Economia
Lula diz que economia surpreender�

EPAMINONDAS NETO Folha Online O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o crescimento da economia brasileira neste ano vai surpreender outra vez. A afirmação ocorre um dia após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgar que o PIB cresceu apenas 0,3% no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses de 2004. Foi a menor taxa de crescimento em quase dois anos. Ontem mesmo, vários setores da economia, como a construção civil, revisaram suas estimativas de crescimento para 2005. O governo, entretanto, ainda acredita em uma forte expansão do PIB. O ministro José Dirceu (Casa Civil), por exemplo, afirmou que a economia vai crescer mais de 4%. Lula não fez uma previsão, mas prometeu surpresas. Como eu não sou economista, não sou especialista, eu vou dizer o seguinte: Este ano a gente vai surpreender outra vez. No ano passado, nós tivemos uma bela surpresa e este ano vai ter outra bela surpresa, afirmou o presidente durante a abertura do Salão de Turismo em São Paulo. É verdade que houve uma retração? É verdade. Mas nós estamos crescendo há oito trimestres consecutivos, uma coisa que não acontecia há dez anos no Brasil. No ano passado, a economia brasileira cresceu 4,9%, um índice que superou as estimativas de analistas de mercado e do próprio governo. Inflação O presidente também afirmou que não vai deixar a inflação voltar a subir. Alguns não perdem com a inflação. A Caixa Econômica Federal não perde. A prefeitura não perde. A receita do Estado não perde. Aliás, muitos gostariam de ter de volta a inflação. Só o povo que vive de salário não ganha com a inflação. Não ter inflação já é a garantia de um aumento de salário para essa gente, disse o presidente. Lula se referia às pressões de empresários, sindicalistas e até de políticos aliados ao governo para que o Banco Central reduza a taxa de juros básica da economia brasileira (Selic). O BC elevou os juros nos últimos nove meses, para o patamar atual de 19,75% ao ano. A medida visa combater a inflação. Por outro lado, foi apontada por economistas, empresários e políticos ontem como a responsável pelo resultado decepcionante do PIB. Lula afirmou que é a primeira vez na história da economia brasileira que a gente tem saldo de conta corrente sem recessão. Porque no Brasil era assim: Vamos exportar, vamos. Mas mata o mercado interno. Além de defender o combate à inflação, o presidente também reafirmou o compromisso com o ajuste fiscal do governo. Neste ano, o setor público deve economizar 4,25% do PIB (ou mais de R$ 70 bilhões) para o pagamento de juros da dívida.