Economia
Bolsa reage mal � indica��o de Rondeau

IVONE PORTES Folha Online A indicação de Silas Rondeau para o Ministério de Minas e Energia desagradou o mercado, o que pode ser sentido no desempenho das ações do setor de energia elétrica. Das dez ações com as maiores quedas no Ibovespa principal índice da Bolsa paulista composto por 55 ações , sete eram de elétricas ontem à tarde. Às 16h08, o papel ordinário da Light caía 8,35%, seguido pelo ordinário da Tractebel, com perdas de 5,71%. Estavam ainda entre as quedas mais expressivas do Ibovespa Eletrobrás PNB (-4,21%), Cemig ON (-4,05%), Eletrobrás ON (-4,05%), Cesp PN (-3,24%) e Transmissão Paulista PN (-3,23%). A Bovespa registrava baixa de 0,94%. Para Rafael Quintanilha, analista da corretora Ágora Senior, o que mais preocupa o mercado é o fato de Rondeau ter assumido o ministério por indicação política do senador José Sarney (PMDB-AP). Embora Rondeau tenha um perfil técnico, segundo analistas, há um temor no mercado de que ele se utilize de manobras políticas para a indicação de projetos. Na avaliação de Quintanilha, a entrada do novo ministro gera apreensão em relação aos próximos passos do novo modelo de energia. O analista citou o leilão de energia nova (de usinas que ainda devem ser construídas) previsto para acontecer no último trimestre do ano. A expectativa é se eles serão bem sucedidos, pois vão definir a capacidade de crescimento e de geração de energia nova, disse. O leilão de energia velha (de usinas já existentes), ocorrido no primeiro semestre deste ano, foi considerado um fracasso. Os preços fixados foram considerados inviáveis pelas geradoras, que não quiseram vender a energia. Há um temor de que a história se repita no leilão de energia nova. Perfil Engenheiro eletricista, o novo ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau Cavalcante Silva, fez carreira no setor elétrico atuando na região Norte. Ele presidiu as distribuidoras de energia de Manaus e do Amazonas e a Eletronorte (geradora do Norte do país que faz parte do sistema Eletrobrás), antes de assumir em maio do ano passado a presidência da Eletrobrás. Graduado pela Universidade Federal de Pernambuco, especializou-se em Engenharia de Linhas de Transmissão pela UFRJ, tendo ainda MBA Executivo Internacional e de Finanças, além de cursos de avaliação de empresas e sobre competências em gestão. A indicação de Rondeau para a Eletronorte em 2003 foi uma alternativa a José Antônio Muniz Lopes, preferido pelo senador José Sarney para o cargo na época, mas que encontrou a resistência do governador do Acre, Jorge Viana (PT). De um técnico que contava com a simpatia do grupo político ligado a Sarney, Silas Rondeau passou a ser o principal nome do senador para indicações no setor elétrico.