Economia
Ind�stria tem o melhor resultado em 18 anos

A indústria brasileira confirmou as projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e fechou o ano com o melhor desempenho desde 1986. A produção industrial cresceu 8,3% em 2004. A produção industrial brasileira vem crescendo desde 2000, mas com taxas modestas. Segundo o IBGE, o saldo de 2000 a 2004 chega a 20,6%. Da última vez que a indústria engatou um ciclo de crescimento, de 1993 a 1997, o saldo foi de 22,3%. No ano passado, os setores de bens de consumo duráveis (geladeiras, fogões e automóveis) e de bens de capital (máquinas e equipamentos) lideraram a expansão da indústria. O primeiro acumulou crescimento de 21,8% e o segundo, de 19,7%. Segundo o chefe da Coordenação da Indústria, Silvio Sales, o desempenho da indústria em 2004 foi positivo e alcançou um grande número de setores e segmentos, mas ficou sujeito a mudanças nos últimos meses do ano. O quadro que se apresenta na indústria no último trimestre foi de uma aceleração muito mais discreta do que nos trimestres anteriores e de uma maior participação dos setores voltados para o mercado interno, disse. Segundo Sales, a expansão da indústria em 2004 foi motivada pela alta das exportações e pelo aumento do crédito. Para 2005, com o fim do ciclo de endividamento dos consumidores, a tendência é que a liderança na expansão da indústria passe a ser mais exercida pelos bens de consumo não-duráveis. Isto porque o consumidor tem um limite de endividamento e quando atinge este patamar passa a focar as compras em produtos de menor custo, como alimentos, vestuário e medicamentos. No acumulado do ano, houve crescimento mais moderado no setor de bens intermediários (insumos para a indústria, como combustíveis), de 7,4%. A única exceção nesta categoria é a queda de 3,8% observada em combustíveis e lubrificantes básicos, como petróleo e gás natural. Esse foi o primeiro resultado negativo desta atividade desde o início da série histórica do IBGE, em 1992. O fraco desempenho foi causado pelas paradas para manutenção realizadas pela Petrobras e pelo atraso na entrega de plataformas. A atividade representa 30% da indústria do Rio de Janeiro. Já os bens de consumo semiduráveis e não duráveis (como alimentos e roupas) tiveram variação positiva de 4%. Apesar de apresentar uma taxa de crescimento mais modesta, o setor atingiu a melhor marca desde 1996. O IBGE atribui a taxa de crescimento à recuperação da massa salarial, influenciada pelo aumento no número de pessoas ocupadas. O aumento na produção de bens de consumo duráveis foi avaliado como sinônimo de retomada do crescimento econômico. Já o aumento na produção de bens de capital foi entendido como sinal de investimentos na própria indústria para superar problemas estruturais como a capacidade instalada no limite. Das 27 atividades pesquisadas pelo IBGE, 26 encerraram o ano com desempenho positivo. Os destaques foram veículos automotores (29,9%) e máquinas e equipamentos (16,1%). A única exceção foi edição e impressão, que registrou queda de 2,4%.