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Nº 5759
Economia

Governo quer intervir no pre�o do �lcool

| DE EDITORIA DE ECONOMIA O governo já admite adotar medidas para barrar a alta do preço do álcool durante a entressafra da cana-de açúcar, que vai até abril no Centro Sul do País, segundo sinalizou ontem o diretor do departamento de Cana-de-Açúcar e Agr

Por | Edição do dia 05/01/2006 - Matéria atualizada em 05/01/2006 às 00h00

| DE EDITORIA DE ECONOMIA O governo já admite adotar medidas para barrar a alta do preço do álcool durante a entressafra da cana-de açúcar, que vai até abril no Centro Sul do País, segundo sinalizou ontem o diretor do departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Ângelo Bressan. Depois de subir 28% em 2005, o álcool hidratado iniciou este ano com alta de 6% para o consumidor, segundo dados da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis). Na avaliação do técnico, o preço atual (entre R$ 1 e R$ 1,10 na usina) ainda não pode ser considerado exagerado, pois o custo de produção está em torno de R$ 0,75 a R$ 0,80 por litro. Segundo ele, é normal uma alta de preços nesta época do ano, de entressafra no setor. Entretanto, Bressan destacou que o governo acompanha com atenção não só o preço do produto, mas principalmente a capacidade de abastecimento para atender a uma demanda crescente. Somente a frota de bicombustíveis (abastecidos por gasolina ou álcool) é estimada em 1,3 milhão de veículos, segundo o técnico, com ingresso de aproximadamente 100 mil novos carros com a opção de uso do álcool no mercado por mês. O estoque atual de álcool está próximo de 4 bilhões de litros. Segundo o Ministério da Agricultura, há combustível suficiente para atender a uma demanda mensal de cerca de 1,2 bilhão de litros. Bressan admitiu que as recentes altas dos preços do produto promovidas pelo mercado para repassar elevações de custos represadas durante a safra acenderam a “luz amarela” e que o governo deverá discutir o assunto com os usineiros e também internamente, possivelmente na próxima semana. Gasolina A redução do percentual de álcool misturado à gasolina de 25% para 20% é uma das hipóteses cogitadas pelo governo para reduzir o consumo de álcool até a próxima safra, que começa em abril. Mas Bressan destacou que a mudança na proporção provocaria, por outro lado, um aumento do preço da gasolina, que já é mais cara que o álcool. “Existe uma pressão de preços, e temos de ver se é viável tomar alguma medida para melhorar isso”, disse o técnico. “Estamos empenhados em achar alguma saída para minimizar o prejuízo aos consumidores sem arriscar o abastecimento”, afirmou. Ele explicou que antes de tomar qualquer medida, o governo deve avaliar os impactos de uma intervenção no setor para a próxima safra. Segundo ele, também não é de interesse do governo uma queda muito forte nos preços do produto a partir de abril pois seria um desestímulo ao setor. Alagoas Em Alagoas, a notícia de uma possível intervenção do Governo Federal no mercado de álcool não foi bem acolhida por empresários do setor sucroalcooleiro. De acordo com José Carlos Maranhão, uma das lideranças do setor alagoano, no Estado a diferença do preços entre álcool e gasolina nunca foram tão altas como no eixo Sul-Sudeste por causa de razões tributárias. “Em São Paulo a alíquota do ICMS é de 12%. Entretanto, em Alagoas esse percentual está fixado atualmente em 25%”, destaca. Na opinião do empresário, há um exagero em relação a alta do combustível já que os preços administrados pelo governo como o da energia e da telefonia subiram mais do que o do álcool. Para Maranhão, os preços do álcool devem estar submetidos à logica do mercado, lei da oferta e procura, influenciado pela livre concorrência. “Se houver abusos, o consumidor é o primeiro a deixar de comprar”. Contudo, o líder do grupo Maranhão, considera remota a possibilidade de o governo colocar a idéia de intervenção em prática de fato. ### Conab prevê recorde de cana e de álcool A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ligada ao Ministério da Agricultura, divulgou ontem a previsão de uma safra recorde de cana-de-açúcar em 2005/2006, com um crescimento de 5,1% em relação à produção da última safra, que foi de 415,5 milhões de toneladas. Entretanto, a produção de 436,8 milhões de toneladas de cana ficou abaixo do total estimado pela Conab em maio de 2005, de 450,2 milhões de toneladas. Em agosto, a Conab havia reduzido essa estimativa para 440 milhões de toneladas. O levantamento realizado em dezembro considera o resultado fechado da safra da região Centro-Sul (principalmente São Paulo), que responde por 85,7% da produção brasileira. No Nordeste, responsável por 14,3% da produção, a safra está sendo concluída neste mês de janeiro. Em Alagoas, segundo os produtores, haverá quebra de safra de 14%. De acordo com levantamento, das 394 milhões de toneladas destinadas à indústria sucroalcooleira, 216 milhões de toneladas de cana foram usadas na fabricação de açúcar, gerando uma produção de 26,7 milhões de toneladas do produto e um crescimento de 0,3% em relação à safra anterior. Já a produção de 17 bilhões de litros de álcool (11,8% maior que a anterior) consumiu 178,4 milhões de toneladas de cana. A produção de álcool também foi recorde na comparação com os últimos dez anos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já que este foi o primeiro ano em que a Conab realizou levantamento sobre cana. A maior produção da última década havia sido registrada em 1997/98 (15,4 bilhões de litros). Na safra passada, a produção alcançou 15,2 bilhões. Cerca de 42,4 milhões de toneladas da safra total de cana foram destinadas a produtos como cachaça, rapadura, ração animal e sementes para plantio. Na última década, a produção brasileira de açúcar cresceu 101,8%, e a produção de álcool 34,1%. No caso do álcool, depois de uma queda na produção entre 1998 e 2000, a retomada do crescimento se deu a partir da safra 2001/2002.

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