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Nº 5759
Economia

Professor ensina a poupar combust�vel

| REGINA CARVALHO Repórter A cada novo aumento do preço do combustível, proprietários de veículos têm de refazer as contas com os gastos do dia-a-dia. Essa “ginástica” tem reflexo maior na classe média, como revela o economista Adelmo Mendonça. “Esses

Por | Edição do dia 12/03/2006 - Matéria atualizada em 12/03/2006 às 00h00

| REGINA CARVALHO Repórter A cada novo aumento do preço do combustível, proprietários de veículos têm de refazer as contas com os gastos do dia-a-dia. Essa “ginástica” tem reflexo maior na classe média, como revela o economista Adelmo Mendonça. “Esses sucessivos aumentos pesam no bolso do motorista. Você acaba tendo pressão sobre os custos, sem que haja aumento salarial. Dessa forma quem mais sofre é a classe média”, revelou. Mas é possível amenizar o impacto com os gastos de combustível. Assim pensam especialistas no assunto e motoristas que têm soluções mais caseiras para o problema. De posse de material utilizado para dar aulas no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), o professor do curso de mecânica Genivaldo Wanderley conta alguns “segredos” de como reduzir o consumo de combustível. Muitos deles constam no próprio manual dos veículos, que muitas vezes é descartado pelos proprietários. “Uma das principais medidas é o cuidado com o veículo. Ou seja, fazer a manutenção. Vale a pena gastar para deixá-lo em boas condições”, conta o professor que é motorista desde 73 e como muitos teve também de fazer opções no momento da aquisição de um carro econômico. Ele ilustra a importância de manter em boas condições o estado geral do veículo com o trabalho desenvolvido em fábricas e usinas. “Elas passam muito tempo fechadas para justamente cuidar dos equipamentos. Isso é garantia de bom funcionamento. É como o carro”, exemplificou. O sistema de direção deve exigir uma atenção maior. “Uma direção desalinhada pode chegar, no máximo, a um aumento do consumo do combustível de até 25%. O motorista tem de cuidar do balanceamento de rodas e pneus”, acrescentou Genivaldo Wanderley. Ele lembra que os carros com mais tempo de uso consomem mais, mas que manter as peças originais também contribui na economia de combustível. “Um corcel 1.4 chegou a fazer 16.5km na pista e hoje um carro não faz mais isso. Essa é minha opinião”, destacou. Outro fato que o motorista tem de tomar cuidado é com limite de carga. “Quanto mais ‘pesado’ mais combustível é gasto”, reforçou. Sem saída O economista Adelmo Mendonça alerta que a situação de quem depende do combustível é complicada. Praticamente não existe forma de pechinchar. “Esse segmento de combustível trabalha de forma cartelizada. O consumidor poderia ter outras alternativas, como o sistema de transporte coletivo, só que ele é deficiente e não comporta. Outra alternativa poderia ser o transporte solidário, só que por uma questão cultural isso é difícil de acontecer. A perpectiva é extremamente complicada”, lamentou. ### Taxistas buscam alternativa econômica Para “fugir” de despesas tão elevadas, a única opção, segundo o economista Adelmo Mendonça, é reduzir o consumo. “Ou seja, utilizar menos o carro ou reduzir despesas em outros itens”, diz. Para continuar circulando com o carro, muitos motoristas resolvem diminuir gastos com lazer, por exemplo, Como o desgaste é bem maior nos pneus dianteiros, o professor recomenda o que o manual dos fabricantes também alertam: “Tem de fazer um rodízio, ou seja, a troca de pneus. Além disso, o ar-condicionado gasta entre 10% a 15% a mais do combustível. Por isso para quem quer economizar é fundamental reduzir o uso dele, mas tem de usar de vez em quando para não danificar o ar”, completa. Muitos donos costumam descer ladeiras em “ponto morto” para economizar. “Nunca desça em ponto morto porque, pelo contrário, há um aumento de combustível. A pessoa também deve ter atenção com o sistema de arrefecimento e deve trocar a cada 30 mil quilômetros rodados ou dois anos. Deve obedecer a troca de óleo e colocar de boa qualidade”, detalhou o professor do curso de mecânica do Cefet. A oscilação e alta velocidade também aumentam o consumo. “Procure evitar a meia embreagem, pois