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Nº 5759
Economia

Como n�o se endividar no in�cio do ano

BLEINE OLIVEIRA Repórter Passada a euforia do Natal e do réveillon, a preocupação agora é com o pagamento das despesas feitas em dezembro, somadas a algumas obrigações das quais não se pode escapar. Todo início de ano o quadro se repete: é hora

Por | Edição do dia 08/01/2006 - Matéria atualizada em 08/01/2006 às 00h00

BLEINE OLIVEIRA Repórter Passada a euforia do Natal e do réveillon, a preocupação agora é com o pagamento das despesas feitas em dezembro, somadas a algumas obrigações das quais não se pode escapar. Todo início de ano o quadro se repete: é hora de pagar os impostos obrigatórios, como IPVA, IPTU e ainda arcar com os gastos de matrícula e material escolar. Há quem tenha curtido o clima de confraternização, com a tradicional troca de presentes, os gastos com roupas, sapatos e, claro, o queijo e o vinho, sem extrapolar o orçamento doméstico. Mas boa parte dos consumidores está hoje esquentando a cabeça para encontrar uma saída capaz de solucionar a crise financeira que sobrou dos festejos de fim de ano. Para estes, depois que o Papai Noel vai embora, ficam somente a lista dos débitos. Ironia à parte, é preciso encontrar uma saída. Mas poucos sabem o que fazer nessa hora. A preocupação é tanta que muita gente se desespera ao ponto de lançar mão do cheque especial para quitar as despesas mais urgentes. Adiar o pagamento do cartão de crédito, quitando apenas o valor mínimo, é outra medida freqüente. Mas nenhuma delas vai resolver o problema. Muito pelo contrário, dizem os especialistas em economia doméstica, o resultado delas é ainda mais prejudicial. “Muita gente entra em pânico ao ver que não quitou os débitos e ainda fez nova dívida”, diz o economista Sílvio Roberto Costa. O comportamento de muitos consumidores, acrescenta ele, é o mesmo há anos, ou desde que o comércio criou formas “suaves” de pagamento. O que se faz normalmente é usar o 13º salário para pagar as contas feitas ao longo do ano, apagando os registros no Serviço de Proteção ao Crédito, o conhecido SPC. “Tornando-se adimplente, este consumidor volta às compras, desta vez estimulado pelo espírito natalino”, ilustra Sílvio Costa. Eufórico, e completamente dominado pelo brilho da propaganda na TV, em outdoors, nos encartes de jornais, o consumidor sai das lojas carregado de sacolas, sai do supermercado com o carrinho cheio, totalmente esquecido de que, no início do ano, vem aquelas despesas das quais não se pode fugir. O problema está exatamente aqui. “Não há como escapar de algumas despesas. E de algum modo elas terão que ser pagas”, completa o economista Cícero Péricles de Carvalho, professor-doutor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Se antes o clima era de total facilidade, com o monstruoso estímulo ao consumo – prestações baixas, que somente começarão a ser pagas 30 ou 60 dias depois da compra, agora se está diante da realidade fria das contas a pagar. “A pressão da propaganda, criando demandas para muitas coisas, é desproporcional à nossa renda e à nossa cultura”, diz Péricles. Junto a isso, está a facilidade do crédito e a demanda por produtos, muitas vezes, supérfluos. “O capitalismo cria necessidades”, afirma Costa. ### Especialistas ensinam a sair do sufoco Ninguém hoje é estimulado a poupar. Ter reservas guardadas em poupança ou em investimentos de capital é um privilégio das classes A e B. Já nos segmentos C, D e E essa é uma realidade absolutamente longínqua. “Mas o ideal é criar o hábito de poupar para arcar com eventuais despesas extras”, ensina o economista alagoano Sílvio Costa. “E não precisa ser valores altos. Se sobrar R$ 10, R$ 20 ou R$ 30 esse dinheiro tem valor e deve ser guardado”, sugere. Para honrar os compromissos financeiros, sem atropelos, em primeiro lugar deve-se vencer