Economia
Valor da m�o de milho deve passar de R$ 10

VITÓRIA ALCÂNTARA O produtor de milho da região Agreste do Estado, Claudionor Izidoro Alves, confirma que em 2004 o lucro foi reduzido, mas salienta que em contrapartida a produtividade de alguns agricultores aumentou. A média dos produtores da região do Agreste é de 90 sacas por hectare, mas alguns conseguiram chegar a 115 sacas por hectare, conta. Para Izidoro, a perspectiva para este ano, se chover no tempo certo, é muito boa. No sul do País a seca prejudicou a safrinha. Os produtores do Mato Grosso estão desestimulados por causa da safra de 2004, que foi tão grande que o governo do Estado teve de subsidiar o frete para outros estados e assim escoar a produção. Estou cauteloso apenas com relação à chuva, afirma. O presidente da Associação dos Avicultores e Suinocultores de Alagoas (Avisal) - uma das maiores consumidoras de milho do Estado - Klésio José dos Santos, afirma que em 2004 produtores e consumidores se uniram para manter o preço do milho no valor mínimo estipulado pelo protocolo de intenções. Mas, segundo ele, alguns consumidores alagoanos preferiram comprar o milho produzido no Mato Grosso, Goiás e Bahia. Teve gente que mesmo pagando frete ainda conseguiu comprar a saca a R$15, R$ 16, afirma. Segundo Santos, para alguns avicultores ficou inviável colocar no mercado um frango competitivo comprando a saca de milho a R$ 23. O presidente da Avisal confirmou para esta semana apesar de ainda não ter uma data específica - a reunião entre produtores e consumidores para definir o valor mínimo da saca de milho para a safra 2005. Mas a preocupação atual do setor ainda é a falta de chuva na região Agreste. Há muitos anos que não via passar o dia de São José (19 de março) sem chover, diz fazendo referência à data mais esperada pelos agricultores nordestinos para iniciar o cultivo das lavouras. Milho verde O alagoano que deseja saborear um milho cozido nas festas juninas ou espera ansiosamente pela canjica ou pamonha já deve ir preparando o bolso. De acordo com o diretor de Extensão Rural e Desenvolvimento Agropecuário da Secretaria Executiva de Agricultura, Hibernon Cavalcante, se não chover até 15 de abril em Alagoas está difícil ter milho verde no São João. Para Cavalcante, a solução será o milho produzido em algumas áreas irrigadas do Estado. Acredito que será um excelente negócio para quem planta em área irrigada. Arrisco dizer que estes produtores vão ganhar muito dinheiro no São João, quando a mão de milho (50 espigas) deve passar dos R$ 10. Ele explica que a escassez de chuva tanto em Alagoas como em outros estados brasileiros pode fazer com que a receita de quem produz milho com irrigação praticamente dobre. Normalmente a receita é R$ 2,5 mil, R$ 3 mil estourando. Se continuar sem chover pode chegar a R$ 5 mil. O milho produzido no Estado se destina sobretudo à alimentação animal e à fabricação de fubá. Cavalcante acredita que se o grão fosse utilizado para outras formas de consumo e tivesse uma procura durante todo o ano, a safra alagoana poderia ser cada vez maior. Ao contrário de outras regiões do Brasil, em que o milho é consumido durante todo o ano na forma de polenta, pamonha e sorvete, por exemplo, nos estados do Nordeste o consumo se restringe a um único período do ano que é durante o São João, destaca.