consome mais e ainda danifica a embreagem”, completou Genivaldo Wanderley. Receitas Se o aumento do preço de combustível pesa diretamente no bolso daqueles que utilizam o veículo de uma a duas vezes por dia, imagine os taxistas. “Para evitar o alto consumo de gasolina, faço manutenção no meu veículo a cada cinco meses”, relatou o taxita Luciano Lima da Silva. Diferente da maioria dos seus colegas, ele resolveu não colocar o kit de gás natural. “Esse é um barato que sai caro”, destacou. O motorista Azarias dos Santos também reforça a importância de cuidar do carro. A troca de óleo, velas e revisão são feitas com freqüência. “Acho que economizo mais assim”, disse. Para o taxista Francisco Ataíde de Oliveira, 58 anos, que faz ponto na praia da Jatiúca em frente a um hotel de luxo de Maceió, há mais de uma década não existem receitas para economizar. Ele já tentou utilizar soluções caseiras, mas não deu certo. “Procuro não rodar muito. Prefiro esperar parado por passageiros. Quando o motor funciona já gasta gasolina. Já tentei misturar álcool com gasolina para economizar e fez foi prejudicar a bomba de combustível”, lembrou o taxista. Ele conta que pretende trocar o carro por um mais novo e deve colocar kit de gás. Revolta “O problema não é só o preço do combustível, mas sim a falta de passageiros. Às vezes passo o dia todo parado aqui em frente ao hotel”, lamentou. Já para o taxista Paulo Siqueira Cavalcante não existe outra alternativa a não ser a colocação do kit de gás natural. “Coloquei gás há cinco anos e não me arrependo. Se não fosse assim não teria condições de rodar. É um absurdo o preço da gasolina em Alagoas. É uma das mais caras do Brasil. Isso revolta todos os taxistas daqui”, contou. |RC ### Especialista critica carro bicombustível Taxista desde 1978, João Antônio da Silva arrependeu-se de ter optado pelo gás natural. Mas ele lembra que não tem muitas opções para economizar. “Meu carro perdeu força com o gás que coloquei. Me arrependi de ter escolhido ele. Para quem vive de rodar a situação é complicada de todo jeito, porque também não tenho condições de colocar gasolina”, lamenta o taxista que faz ponto em Jaraguá há vários anos. O professor do curso de Mecânica, Genivaldo Wanderley, ressalta que freqüentes partidas a frio e pequenos percursos, menores de seis quilômetros, quando o motor não alcança a temperatura normal de funcionamento, resultam em aumento de consumo. “Trânsito lento, dirigir em aclives, estradas com muitas curvas e em más condições aumentam o consumo de combustível. Se for necessária uma espera longa em passagem de nível ou semáforos, aconselho o motorista a desligar o motor”, reforça. Segundo o professor, três minutos de espera com o motor funcionando em marcha lenta, normalmente equivalem ao percurso aproximado de um quilômetro. “Dirigir com carga completa resulta ainda num maior consumo de combustível. Por isso é importante não andar com peso desnecessário no veículo”, ressaltou. Dentre as dicas para dirigir de forma econômica, Genivaldo Wanderley lembra que o trajeto deve ser iniciado imediatamente após a partida. Ou seja, o motorista não precisa esperar o motor aquecer. “Deve dirigir com moderação durante o aquecimento do motor e não acelerar de repente, mas sim de forma suave e progressiva. Evite dirigir muito tempo em aceleração máxima e mude as marchas na velocidade adequada do veículo para manter a rotação do motor moderada”, reforçou. Um dos itens mais importantes é que a manutenção do veículo seja feita em local de total confiança. O professor do curso de Mecânica do Cefet declara que não aconselha a aquisição de veículo Flex ou bicombustível. “A maioria dos usuários só observa que quando vai abastecer o valor registrado na bomba para o caso do álcool é menor, esquecendo de verificar que seu veículo percorre uma distância menor se comparado com a gasolina. Se usarmos um veículo equipado com motor digamos 1.6 L gasolina, que faça por exemplo 11km com 1 litro de combustível, para um veículo bicombustível o consumo mesmo usando só gasolina cai para aproximadamente 9km com um litro de gasolina. O mesmo acontece se a comparação for feita com o álcool”, lembrou. |RC

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