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Nº 5900
Economia O dólar teve forte alta de 1,74% e fechou cotado a R$ 5,154 nesta terça-feira (3)

DÓLAR CHEGA A R$ 5,15ATINGE O MAIOR VALOR DESDE MARÇO

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Por Folhapress | Edição do dia 04/10/2023 - Matéria atualizada em 04/10/2023 às 04h00

São Paulo, SP – O dólar teve forte alta de 1,74% e fechou cotado a R$ 5,154 nesta terça-feira (3), em seu maior valor desde março, impulsionado pela persistência das apostas sobre juros mais altos por mais tempo nos Estados Unidos. Os rendimentos dos títulos americanos registraram novo avanço, após a divulgação de dados fortes de emprego no país, e deram força à divisa.

Já os ativos de risco globais foram penalizados pela escalada dos títulos, e a Bolsa brasileira terminou o dia em queda significativa. Nesta terça, o Ibovespa recuou 1,42%, aos 113.419 pontos.

Os rendimentos dos títulos americanos de longo prazo, os chamados “treasuries”, vêm escalando nas últimas semanas, desde que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) sinalizou, no fim de setembro, que pode promover uma nova alta de juros nos EUA ainda em 2023.

Nesta terça, os rendimentos dos treasuries registraram mais uma forte alta: subiram de 4,68% para 4,79%, em seus maiores valores desde 2007.

Como pano de fundo, o Departamento do Trabalho americano divulgou nesta manhã que as vagas de emprego em aberto nos EUA aumentaram em agosto, apontando para um mercado de trabalho aquecido e reforçando apostas de que o Fed pode aumentar os juros em sua próxima reunião, marcada para novembro.

“Os dados fortes de aberturas de vagas nos EUA publicados hoje desencadearam mais um dia movimentado nos mercados ao redor do globo. A interpretação é que a economia americana continua mostrando robustez e que mais um aumento dos juros deve ser inevitável”, afirma Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad.

Quanto mais altos os juros nos EUA, mais o dólar tende a se valorizar globalmente, já que as taxas aumentam a atratividade da renda fixa americana, que é mais segura e torna-se preferida pelos investidores, como explica Elcio Cardozo, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.

“Enquanto esse movimento de alta nos juros futuros americanos perdurar, é bem provável que o dólar continue se valorizando frente a outras moedas, porque o investidor global prefere investir em economias mais resilientes. Apesar de a renda fixa no Brasil, historicamente, pagar mais, esses níveis de rentabilidade para ativos livres de risco são uma raridade”, diz Cardozo.

A economista Cristiane Quartaroli, do Banco Ourinvest, aponta que outras moedas emergentes também estão sendo penalizadas nesta terça, o que reforça a tese de que ganho global de força da divisa americana.

“É um comportamento de força do dólar. Os dados de mercado de trabalho sugerem que haverá reflexo da atividade econômica na inflação americana, resultando em mais um dia de alta nos juros dos treasuries. O que tem acontecido no câmbio nos últimos dias é justamente fluxo de dólar saindo do Brasil e indo para os Estados Unidos, com a perspectiva de juros maiores por lá”, diz Quartaroli.

Nesta terça, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas fortes, subiu 0,10%, em linha com os rendimentos dos títulos americanos. O indicador também vem escalando nos últimos dias e atingiu seu maior nível desde novembro do ano passado.

Desde 19 de setembro, um dia antes de o Fed sinalizar uma possível nova alta de juros, o dólar acumula alta de 5,77% em relação ao real.

Já os ativos de risco globais estão sendo penalizados pela escalada dos treasuries, e os índices de ações americanos terminaram o dia em forte queda. O S&P 500, o Dow Jones e o Nasdaq recuaram 1,41%, 1,29% e 1,87%, respectivamente.

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