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Nº 5759
Economia

Setor av�cola de AL continua estagnado

| MARCOS RODRIGUES Repórter O frango é um dos produtos que mais estão presentes na mesa do brasileiro. Em Alagoas não é diferente. Em média, por mês, são vendidos no Estado 2 milhões de aves. Os números do setor, porém, não são suficientes para impulsio

Por | Edição do dia 12/02/2006 - Matéria atualizada em 12/02/2006 às 00h00

| MARCOS RODRIGUES Repórter O frango é um dos produtos que mais estão presentes na mesa do brasileiro. Em Alagoas não é diferente. Em média, por mês, são vendidos no Estado 2 milhões de aves. Os números do setor, porém, não são suficientes para impulsionar novos investimentos. Segundo o empresário Álvaro Vasconcellos os números de 2005 não foram tão satisfatórios. Ele reconhece que a carne de frango ainda é a proteína mais barata. “Mas o governo tem que investir em empregos e salários. Quando tem dinheiro circulando, em épocas de pagamento de usinas, município e Estado sentimos, de imediato, uma melhora nas vendas”, disse Álvaro, ex-representante do setor. No País, o consumo é considerado satisfatório para o setor de supermercados e pequenas avícolas. O preço atraente e a facilidade no preparo ajudam os congelados a voarem das prateleiras. Mesmo com esse quadro, o empresário não acredita em crescimento para o ano de 2006. Em sua avaliação, a virada de ano fez os produtores iniciarem o ano com prejuízos. “Diante disso não acredito que possa existir crescimento imediato. Acho que o momento é de estagnação”, analisa Álvaro. O frango produzido em Alagoas é o da raça Cob. Depois de melhoramentos genéticos chegou-se a essa espécie que é capaz de ganhar peso em 45 dias. As aves atingem o peso para o abate porque se alimentam por 24 horas, o que demanda na contratação de funcionários especializados. Essa capacidade de empregabilidade, no momento, está em baixa. O setor já chegou, inclusive, a demitir. A chegada da semana santa também representa uma queda nas vendas. É que o apelo para o consumo de peixe afasta o consumidor tradicional. Sensível Os cuidados com as aves exigem até a montagem de galpões especiais. Na Fazenda Santa Marta, as granjas com pintos e frangos para o abate contam com alta tecnologia. Desde a aplicação das rações, totalmente automatizada, até a existência de aquecedores e ventiladores. No caso dos pintos, a preocupação é com o frio. Já os que estão em fase adulta, o calor é o maior inimigo. Ainda assim com todos os cuidados algumas mortes são inevitáveis. O controle de contaminação também chega a ser uma fixação dos produtores. Para manter os ambientes livres de qualquer bactéria que possa comprometer a qualidade da criação, em alguns setores somente depois de um processo de desinfecção é que se pode ter acesso. Em caso de contato, por exemplo, com os frangos adultos, é, terminantemente proibido, o manejo com os pintos. Até a comercialização tem que acontecer num horário que não comprometa a sobrevivência das aves. Por isso, o movimento de pequenos comerciantes em direção à granja só começa após as 16 horas. Investimentos Se para quem está no setor de criação para abate não vê grandes perspectivas, do lado do governo federal a situação é diferente. Somente em Alagoas foram investidos R$ 12,5 milhões. O Banco do Nordeste (BNB) tem linha de financiamento para quem deseja iniciar um projeto de criação ou ampliar os parques produtivos já existentes, na capital e interior. Em primeiro lugar, os técnicos do banco recomendam que os interessados dominem a realidade do mercado. Saber quais os valores dos insumos como o milho é fundamental. “Esse conhecimento é determinante para que possamos indicar a aprovação de um financiamento”, explica o gerente de negócios do BNB, Zoatan Gomes. Ele disse que a qualquer tempo o futuro empreendedor pode procurar detalhes dos financiamentos. Conforme a política do banco, empresas pequenas, com faturamento até R$ 120 mil, também podem entrar nas linhas de crédito. No momento, pelo menos 50 negócios com esse perfil estão sendo orientados e financiados pelo banco. ### Congelamento ajuda a montar estoques No varejo os números demonstram