Economia
Mercado suspende tr�gua e d�lar dispara

Durou apenas um dia a trégua dada pelo mercado ao Banco Central. A instituição voltou a intervir no mercado nesta terça-feira, mas sem o mesmo sucesso de segunda-feira. O mercado ainda está muito nervoso. O BC ainda não conseguiu acalmá-lo de fato, afirma Flavio Datz, da àgora Sênior. Após a boa queda de 1,88%, segunda-feira, o dólar voltou a se valorizar. Subiu, ontem, 1,91% e encerrou o dia valendo R$ 2,715, a mesma cotação da sexta-feira. O risco-país, medido pelo JP Morgan, voltou a superar os 1.300 pontos. Encerrou o dia em alta de 5,04%, para 1.313 pontos. O indicador mede a capacidade de um país honrar seus compromissos financeiros. As taxas de juros no mercado futuro também voltaram a subir. Os contratos mais negociados e que servem de referência para o mercado, com vencimento em janeiro de 2003, subiram de 21,73% para 22,95%. A Bovespa caiu 0,97%. Para Helio Osaki, analista da Finambras, a deterioração nos indicadores financeiros do país reflete o fato de que os bancos estrangeiros não podem mais errar: Eles perderam muito dinheiro na Argentina. Não podem mais perder nada e não vão arriscar. No início da tarde, o BC fez uma consulta ao mercado para avaliar qual seria a demanda pela moeda e voltou a intervir nas operações. Como já fizera na sexta-feira, vendeu dólares. Logo após a venda, o dólar reduziu sua valorização, que beirava 1,5%, para 0,63%. Mas, instantes depois, retomou a tendência de alta, que chegou a bater, na máxima do dia, em 2,18%. Na estimativa do mercado, o BC vendeu entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões, para apenas dois bancos. Esse volume é irrisório, afirma Osaki. Se o BC tivesse sido mais hábil, vendido um montante maior ou pelo menos quantias baixas, mas com uma sequência de intervenções, poderia ter conseguido um resultado melhor. FMI tenta acabar tensões e disponibiliza US$ 10 bi O Fundo Monetário Internacional (FMI) informou, ontem, ter aprovado a última revisão do programa de empréstimos de US$ 15,7 bilhões para o Brasil, tornando disponíveis ao país cerca de 10 bilhões de dólares. A autorização veio após o conselho do Fundo rever o progresso econômico brasileiro. Na semana passada, o governo deixou claro que planejava sacar os US$ 10 bilhões do FMI para acalmar os mercados antes das eleições de outubro e ajudar o país a se defender dos efeitos da crise argentina. A última revisão acrescenta US$ 5,2 bilhões aos US$ 4,8 bilhões disponíveis por revisões anteriores, elevando o total de dinheiro à disposição do Brasil para US$ 10 bilhões. Tendo já usado US$ 4,8 bilhões do total de US$ 15,7 bilhões, uma vez que Brasil utilize os US$ 10 bilhões disponíveis agora, restará apenas menos de US$ 1,0 bilhão do pacote para o país usufruir. Argentina A missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) enviada à Argentina traça um futuro ainda mais sombrio para o país até o fim deste ano. Reportagem publicada no jornal Página 12 aponta que os economistas do Fundo estimam que a inflação deverá disparar até 100% na Argentina neste ano, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) despencará 15% em relação a 2001. Uma das conseqüências dessa tragédia econômica seria o salto do desemprego, que deve fechar o ano com taxa de 29%. Apesar disso, a missão do FMI exige cumprimento da meta de ajuste fiscal estabelecida com as Províncias argentinas. Estes dados contrastam com o cenário menos pessimista desenhado pelo Ministério da Economia argentino. De acordo com os números oficiais, a inflação seria de 46% entre junho e dezembro, e de 84% em todo ano. Já o PIB cairia 12%.