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Nº 5759
Economia

P�scoa impulsiona vendas no varejo

Vitória Alcântara Editora de Economia Já faz algum tempo que as compras da semana santa não se resumem a ovos de chocolate, bacalhau, leite de coco e um raminho de bredo. Em uma espécie de ciclo virtuoso, as indústrias alimentícias e os supermer

Por | Edição do dia 02/04/2006 - Matéria atualizada em 02/04/2006 às 00h00

Vitória Alcântara Editora de Economia Já faz algum tempo que as compras da semana santa não se resumem a ovos de chocolate, bacalhau, leite de coco e um raminho de bredo. Em uma espécie de ciclo virtuoso, as indústrias alimentícias e os supermercados começaram a investir em novos produtos, como o bolo de páscoa ou colomba pascoal – um primo do panetone para ser saboreado neste período – e a expor de forma mais estratégica e atraente outros acompanhamentos, como o azeite de oliva e o vinho. O resultado dessa estratégia é um carrinho de compras cada vez mais cheio e sortido: os ovos de chocolate são encontrados em versões diet, tamanho e recheio ao gosto do freguês; o bacalhau teve de abrir mão de sua soberania para a cavala, atum, tilápia e camarão e o azeite conseguiu desbancar o óleo de soja no ranking da subcategoria óleos. As vendas da semana santa são tão representativas que a data já é a segunda mais importante no varejo de alimentos de algumas redes de supermercados. Perde apenas para o Natal, período de excelência para vendas em qualquer setor. A data da Páscoa este ano, meados de abril, também seria decisiva para incrementar as vendas no período. Isso porque em abril as pessoas já saldaram as contas contraídas no fim do ano passado e estariam com um orçamento mais equilibrado, aptas a comprar. O gerente-geral do recém-inaugurado Hiper Bompreço Jatiúca, Fortunato Guerra, confirma a tendência. “Quando a semana santa cai em abril as vendas são melhores, notamos que há um crescimento significativo nos pontos de vendas”, diz. Prato principal em qualquer mesa durante os dias da paixão de Cristo, o pescado já pode ser encontrado em quantidade e qualidade em vários estabelecimentos de Maceió. Por causa da baixa do dólar, o bacalhau que já está sendo comercializado chega com uma ligeira redução nos preços se comparado a anos anteriores, mas é importante ficar atento a promoções que costumam ser feitas com a proximidade da Sexta-Feira da Paixão e do Domingo de Páscoa, que este ano caem nos dias 14 e 16 de abril, respectivamente. O consumidor poderá também optar entre as variedades como o saithe – com valores mais acessíveis - porto, ling e zarbo, importados pelo Grupo Pão de Açúcar, do qual faz parte o hipermercado Extra. “A expectativa do grupo é de que as vendas na área de pescado sejam 15% maior que o mesmo período do ano passado”, afirma o gerente-geral do Extra Maceió, José Adelson dos Santos. O Extra Maceió também está investindo em peixes frescos e crustáceos. Para o período, foram encomendadas dez toneladas de camarão e três toneladas de tilápia. “Além disso, ainda temos outras variedades de peixes”, diz Adelson. O Bompreço, da rede norte-americana Wal-Mart, também espera um incremento de 15% a 20% nas vendas de pescado em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a assessoria de imprensa da rede, na Páscoa, as vendas de peixe chegam a crescer 100% em relação às demais semanas do ano. VA ### Camarão deve ser vendido a R$ 20 na semana santa Enquanto os supermercados se preparam para aumentar as vendas de peixe nesta Páscoa, os pescadores da Colônia Z-1, que vai da praia de Ipioca até Jaraguá e compreende as balanças de Ponta Verde, Pajuçara e Jaraguá, fazem previsões desanimadoras com relação aos negócios neste período. O vice-presidente da Colônia Z-1, José Rilvo Nobre, afirma que a produção local é suficiente