Economia
Lula poupa Copom e critica juros do com�rcio

Após o Banco Central elevar a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic) acima das previsões do mercado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só comentou as dificuldades de crédito para o consumidor. Nos bastidores políticos, comenta-se que Lula ficou contrariado com a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) anunciada ontem de elevar os juros de 16,25% para 16,75% ao ano. Até mesmo analistas de mercado esperavam um aumento menor, de 0,25 ponto percentual. Em público, entretanto, Lula poupou os diretores do BC de críticas. O presidente optou por atacar as altas taxas de juros cobradas por instituições financeiras e empresas de varejo dos consumidores. Ele também destacou os acordos com bancos para fornecimento de linhas de crédito com juros mais baixos. O presidente falou da necessidade de atrair investimentos e de atender os requisitos necessários para consegui-los. Segundo Lula, o país precisa oferecer mercado consumidor e mão-de-obra qualificada. ?Apenas a cara do presidente não resolve?, disse. Palocci O ministro Antonio Palocci (Fazenda) defendeu a decisão do Copom de aumentar a taxa básica de juros e disse que o governo confia nas avaliações da diretoria do Banco Central. Polêmica, a decisão de elevar os juros em 0,5 ponto percentual, anunciada na noite de terça, foi cercada de ruído político. Palocci, entretanto, respaldou a diretoria do BC. ?Nós confiamos integralmente nas avaliações do Copom. As atas do Banco Central têm sido muito transparentes?, disse. A manifestação de apoio de Palocci ocorre em um momento em que o próprio mercado financeiro já começava a operar levando em consideração possíveis ingerências políticas do governo Lula sobre o BC. Na última terça-feira, chegaram a circular boatos de que o presidente do BC, Henrique Meirelles, teria ameaçado deixar o cargo como forma de reação a essas pressões. A renúncia de Meirelles foi desmentida pela assessoria de imprensa do BC no mesmo dia, o que não evitou uma valorização do dólar e a queda da Bovespa.