Economia
Pre�os compensaram perdas de produ��o

PATRYCIA MONTEIRO A safra 2004/2005 não baterá recorde de produção como a anterior. Pelo contrário, fechará com redução de volume de matéria-prima da ordem de 9,7%. Diante desse dado, pode-se concluir que o mais recente ciclo produtivo do setor sucroalcooleiro fechou no prejuízo? Longe disso. Mesmo com uma quantidade de cana-de-açúcar inferior serão 26 milhões de toneladas nesta safra contra 28,78 milhões registrados na de 2003/2004 os empresários da agroindústria alagoana fecharão seu faturamento com incremento nominal de 17%, totalizando R$ 2 bilhões em vendas. Segundo o empresário José Ribeiro Toledo Filho, diretor da Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas (Coopertrading), a queda na produção agrícola em 2004/2005 foi compensada pelo reajuste médio de preços de álcool e de açúcar no mercado externo. Melhores preços Os preços praticados nesta safra foram melhores do que os do no ano passado, explica Toledo, que já foi presidente do extinto Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Felizmente, a maior parte das operações de exportações foi realizada antes da queda da cotação do dólar, com uma taxa de câmbio de R$ 2,91. Para a próxima safra, estimamos uma taxa de R$ 2,70, reflete. Segundo o empresário, os preços nominais tiveram reajuste médio de 32%, mas a valorização real de preços ficou em torno de 23%. Na prática, houve uma perda de 3% que foi compensada com um ganho de receita de 23% sobre o resultado do ano anterior. Considerando os preços dos mercados interno e externo, o resultado geral do faturamento da safra 2004/2005 ficou 17% acima da safra de 2003/2004. Ou seja de R$ 1,71 bilhão em 2003/2004, a safra recente vai fechar em R$ 2 bilhões em valores brutos e em R$ 1,87 bilhão, em valores líquidos, afirma. Clima De acordo com José Ribeiro Toledo Filho, a redução observada na produção de cana-de-açúcar se deve às adversas condição climáticas de outubro de 2004 a fevereiro de 2005 não houve chuva no Estado que castigaram os canaviais alagoanos. Por isso, a maioria das usinas, cerca 90% delas, está encerrando suas atividades no mês de fevereiro, antecipando em um mês o final da safra 2004/2005. Outro reflexo dessa queda é que, nesta safra, a produção de açúcar e de álcool também foi reduzida, diz o empresário, mencionando que serão 2,390 milhões de toneladas no final da safra 2004/2005 contra os 2,443 milhões (2003/2004) uma diminuição de 2,1%. O álcool, por sua vez, fechará com um volume de produção de 663 milhões de litros 5,7% menor do que em 2003/2004, quando encerrou o ciclo agroindustrial com 703 milhões de litros do produto. Por outro lado, houve um ganho de produtividade industrial, em termos de qualidade de 6,3%, diz Toledo, mencionando que as razões disso é que a seca promoveu uma concentração maior de sacarose na cana-de-açúcar. Mas se os bons resultados de 2004/2005 merecem ser celebrados, os de 2005/2006 deixam os empresários alagoanos um tanto apreensivos. Pois graças à variação cambial iniciada em janeiro, que tem mantido o dólar com uma cotação média de R$ 2,60, é possível que os empreendedores da agroindústria observem uma redução nas suas margens de lucro. Mas estamos prevendo uma reversão no cenário do câmbio, a partir do segundo semestre. Acreditamos que a equipe do Banco Central (BC) deve promover uma redução na taxa básica de juros, para evitar que os exportadores brasileiros percam competitividade, afirma, mencionando a tendência do mercado que reage à alta dos juros, aumentando a oferta de dólares, o que faz a cotação da moeda americana despencar.