Economia
Pecu�ria pede reabertura das divisas de AL

EDIVALDO JUNIOR A velha máxima do perfume francês, de que nos menores frascos estão as melhores fragrâncias, cai como uma luva para a pecuária de Alagoas. Considerando o seu consumo, o Estado ainda importa 20% de carne bovina e 40% de carne de frango. Em contrapartida, exporta genética. Os pecuaristas alagoanos são reconhecidos internacionalmente como excelentes selecionadores de animais. Este mês, os Irmãos Barros Correia, da Fazenda Recanto, em Chã Preta, selecionadores de gado nelore, viraram notícia na maior exposição de animais do País, a Internacional de Uberaba, ao vender uma vaca por R$ 196 mil em um leilão. Foi o quarto animal mais caro já vendido no País e o mais caro do Nordeste, revela o ex-presidente da Associação dos Criadores de Alagoas, Álvaro Vasconcelos. Outro exemplo, lembra ele, foi o bicampeonato interna-cional conquistado pela Agropecuária Olival Tenório, de Campo Alegre. Alagoas é líder em seleção de animais no que existe de mais valorizado. É o caso da raça nelore, a preferida dos criadores de gado de corte de todo o País, e do girolando (raça leiteira). O mesmo acontece como no caso dos ovinos. Temos hoje o melhor plantel de carneiros Santa Inês, que são os mais valorizados. Também somos líderes na criação de outras raças preferidas nacionalmente, a exemplo dos cavalos manga-larga marchador, quarto-de-milha e campolina, afirma Vasconcelos. Incentivos Apesar de tanta experiência, o Estado ainda importa carne de outros Estados, mesmo com o crescimento do rebanho bovino, atualmente estimado em 900 mil cabeças. Estamos avançando. Há dez anos, a importação era de 60%, hoje é de 20%. Isso porque não existem incentivos, nem financiamentos, afirma. No momento, o maior estímulo ao setor, além da definição de uma política de crédito e incentivo fiscal, na avaliação do presidente da Federação da Agricultura, Álvaro Almeida, seria a reabertura das divisas do Estado. Ficamos como estamos mais atrasados no controle da febre aftosa do que o restante do País, não podemos vender nossos animais para o melhor mercado que é o do Sul e do Sudeste. Isso significa perda de mercado e de dinheiro, reclama. Até mesmo rotas alternativas que eram utilizadas pelos criadores, a exemplo do Pará, onde os animais podiam ficar de quarentena, não podem mais ser usadas. Agora só nos resta vender os animais em apenas seis Estados do Nordeste, diz Vasconcelos. Para reverter este quadro, os criadores defendem a reabertura das divisas. É preciso que o Estado avance no controle da aftosa e apoie o setor. Somente assim nossa pecuária vai continuar crescendo, ressalta Vasconcelos.