o consumismo, evitando despesas desnecessárias. O economista sugere um exercício simples, que pode frear os ímpetos de consumo. Ao fazer uma compra, deve-se imaginar que aquele débito significa, na prática, uma redução no salário. “Ao assumir o débito, a renda está imediatamente comprometida. Ou seja, o salário diminui naquele valor. Essa abstração poucas pessoas fazem”, reflete Costa. Mas, para quem está endividado, essa orientação tem pouca valia. O que se quer é saber se há um jeito de sair do sufoco. Ninguém deve se desesperar, orientam os especialistas. Um passo importante rumo ao equilíbrio financeiro pode ser dado em direção à negociação de dívidas com os bancos, financeiras ou operadoras de cartão de crédito. Outra forma razoável é fazer um empréstimo consignado, aquele cujo desconto em folha, cujos juros são mais baixos do que os cobrados pelo cheque especial ou o cartão de crédito. “Além disso, o consumidor resume seus débitos a um único no consignado”, frisa Sílvio Costa. Feito isso é preciso adotar o sistema de “economia de guerra” para recuperar de vez as finanças. É preciso administrar as despesas com rigor espartano, para não cair de novo na armadilha do cheque especial ou do cartão de crédito novamente. O IPTU deve ser pago à vista, aproveitando o desconto que este ano, em Maceió, deve ser de 30%. O mesmo vale para o IPVA, o imposto que garante o licenciamento do carro. Faltam ainda as despesas com matrícula e material escolar. Destas não há como escapar. Manter-se adimplente, ou seja, pagar a matrícula e a mensalidade em dia exige mais esforço. Todavia é a estratégia mais adequada. Pode-se até buscar desconto. A coordenadora do Programa Municipal de Defesa do Consumidor (Procomun), Wilza Malta, dá algumas sugestões para a compra do material requisitado pelas escolas. Um jeitinho de economizar é juntar um grupo de pais para comprar no atacado. O desconto é maior, o que reduz o gasto. Reaproveitar livros, régua, lápis, caneta, e o que mais seja possível também é válido. “Deve-se comprar apenas o necessário, pois nem sempre um produto sofisticado é o melhor”, orienta Wilza, sugerindo que os pais procurem pagar à vista, pechichando muito e sempre cobrando desconto. Ela sugere atenção para produtos em promoção, mas com o cuidado de não comprar se não houver necessidade daquela mercadoria. Outra orientação da coordenadora do Procomun é que o consumidor faça pesquisa de preços e exija sempre a nota fiscal. “Essas ações devem se tornar um hábito de todo cidadão”, aconselha Wilza Malta. BL ### Caixa Econômica dispõe de crédito para despesas extras AGÊNCIA ESTADO A Caixa Econômica Federal está oferecendo várias linhas de crédito para as despesas de início de ano, como os impostos (IPTU e IPVA), mensalidade e material escolar, férias e viagens. Os empréstimos com juros a partir de 1,75% ao ano e prazo de até 48 meses atendem ao perfil e aos requisitos de diversos públicos, podendo ser usados inclusive para outras despesas e dívidas. Para os interessados, a Caixa disponibilizará os recursos automaticamente na conta de movimento do cliente – corrente e poupança – por meio do Crédito Direto Caixa (CDC). A utilização do limite pode ser feita por meio de terminais eletrônicos de auto-atendimento, no 0800-574 0505 ou Internet Banking (www.caixa.gov.br). Quem ainda não possui o CDC deve procurar o gerente de qualquer agência da instituição para definição do limite do crédito. Outra alternativa é o Crédito Pessoal, que pode ser parcelado de acordo com as necessidades e capacidade de pagamento do cliente. Para servidores públicos e empregados de empresas privadas que firmem convênio de Consignação, além das baixas taxas de juros variando de 1,75% a 4,16%, existe ainda a vantagem da quitação da dívida por meio de desconto em folha de pagamento.

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