Economia
Mercado continua temeroso, apesar das medidas do governo

O governo bem que tentou. Mas o efeito do anúncio de medidas para aumentar a liqüidez do mercado financeiro foi passageiro. Os investidores continuam receosos quanto à capacidade de rolagem da dívida interna, tema que não foi tratado pelo governo no pacote desta quinta-feira. A moeda americana - que chegou a cair 5,86% batendo a mínima de R$ 2,631 durante o anúncio do minipacote pela equipe econômica - chegou ao fim dos negócios com recuo de 3,04%, cotada a R$ 2,708 na compra e R$ 2,710 na venda. A Bovespa, que registrava leve alta logo após o anúncio, também inverteu a tendência e a expectativa do mercado de recuperação dos preços das ações hoje não foi confirmada. A bolsa voltou a fechar com queda de 1,40%, ainda mais acentuada do que ontem (-0,63%). O pregão encerrou a quinta-feira com 11.962 pontos e volume financeiro de 517,4 milhões. O pacote tem uma série de ações para acalmar o mercado: economizar mais, sacar US$ 10 bilhões do Fundo Monetário Internacional (FMI) e recomprar mais títulos da dívida pública interna e externa. As medidas tiveram um efeito passageiro, porque os investidores esperavam medidas mais enérgicas do Banco Central para tranqüilizar o mercado. O diretor da corretora NGO, Sidnei Moura Nehme, disse que a reação foi mesmo muito positiva no início, mas a crise de desconfiança, que ainda é forte, não deixou a moeda cair muito depois. Medidas concretas Inicialmente, eu achava que o BC tinha poucas condições de tomar medidas mais concretas para aliviar a tensão, mas acabei me surpreendendo, como todo o mercado. A moeda despencou logo no início, mas depois o ritmo foi bem menor. A queda não foi tão forte no final do dia porque entre a prática e a ação existe grande diferença, ou seja, o mercado acaba digerindo mais lentamente medidas como as que foram anunciadas, afirmou Nehme. Ele explicou que as crises de conflitos acontecem com rapidez, mas a reversão é muito mais demorada. O mercado ficou a manhã toda esperando pelo anúncio de pelo menos cinco medidas. As duas primeiras, saque no Fundo Monetário Internacional (FMI) e corte no orçamento, já eram dadas como certo, segundo o economista chefe do Bic Banco, Luiz Rabi.