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Petrobras aluga plataformas a US$ 2 bi

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| JULIANA RANGEL O Globo Nos últimos dois anos, a Petrobras anunciou o aluguel de pelo menos cinco plataformas no valor de US$ 2,881 bilhões. O montante não engloba o pagamento pelo uso dos navios, que pode chegar a US$ 180 mil por dia para cada unidade. A decisão já está incomodando entidades de trabalhadores do Rio, que defendem que as obras poderiam ser feitas no Brasil. Todos esses negócios foram fechados com empresas estrangeiras, com a exigência de um conteúdo local de 7% na fase de construção e de 80% na etapa de operação, segundo a Petrobras. Por e-mail, a estatal alega que não pode exigir que unidades afretadas sejam construídas no Brasil. “Nos contratos de afretamento cabe à empresa contratada a decisão quanto ao local mais adequado para a construção da unidade em função do prazo contratual definido pela Petrobras para a produção do primeiro óleo. Assim, a estratégia de construção é de responsabilidade exclusiva da contratada não cabendo qualquer ingerência por parte da Petrobras”, informa. Nos cálculos do presidente do Fórum do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Naval do Rio de Janeiro, Luiz Chaves, o País deixa de gerar 10 mil empregos diretos com a decisão. “São plataformas importantes e que poderiam estar criando empregos no Brasil. Há um descontentamento muito grande dos metalúrgicos do Rio, sem contar a insatisfação dos petroleiros e marítimos que deixam de ser empregados porque essas plataformas usam mão-de-obra estrangeira na fase de operação. Não se pode ignorar um parque já montado e com mão-de-obra especializada, embora haja necessidade de algum investimento. Temos recursos do BNDES e todas as condições para fazer essas obras aqui”, afirmou Chaves. O Fórum discutirá os afretamentos na próxima quinta-feira, quando também vai debater soluções para a refinaria de Manguinhos e a inclusão da estatal Nuclep como habilitada para a construção de 42 navios petroleiros que serão encomendados pela Transpetro, no valor de US$ 1,9 bilhão. O superintendente-adjunto da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip), Oswaldo Pedrosa, é cauteloso em sua avaliação sobre os afretamentos. Segundo ele, em alguns casos este tipo de contratação é aceitável, embora não possa tornar-se uma regra. Ele lembra que recentemente a Petrobras anunciou a encomenda de diversas plataformas no Brasil, como P-51, P-52, PRA-1, P-53 e P-54, sem contar a contratação dos 42 navios petroleiros pela Transpetro. “Não há como negar que a Petrobras esteja contemplando a indústria nacional”, diz. No campo de Golfinho, por exemplo, a Petrobras afretou um navio para produção, armazenagem e transferência de petróleo de US$ 560 milhões à empresa Single Buoy Mooring, de Mônaco, e outro de US$ 600 milhões à italiana Saipem. A justificativa é a urgência para a aceleração da produção, já que o campo de Golfinho conta com óleo de excelente qualidade, entre 28º e 40º graus API. Quanto mais próximo for de 50º API este número, melhor o óleo. “Nesse caso, a construção da plataforma aqui atrasaria o projeto em no mínimo dois anos. Se toda e qualquer ação para o desenvolvimento da produção tiver que passar pela construção de novas plataformas no Brasil, os projetos podem atrasar e isso terá repercussão econômica para a empresa. Mas, é claro, que também não se pode seguir apenas esta linha (do afretamento)”, diz Pedrosa. Segundo ele, o mesmo ocorre com a plataforma que será utilizada no campo de Piranema, em Sergipe. A unidade foi afretada à norueguesa Sevan Marine Production por US$ 490 milhões e está sendo construída no estaleiro Yantai Raffles, na China, com chegada no Brasil prevista para o primeiro semestre de 2006. ### Reajuste de gás natural é suspenso Depois de comunicar às distribuidoras um reajuste de 27% sobre o gás natural importado da Bolívia, a Petrobras voltou atrás em sua decisão. Em nota divulgada sexta-feira, a empresa informou que irá manter, até nova avaliação, os incentivos ao uso da commodity no Brasil. O gás natural não era reajustado desde 2003, quando a estatal impôs um teto para os preços. O aumento de preços, notificado às distribuidoras na última terça-feira, afetaria consumidores dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, e seria feito em duas parcelas: 14% a partir de agosto e o restante em outubro. Por receber o gás natural produzido na Bacia de Campos, o estado do Rio de Janeiro não sofreria com a medida. Na carta enviada às empresas, a estatal alegava que a nova lei de hidrocarbonetos da Bolívia – que elevou os impostos de 18% para 50% – está encarecendo o preço do gás e poderá afetar novos investimentos que deverão ser feitos no país. De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Natural (Abegás), Romero de Oliveira, o assunto será debatido com o gerente de comercialização da Gaspetro (subsidiária de gás da Petrobras), Rogerio Manso, no dia 2 de agosto. Oliveira acrescentou que não é possível prever qual será o repasse deste reajuste para o consumidor caso ele seja confirmado, já que este cálculo dependerá da estratégia de cada companhia e dos órgãos reguladores regionais. Segundo a associação, o volume de gás natural comercializado em junho foi superior a 39 milhões de metros cúbicos por dia, com aumento de 4,21% na comparação com o mesmo mês de 2004. Deste montante, 24 milhões de metros cúbicos diários, ou 61%, vieram da Bolívia. REAÇÃO Ao saber do reajuste, a Companhia Paranaense de Gás (Compagas) enviou um ofício à estatal, assinado por Rubico Camargo, que deverá deixar a presidência da distribuidora esta semana. Na nota de repúdio, ele dizia que “a Petrobras está utilizando a situação política e econômica da Bolívia como justificativa para aplicar aumentos represados no preço do gás natura”. E também sugeria que a empresa estava tentando conter o consumo do gás natural para garantir o abastecimento de indústrias térmicas: “A Petrobras não estaria procurando conter o crescimento do consumo, através da alta do preço, para reservar o gás para o setor elétrico?”, questionou. A empresa fornece gás natural para cerca de 1,168 mil consumidores. A Compagas, na carta, afirmava ter sido avisada sobre um aumento de 27% a partir de agosto e de 19% posteriormente, o que somaria um reajuste em torno de 50% no total. No entanto, a empresa explicou que este valor é equivalente apenas ao custo da commodity, que acaba se diluindo e ficando menor quando entram na conta o custo de impostos e do transporte. |JR

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