Ufal lan�a quatro novas variedades de cana

PATRYCIA MONTEIRO O departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) vai lançar mais quatro variedades de cana-de-açúcar no mercado até agosto deste ano. As novas Repúblicas Brasileiras, ou RBs – como são conhecidas – começaram a ser desenvolvidas desde 1993 e aguardam apenas registro do Ministério da Agricultura para serem cultivadas nos canaviais de Alagoas e de todo o País. Foram doze anos de pesquisa no qual os especialistas alagoanos buscaram variedades que fossem mais resistentes à estiagem prolongada, a fungos e a doenças, como carvão, ferrugem e amarelinho. As novas RBs também foram desenvolvidas para não apresentar florescimento precoce, como aconteceu no ano passado – após uma grande sucessão de chuvas – que reduz o teor de sacarose da planta. Outra vantagem das variedades de cana que serão lançadas no mercado em breve é que elas têm boa concentração de açúcar. “O tempo da pesquisa está relacionado também ao tempo de maturação da cana que é anual”, explica o professor Geraldo Veríssimo, coordenador do núcleo de estudos de melhoramento genético da Ufal. “Primeiro selecionamos 120 mil plantas, depois fizemos nova seleção até ficar com 4 mil. Em cinco anos analisamos a produtividade das variedades, testando o desempenho delas em várias regiões do Estado, em solos planos e irregulares”, explica. Tanto empenho não é à toa. Com variedades de cana mais resistentes ao clima adverso nordestino, caracterizado pela inconstância de chuvas, e que mantenham boa concentração de açúcar, as usinas têm conseguido manter altos níveis de produtividade industrial mesmo com uma produção menor de matéria-prima como aconteceu nesta safra que foi 9,7% menor do que a de 2003/2004. E que ninguém duvide do sucesso das RBs alagoanas no mercado brasileiro. Pois, desde 1972, a RB 72454 permanece como a variedade mais plantada no mundo porque é a mais cultivada nos canaviais de São Paulo – os maiores existentes. O núcleo de estudos de melhoramento genético da Ufal já conseguiu produzir 55 variedades de cana utilizadas comercialmente no País. Esse trabalho de pesquisa reconhecido nacionalmente é custeado por 23 usinas do Estado que fazem parte da Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e de Álcool de Alagoas (Coopertrading) e do Sindicato dos Produtores de Açúcar e de Álcool de Alagoas (Sindaçúcar). Anualmente, é destinado R$ 1 milhão para aquisição de equipamentos e insumos para a Ufal. A equipe é formada por 30 pesquisadores, entre técnicos agrícolas, estudantes e acadêmicos. As usinas que não fazem parte do convênio fazem aquisição das variedades e 40% da renda obtida com royalties é reinvestida no projeto.