para suprir a demanda em Maceió “até com sobra”, mas que isso não vem ocorrendo há alguns anos por causa da entrada em Alagoas de peixes vindos de outras regiões do Brasil. “Os pescadores de Alagoas até conseguem abastecer o mercado, mas diante da concorrência externa o nosso pescado encalha. O peixe que vem de fora chega aqui em grande quantidade e ainda são vendidos a prazo, o que não temos condições de fazer. É uma concorrência desleal”, afirma Nobre. Por causa dessa concorrência, segundo Nobre, o preço do quilo do peixe nas balanças de Maceió já caiu até R$ 2 nos últimos meses. “Nós trabalhamos com pesca artesanal e não temos como competir com a pesca industrial. Enquanto passamos seis dias no mar e conseguimos trazer apenas 150 quilos de peixe, a embarcação industrial consegue em um lance de rede de cinco a seis toneladas de pescado”. O vice-presidente da colônia Z-1 não está animado com a semana santa. Segundo ele, as vendas de 2005 foram “ruins” e a expectativa é que este ano a procura seja igual ou até mesmo inferior ao ano passado. “Os preços sobem em torno de 20%, 25% na semana santa, mas, quando isso acontece, o poder de compra da maioria dos clientes cai e só quem acaba comprando é o rico ou a classe média”, diz. Quem prefere camarão na semana santa deve ficar atento aos preços, diz Nobre. De acordo com ele, a pesca do crustáceo na faixa do litoral que vai de Jaraguá até o Peba está praticamente parada e a conseqüência direta disso é que o camarão vendido nas balanças de Maceió é proveniente de cativeiros de produtores alagoanos e de outros estados. “Não há concorrência para o camarão de cativeiro. Quando tinha produção do mar o preço do quilo ficava em R$ 8, R$ 10. Agora, com a oferta restrita à produção de cativeiro, o quilo chega a R$ 15, R$ 16. E na semana santa deve ser vendido a R$ 20”, afirma Nobre. A preocupação dos pescadores alagoanos com a concorrência externa é justificada. Somente a pernambucana Netuno Pescados, uma da maiores empresas do ramo no País, espera um incremento nas vendas em Alagoas de 47,96%, em relação à mesma época do ano passado. A previsão da empresa de vendas no Estado durante a semana santa gira em torno de R$ 450 mil. De acordo com o gerente comercial da Netuno Pescados, José Robson, o consumidor alagoano é extremamente exigente, além disso, “são fiéis à marca e apreciam novidades e lançamentos”, acrescenta. VA ### Mercado recebe 100 milhões de ovos Comercialmente, nada lembra mais a chegada da Páscoa do que as parreiras (local onde se penduram os ovos) armadas em supermercados e lojas de departamentos abarrotadas de ovos de chocolate. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Cacau, Chocolates, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) mostram que o produto – focado principalmente no público infanto-juvenil – amplia suas vendas a cada ano, fazendo do Brasil o quinto maior produtor de chocolate e um dos maiores mercados de Páscoa do mundo. De acordo com a Abicab, cerca de 100 milhões de ovos de chocolate serão comercializados na Páscoa deste ano. Serão 20,4 mil toneladas de chocolate em todo País, além de mais de 3,5 mil toneladas de cobertura destinada ao mercado informal e artesanal. Esse volume equivale a 8,6% da produção nacional de produtos de chocolate de consumo continuado, como tabletes, bombons, candy, etc. A expectativa de vendas da indústria é de R$ 612 milhões, com um percentual de faturamento anual de 8,6% e geração de 25 mil empregos temporários. Com isso, a produção de 2006 deve ser 5% superior a de 2005, que foi de 19,4 mil toneladas. Os preços dos ovos também sofrem acréscimo em 2006 na comparação com 2005. Em médio, a alta foi de 7%. O presidente da Abicab, Getúlio Ursulino Netto, diz que nesta época do ano o brasileiro praticamente dobra o consumo de