019. A MB busca estimar o desempenho com a pandemia em curso nos anos seguintes. No caso do PIB nacional, os resultados já conhecidos vão até 2021. Conforme o IBGE, o indicador despencou 3,9% no país em 2020. Após a queda no ano inicial da pandemia, houve alta de 4,6% em 2021. Em 2022, a MB projeta uma estagnação do PIB nacional. Ou seja, a expectativa é de variação nula, de 0%. Assim, pelos cálculos da consultoria, o indicador deve acumular um leve avanço de 0,5% entre 2020 e 2022, frente a 2019. "Crescer 0,5% em três anos é quase nada. O cenário de 2022 é de uma economia ainda fraca no país. Isso vai impedir que os estados também tenham uma recuperação mais vigorosa", diz Vale. No acumulado de 2020 a 2022, 15 unidades da Federação -14 estados e o Distrito Federal- devem registrar variação superior à do PIB brasileiro, segundo a MB. Em São Paulo, maior economia estadual, o crescimento estimado no período é de 1,3%. De acordo com as previsões, três unidades da federação devem repetir o leve avanço de 0,5% do indicador brasileiro. São as seguintes: Roraima, Piauí e Paraíba. Por fim, nove estados tendem a ficar abaixo do PIB nacional no acumulado de 2020 a 2022. Desses nove, quatro devem apresentar recuo no indicador, sinaliza a consultoria. Alagoas lidera a queda com recuo de 1,4%, seguido de Acre (-0,9%), Ceará (-0,7%) e Bahia (-0,2%). Em 2022, previsão é de 14 UFs acima do Brasil No recorte específico do ano de 2022, 14 unidades da Federação devem ter PIB com desempenho superior ao do Brasil, indica a MB. A maior alta prevista é para o Tocantins, de 1,7%, após projeções de recuo de 1,6% em 2020 e de avanço de 4,6% em 2021. Na sequência, aparecem Mato Grosso do Sul e Goiás. Em ambos os casos, o crescimento esperado em 2022 é de 1,4%. Nove estados tendem a registrar variação nula neste ano, a exemplo do país. Outros quatro devem apresentar leves taxas negativas: Acre (-0,3%), Amazonas (-0,2%), Bahia (-0,2%) e Amapá (-0,1%). Economistas avaliam que o cenário macroeconômico reúne uma série de riscos em 2022. A inflação alta vem forçando aumento nos juros, o que dificulta o consumo e os investimentos produtivos de empresas. Além disso, há incertezas sobre a corrida eleitoral e preocupação com os desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Um dos temores relacionados ao conflito no Leste Europeu é o da escassez de fertilizantes, que afetaria a agropecuária, devido à dependência brasileira das importações do produto.