Quitéria cortou o iogurte, Marlene trocou óleo por banha de porco. A alta no preço dos alimentos tem afetado os hábitos alimentares dos alagoanos, como as três vizinhas citadas no começo desta reportagem. A carestia tem obrigado os consumidores a tirarem alguns produtos do carrinho de compras ou substituí-los por marcas mais baratas.
Quitéria Santos tem 45 anos e mora no Barro Duro, em Maceió, com o esposo e uma filha adolescente. Na casa, apenas o marido trabalha. Ela conta que os aumentos nos preços dos alimentos são perceptíveis. “Faço feira a cada quinze dias, é inacreditável como sempre aumenta cerca de R$10”, detalha. Ele explica que, com isso, tem se reservado a comprar apenas o básico. “Não temos mais luxo, nada de danone, granola. A gente chama luxo, mas é uma coisa tão comum que a gente não pode mais comprar”, desabafa.
Já Marlene Oliveira tem 23 anos e ganha salário mínimo. Ela mora no Clima Bom com o filho de seis anos de idade e o marido de 23, que também ganha salário mínimo. Ela diz que não consegue fechar as contas do mês se não fizer substituições. Ela cita o óleo de soja como exemplo, que chega aos R$ 10 facilmente. “Troquei o óleo por banha de porco, é mais barato e rende mais”, argumenta.
Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) apontam que a cesta com os 35 produtos de largo consumo como alimentos, bebidas, carnes, produtos de limpeza, itens de higiene e beleza acumula alta no primeiro trimestre deste ano.
A entidade diz que o aumento se deve à pressão inflacionária puxada pelo repasse dos custos de produção na cadeia de alimentos.
Especialmente pelo aumento do preço do óleo diesel, que impacta o frete na logística dos produtos.
Em março, a cesta registrou alta de 2,40% e passou de R$ 719,06 em fevereiro para R$ 736,34 em março. Em 12 meses, a alta foi de 15,45%.
Os alimentos mais impactados pelo aumento foram o tomate (27,22%), a cebola (10,55%), o leite longa vida (9,34%), o óleo de soja (8,99%) e o ovo (7,08%). As maiores quedas foram registradas nos preços do pernil (-0,51%), do açúcar refinado (-0,13%) e da carne (-0,07%).