chocolate, principalmente nos três, quatro dias que antecedem o Domingo de Páscoa. Em Alagoas, as parreiras começaram a ser montadas logo após o carnaval. A antecipação é uma forma que as redes de varejo têm de avaliar a propensão do consumidor para comprar os ovos de chocolate e, claro, vender mais. Não falta novidade em matéria de recheios e brindes. E não são apenas as marcas consagradas que estarão expostas, grupos como o Pão de Açúcar (hipermercado Extra) e Wal-Mart (Bompreço) também investem em ovos de marca própria. Além do doce apelo do chocolate, os ovos trazem cada vez mais brinquedos como brindes para atrair o consumidor mirim. Dados do Wal-Mart mostram que em 2005 as vendas do ovo recheado de brinquedo ficaram 20% acima do esperado e a rede espera que este ano aumente até 30%. A expectativa de vendas de ovos de chocolate no Extra Maceió é tão grande, que, segundo o gerente-geral do hipermercado, José Adelson dos Santos, já foi feito um pedido de reforço de estoque na ordem de 40%. “Montamos as parreiras e vamos tendo noção de como serão as vendas do ano”, diz. Outros produtos de chocolates também são bastante procurados nesta época do ano. Há coelhinhos, cenouras, barras e bombons. Mas o quesito sobremesa não pára por aí. Cada vez mais o consumidor descobre e compra o bolo de páscoa ou colomba pascoal, uma espécie de panetone em formato e sabor mais diversificado. As ofertas vão desde produtos de grandes marcas da indústria alimentícia a bolos de fabricação própria de redes do varejo. VA ### Vendas de azeite e vinho devem crescer Assim como o bacalhau que deve ter uma discreta redução em seu valor, este por causa da queda do dólar, os vinhos importados também devem apresentar queda As vendas de azeite de oliva, leite de coco e vinho, ingredientes que fazem parte de qualquer refeição na semana santa, também contribuem para fazer da Páscoa a segunda melhor data do ano para o varejo no segmento de alimentos. Os azeites comercializados no mercado vão desde os tradicionais até os que têm sabor, de manjericão, pimenta ou alho. Há também o azeite feito de um único tipo de azeitona e os já conhecidos virgens e os extra-virgens. Acompanhamentos No Grupo Pão de Açúcar, do qual faz parte o hipermercado Extra, as vendas de azeite corresponderam a 60% do faturamento da subcategoria óleos e azeites. De acordo com o gerente-geral do Extra de Maceió, José Adelson dos Santos, foi vendido mais azeites que óleos de soja, canola, milho e girassol durante a semana santa do ano passado. A expectativa é elevar esse percentual para 65% este ano. Assim como o bacalhau que deve ter uma discreta redução em seu valor, este por causa da queda do dólar, os vinhos importados também devem apresentar uma variação decrescente em seus preços. Algumas marcas de vinho importadas da Argentina e Chile, por exemplo, tiveram uma queda de até 10% em relação a anos anteriores. Nova tendência Além da venda de alimentos crescer durante o período da quaresma, que vai da Quarta-Feira de Cinzas até o Domingo de Páscoa, que neste ano cai no próximo dia 16, uma nova tendência de consumo vem sendo detectada por algumas redes de supermercados. De acordo com o diretor de Hipermercado do Nordeste, da rede Wal-Mart, do qual faz parte o Bompreço, Marvim Balduf, há uma tendência do consumidor de adquirir peças de vestuário durante a semana santa. Segundo Balduf, esse “novo” hábito de compras estaria relacionado às promoções realizadas no período e que geralmente abrangem o setor de vestuário. “O volume de vendas no período, em geral, é muito bom. Sobretudo dos produtos sazonais. Mas o que estamos observando é que na semana santa também há uma procura por roupas. O consumidor tem comprado peças do vestuário nesta época também”, afirma Balduf.

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