Economia
Tesouro quer t�tulos externos em reais

| ANA PAULA RIBEIRO Folha Online O Tesouro Nacional estuda realizar sua primeira captação externa em reais. Será a primeira vez que o governo realiza uma emissão de títulos da dívida externa denominada na moeda nacional. A expectativa é que a operação ocorra em breve. Com o objetivo de continuar diversificando sua base de investidores, melhorar seu perfil de pagamentos futuros e reduzir sua exposição ao risco cambial, está, neste momento, avaliando a conveniência de realizar, em um horizonte de tempo relativamente breve, operação de emissão de títulos da dívida externa denominados em reais, diz a nota divulgada ontem. Empresas privadas, como o banco Votorantim, já realizaram emissão de títulos em reais, mas isso nunca foi feito pelo governo federal. A vantagem para o governo de uma emissão desse tipo é ficar livre do risco cambial forte oscilação na cotação do dólar na hora de fazer o pagamento da dívida. Em 2006 e 2007, o governo pretende captar US$ 9 bilhões. Desse montante, o Tesouro já emitiu US$ 1 bilhão na última terça-feira. Esses recursos ajudarão o governo a se precaver de um possível contágio na economia da crise política, iniciada em junho, com a denúncia de suposto pagamento de mensalão a deputados da base aliada. Por outro lado, quanto mais o governo emite títulos, mais cresce sua dívida externa. No entanto, ao trazer dólares do exterior para pagar sua dívida, o governo também protege as reservas internacionais do Banco Central, que servem como garantia aos investidores de que o País pagará sua dívida em momentos de turbulência econômica internacional. US$ 1 BILHÃO Na terça-feira, dia 6, o governo brasileiro concluiu sua primeira captação visando os compromissos externos que vencem no ano que vem. O Tesouro Nacional conseguiu captar US$ 1 bilhão com a reabertura de uma emissão externa de bônus que vencem em 2025 (Global 2025). Os investidores que adquiriram papéis brasileiros na emissão realizada terça-feira passada terão uma taxa de retorno de 8,52% ao ano. Na emissão original do Global 2025, ocorrida em janeiro, a captação foi de US$ 1,25 bilhão, com retorno de 8,9% ao ano a quem comprou o papel. Com essa operação, o Tesouro antecipa a programação de captação de 2006. O objetivo do governo é captar US$ 9 bilhões nos próximos dois anos. A última operação realizada pelo Tesouro foi em 20 de junho deste ano, quando captou US$ 600 milhões com a emissão de títulos que vencem em 2015, concluindo o seu plano de 2005, que era de captar US$ 6 bilhões. A última captação foi liderada pelos bancos Morgan Stanley e Bear Stearns. O dinheiro deve entrar nas reservas brasileiras no dia 13 de setembro. O pagamento de juros da operação irá ocorrer nos dias 4 de fevereiro e 4 de agosto de cada ano, até o vencimento do papel no dia 4 de fevereiro de 2025. Os ingressos de recursos no câmbio e a notícia de uma nova captação do Tesouro Nacional nos exterior agradaram os investidores do mercado financeiro. Na terça-feira, fechou em queda, com baixa de 0,59%, vendido a R$ 2,325.