Economia
Portos podem ter colapso em 2008

O Brasil corre o risco de sofrer um colapso logístico em um prazo de três anos, caso não seja aumentada a capacidade de movimentação de grãos nos portos do País, afirmou em um seminário o diretor-presidente da empresa líder no mercado de armazenagem na América Latina. Se nós não resolvermos esse problema portuário até 2008, o Brasil vai ter o chamado efeito pororoca, declarou Othon dEça Cals Abreu, diretor-presidente da Kepler Weber, exemplificando o problema com alusão à grande onda formada na foz do Rio Amazonas em algumas épocas do ano. Ou seja, o grão vai bater no porto, voltar para o campo e apodrecer, isso em um País em que se passa fome, concluiu Abreu, ao falar para uma platéia de empresários no 3º fórum promovido pela Associação Brasileira de Agribusiness (Abag). A ampliação da capacidade de escoamento dos portos é considerada fundamental por especialistas para o bom desempenho das exportações brasileiras, na medida em que atrasos no carregamento encarecem o produto e diminuem as margens do agricultor. Atualmente, o custo da logística no Brasil representa 16% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto em outros países não chega a 10%, afirmou Paulo Manoel Protasio, presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (ANUT). Uma situação emblemática da baixa capacidade de escoamento nos portos são os congestionamentos de caminhões que se formam nas estradas e áreas portuárias do País na época da safra. Já este ano, se não tivéssemos a quebra de safra, teríamos tido um colapso, acrescentou Abreu, em entrevista a jornalistas após a palestra. A capacidade estática instalada para embarque de grãos nos portos é de 5,8 milhões de toneladas, ou 40,6 milhões de toneladas (capacidade dinâmica), considerando sete tombos ao ano, segundo o executivo da Kepler Weber. Comparando com as exportações de 56 milhões de toneladas de grãos em 2004, hoje temos um déficit de 15,4 milhões de toneladas no gargalo logístico, afirmou Abreu. Segundo o diretor-presidente da Kepler, além de zerar o atual déficit de escoamento de grãos, o País teria de ampliar em 560 mil toneladas ao ano a capacidade estática nos portos, para atender a demanda de crescimento.