a popularidade do frango. Por conta das condições de armazenamento, os comerciantes conseguem obter lucros. Com as atuais técnicas de congelamento é possível montar estoques por até seis meses, a depender das condições de refrigeração. “Nós conseguimos fazer um estoque que ajuda a regular a nossa disponibilidade do produto. É possível, por exemplo, planejar promoções para atraírmos ainda mais os consumidores”, explica o presidente da Associação dos Supermercados de Alagoas, Raimundo Barreto Júnior. Essa articulação comercial só é possível porque os supermercados investiram em câmeras frigoríficas que atendem às exigências sanitárias. Graças a estas condições os empresários que trabalham com o consumidor final ficam, ainda, com a opção de negociar valores, inclusive, com grandes fornecedores nacionais, de marcas consagradas como Sadia, Perdigão e São Mateus. Vendas Barreto não esconde que o frango é responsável por uma fatia importante das vendas no setor de frios dos supermercados. Segundo revelou, os reabastecimentos dos freezers acontecem com mais freqüência nos fins de semana e nos feriados prolongados. Prato simples, o frango com arroz, ou até mesmo os galetos assados, têm saída como opções para viagem ou refeições comerciais. Essa variedade coloca o produto num circuito popular que começa com a sua preparação em granjas. “O produto é saudável e alimenta uma família com facilidade. Já a carne, mesmo sendo atraente em alguns momentos, não consegue suprir as necessidades de um casa com cinco pessoas”, avalia Barreto. Preço Nas prateleiras a média do quilo de frango congelado, ou resfriado e temperado, varia entre R$ 2,80 e R$ 3,20. Se comparado com o preço da carne com osso, acessível ao consumidor de baixa renda, o frango leva vantagem. É que um quilo do produto não sai por menos de R$ 5,50. A aceitação do público pelo frango e seus derivados é inegável. A dona de casa já conhece as vantagens de levar para a panela um produto que rende e tem fácil preparo|MR ### Nos lares, frango é eleito prato principal A Gazeta encontrou a aposentada Lúcia dos Santos, 58, durante a escolha do frango na prateleira. Cuidadosa não deixou de observar a aparência do produto e a data de validade. “O frango é a comida do brasileiro. Em minha família a aceitação dos pratos que combino com frango é boa. Além disso, não posso negar que os preços são atraentes”, disse a dona de casa. Segundo revelou, pratos à base de frango chegam a ser servidos de duas a três vezes por dia. “Por isso que para o consumo da semana chego a levar cerca de 4kg a 5kg para casa. Isso equivale a dois pacotes”, detalhou dona Lúcia com a autoridade de quem conhece o produto. O comércio de frangos assados, vendidos em galeterias ou até em churrasqueiras nas esquinas, é uma outra forma de venda do produto. Não é difícil encontrar esses pontos de venda espalhados pela cidade. Prensado e assado O comerciante Paulo Severino Andrade, 43, que vende galeto às margens da Avenida Durval de Góes Monteiro, é um dos que faturam com a venda de frango. “Compro o produto direto do fornecedor, algo em torno de R$ 2,80. Depois de assado repasso por R$ 4 ou R$ 4,50. Mas isso principalmente nos fins de semana”, explicou. Antes do negócio, ele já lidou com churrasquinho, o popular “tira-gosto”. Foi quando descobriu a boa aceitação. Os recentes casos de gripe aviária confirmados em várias partes do mundo também têm influência sobre a produção de carne e ovos no Estado de Alagoas. Isso porque os grandes exportadores brasileiros podem investir no mercado externo deixando de se voltar para as vendas internas e assim abrir espaço para os que vendem somente para uma determinada região, como no caso do Nordeste. Ovos Segundo o empresário Aloízio Riguetto, da Ovos Carnaúba, isso será possível se os grandes produtores do País passarem a abastecer o mercado internacional. “Nesse caso, eles deixariam de entrar no mercado local, com as sobras de estoque o que acabaria nos favorecendo”, avaliou o empresário Aloízio Riguetto. Enquanto isso não ocorre todos, inclusive o governo, estão na defensiva para proteger as aves do País. |MR

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