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Nº 5759
Economia

Real forte gera remessa recorde de lucro

| Ney Hayashi da Cruz Folhapress Brasília - Nunca as multinacionais instaladas no Brasil renderam tantos ganhos para suas matrizes como em 2005: as remessas de lucros e dividendos para o exterior somaram US$ 12,686 bilhões, o valor mais alto desde o iní

Por | Edição do dia 22/01/2006 - Matéria atualizada em 22/01/2006 às 00h00

| Ney Hayashi da Cruz Folhapress Brasília - Nunca as multinacionais instaladas no Brasil renderam tantos ganhos para suas matrizes como em 2005: as remessas de lucros e dividendos para o exterior somaram US$ 12,686 bilhões, o valor mais alto desde o início da série de dados calculados pelo Banco Central, iniciada em 1947. Trata-se de crescimento de 72,9% em relação ao resultado de 2004. Os números não impediram, porém, que as contas externas brasileiras encerrassem o ano passado com saldo recorde. Em 2005, foi de US$ 14,199 bilhões o saldo das transações correntes, conta que inclui a balança comercial (exportações menos importações), a balança de serviços (gastos com viagens, pagamento de juros e remessas de lucros, entre outros) e transferências unilaterais (dinheiro enviado ao Brasil por residentes no exterior, e vice-versa). Foi o maior superávit já registrado desde 1947. Em dezembro, o superávit ficou em US$ 570 milhões. O recorde foi alcançado mesmo com a queda de 15,9% sofrida pelo dólar em 2005. A alta do real joga contra o equilíbrio das contas externas, pois barateia bens e serviços que vêm de outros países, resultando em maiores remessas de recursos para o exterior. Até agora, porém, o forte crescimento da economia mundial, que favoreceu as exportações brasileiras, tem compensado parte do efeito da valorização do real. “Por enquanto, não há grandes problemas, mas já há sintomas do efeito do câmbio, como no caso das viagens e das remessas de lucros”, diz Paulo Nogueira Batista Jr., professor da FGV-SP. Com a valorização cambial, fica mais vantajoso o envio de dividendos para o exterior, pois um mesmo lucro em reais permite a compra de um volume maior de dólares. E as viagens internacionais também ficam mais baratas. Já a queda do dólar, para o economista, é reflexo dos elevados juros praticados no Brasil, que acabam por atrair um grande volume de capital para o País e, assim, distorcem a taxa de câmbio. “Falta um pouco de bom senso ao Banco Central. A política de juros é uma barbaridade”, diz Batista Jr. Segundo estimativa do FMI, a economia mundial cresceu 4,3% no ano passado, o que ajudou as exportações brasileiras a registrar um aumento de 22,6% em relação a 2004. O Brasil, por sua vez, cresceu pouco mais de 2%, segundo projeções do mercado financeiro, e essa desaceleração ajudou a fazer as importações apresentarem uma elevação de apenas 17%. O economista Antônio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP, diz que “o Brasil realmente fez um ajuste externo espetacular, mas ele está muito longe de estar completado”. Ele cita como ponto positivo o fato de o Brasil não depender mais de grandes volumes de capital externo para financiar o déficit em transações correntes que o País tinha até 2002, mas, assim como Batista Jr., diz que esse ajuste só irá se sustentar se a valorização do real for contida. Em 2005, o saldo em transações correntes ficou positivo pelo terceiro ano seguido, mas deve começar a perder força daqui para a frente. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a esperada recuperação da economia brasileira deve provocar um aumento mais forte nas importações este ano. A projeção do BC é que as importações cresçam 17,4% em 2006 e cheguem a US$ 89 bilhões. Já as exportações devem aumentar somente 5%, para US$ 124,5 bilhões. Confirmadas as estimativas, o superávit em transações correntes deste ano seria de US$ 6,1 bilhões.

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