CNI questiona dados do IBGE sobre crescimento da ind�stria
| FOLHA ONLINE Com Valor Online A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera superdimensionados os dados de produção industrial apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em dezembro, que apontaram crescimento de
Por | Edição do dia 19/02/2006 - Matéria atualizada em 19/02/2006 às 00h00
| FOLHA ONLINE Com Valor Online A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considera superdimensionados os dados de produção industrial apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em dezembro, que apontaram crescimento de 2,3% em relação a novembro, na série livre de influências sazonais. Em estudo distribuído na última sexta-feira, os técnicos da entidade dizem que a metodologia do instituto não captou as diferenças produzidas por um calendário atípico e fatores sazonais inadequados. Os economistas da CNI aplicaram uma metodologia diferente (o chamado sistema tramo-seats) e concluíram que a produção industrial está acomodada. Não se observa crescimento da produção industrial em dezembro de 2005, comparativamente a novembro, diz o estudo. No caso da indústria de transformação, a produção expandiu-se 0,2% nesse período. Pela pesquisa do IBGE, a indústria de transformação cresceu 2,2% nessa comparação. Para a CNI, o método usado pelo IBGE não neutralizou o efeito-calendário ocorrido em dezembro de 2005, quando os feriados de Natal e Ano Novo caíram no fim de semana. Com isso, o mês contabilizou 22 dias úteis e ficou com dois dias úteis a mais do que novembro --o que não ocorria desde 1994. Como essa situação foge à normalidade, os fatores sazonais podem não se adequar ao calendário atípico e interpretar como crescimento do ritmo da atividade industrial o que foi apenas um aumento excepcional do número de dias úteis em dezembro, afirmam os técnicos. O normal é dezembro ter 20 dias úteis. A confederação argumenta que, em todas as vezes em que dezembro teve de 20 dias úteis, o IBGE apurou aumento de produção industrial em relação a novembro. Há indícios de que o método de dessazonalização utilizado pelo IBGE está gerando fatores sazonais que não retiram adequadamente o efeito-calendário das séries. Os técnicos da CNI classificaram ainda de obsoletos os critérios usados pelo IBGE para calcular os resultados dessazonalizados. Argumentam que a série histórica usada na pesquisa começa em 1991 e, desde então, a indústria ampliou a produtividade e mudou muito a administração de estoques e os prazos de produção e entrega. Antes do Plano Real, a indústria precisava manter estoques elevados - o que deixava o pico de produção entre julho e outubro. Após a estabilização monetária, sem a necessidade de estocar mercadoria, o pico de produção passou para o período entre agosto e novembro. O método do IBGE, para os técnicos da CNI, não captaria essas variações. Para calcular os resultados que apontam estabilidade da indústria em dezembro, os economistas da entidade usaram uma série histórica a partir de 1996. Com essa metodologia, a CNI concluiu que, no confronto novembro-dezembro, a produção de bens intermediários caiu 0,6%, diferente da alta de 1,2% apurada pelo IBGE. A produção de bens de capital caiu 1,3% para a CNI e subiu 5,8% para o IBGE. E o crescimento dos bens de consumo duráveis, que foi de 17,6% pelo IBGE, limitou-se a 2,1% pela CNI.