Economia
Empresa perde frete do �lcool, a��car demerara e argila do S�o Francisco

A Companhia Ferroviária do Nordeste CFN perdeu os fretes do álcool, açúcar demerara e argila transportada de Propriá-SE para Recife; o último trem partiu em maio de 2000 e não mais voltou, porque está impedido de trafegar pela linha férrea de Alagoas. Formada pelo consórcio que envolve a Companhia Vale do Rio Doce, Grupo Votorantim e Bradesco, a CFN arrematou a Rede Ferroviária do Nordeste linhas de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão por 30 anos, com o compromisso de recuperar a malha ferroviária. Prejuízos No espólio da Rede Ferroviária entraram 88 locomotivas, mas destas apenas 40 estavam em condições de uso o restante virou sucata e servia à prática do canibalismo de peças, nas oficinas de Edgar Werneck, no subúrbio de Recife. E mais: 4 mil e 100 vagões, entre graneleiros, tanques e carroções. Mas dos mais de seis mil quilômetros de linha férrea, cerca de quatro mil quilômetros precisavam de reparos e mais de dez mil dormentes teriam de ser substituídos. No contrato de privatização, a empresa se comprometia a investir 100 milhões de reais só na recuperação da malha viária, mas não o fez. Os prejuízos são grandes, porque cada vagão ocioso representa uma média de 50 mil reais por dia. Nós não estamos podendo circular com o trem e isso agrava a nossa situação, diz a direção da empresa, tentando sensibilizar o governo federal. As cargas A CFN transportava açúcar demerara das usinas Capricho, Uruba e Santa Clotilde para o porto de Maceió, álcool da Usina Laginha (Grupo João Lyra) para Fortaleza, São Luiz e Teresina, e argila de Propriá-SE (margem do Rio São Francisco) para a indústria de cerâmica em Recife. Por mês, as cargas somavam 18 mil toneladas. A expectativa da CFN era a de construir um terminal de líquidos em Jaraguá, para transportar a produção da Trikem até a Central de Matéria-Prima da empresa, em Camaçari-BA. A direção da CFN já estava discutindo a encomenda de vagões-tanque, revestidos com polyester, para servir o transporte de produtos químicos. Mesmo reconhecendo que os melhores resultados foram obtidos nos Estados da Paraíba e no Ceará, a CFN apostava na expansão dos serviços. A direção da empresa, tentando demonstrar esse interesse, alega que chegou a implantar o sistema de comunicação a cabo e que trouxe locomotivas do Ceará para operar em Alagoas. Com a paralisação do serviço de cargas, a CFN foi obrigada a transportar de caminhão duas das três locomotivas que estavam impedidas em Alagoas de prosseguir viagem. A única locomotiva da CFN que permanece no Estado se encontra estacionada no pátio de manobras, na estação de Arapiraca, aguardando que a linha férrea seja recuperada.