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Conforto e estilo: símbolo do carnaval, abadá movimenta comércio criativo

Além de gerar um sentimento de pertencimento, peças também são importantes produtos para acesso aos blocos, shows e camarotes

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Customização de abadás geram renda para profissionais alagoanos
Customização de abadás geram renda para profissionais alagoanos | Foto: Ailton Cruz

Pelo menos quatro componentes não podem faltar no carnaval, pois eles estão na essência da festa do Rei de Momo: os bloquinhos de rua, o frevo, o axé e, claro, os abadás. No Brasil, sem esse seleto grupo, o festejo mais aguardado do ano perde a sua característica que faz dele um período único na cultura brasileira.

Os blocos de rua dão vida às cidades, o frevo e o axé dão o ritmo, e os abadás criam a identidade daqueles que saem de suas casas para abraçar a diversão. É nesse tipo de roupa que os foliões se integram ao ambiente festivo e se sentem pertencentes uns aos outros que compartilham da mesma vestimenta.

Os abadás, além de gerar um sentimento de pertencimento, também são importantes produtos para acesso aos blocos, shows, camarotes, dentre outros espaços carnavalescos. Com isso, eles movimentam um mercado não só de compras e vendas diretamente com os foliões, como também de confecção executada pelas gráficas e, por último, de customização, sendo uma oportunidade lucrativa para os profissionais de corte e costura.

Embora os abadás sejam usados por muitos do jeito que ele saiu da gráfica, há folião, especialmente as mulheres, que os transformam em verdadeiros estilos dignos de passarela de moda para desfilarem nas avenidas.

E elas contam com o profissionalismo de pessoas como Lindiana Maria de Carvalho, design de moda, de 39 anos, que atua há mais de 20 anos com corte e costura e, desde o início da carreira, customiza abadás. Nessa época do ano, a costureira afirma que dobra o faturamento.

“A cada período, acabo conquistando novos clientes, que voltam anualmente ou até se tornam clientes fixos”, afirma ela. E como nos dias que antecedem o carnaval, a demanda aumenta, Lindiana precisa reorganizar seu tempo para entregar as customizações, mas também conseguir atender os clientes que a buscam para outras ocasiões.

“Os abadás e as roupas de festa são prioridades, já que têm uma data prevista para uso. Por isso, os demais consertos acabam tendo um prazo de entrega mais longo, sempre combinado com os clientes”, comenta ela.

A customização de um abadá com Lindiana custa a partir de R$ 50, mas o preço aumenta a depender do tamanho e do corte. “Na customização dos abadás, as franjas de paetês e os fru-frus de renda ainda são os mais pedidos. Como é uma peça única, o vestido acaba sendo o mais procurado”, conta ela.

Mas os homens também procuram o corte e costura para ajustar a peça. “Eles estão mais vaidosos. Acabam ajustando, diminuindo ou até mesmo customizando, sendo em menos quantidade que as mulheres”, pontua a costureira.

A jornalista alagoana Camila Moranelo é fã dos blocos arrastados por trio elétricos. Para ela, os abadás são símbolos de “pertencimento e beleza”. Nesse pré-carnaval, ela customizou três abadás: do bloco Caveira, do bloco da Telesil no Pinto da Madrugada, e do Rock Maracatu.

“É massa quando a gente compra um evento de trio, seja carnaval, seja micareta, e podemos customizar com o nosso estilo. A gente consegue se identificar com aquilo e entender que pertencemos aquele espaço. Eu amo toda agonia e ansiedade de comprar o ingresso, esperar o dia de pegar o abadá, levar na costureira e vê-lo pronto do jeitinho que eu imaginei. A gente passa o ano inteiro esperando o carnaval chegar pra poder se permitir e sermos nós mesmos através de uma idealização de um abadá”, considera a foliã.

Os abadás foram criados no início dos anos 1990 e seu inventor é um personagem ícone no carnaval brasileiro: Durval Lélis, ex-cantor do Asa de Águia. No primeiro ano em que desfilou com o bloco Eva, ele teve a ideia de criar uma vestimenta leve, solta e fresca para garantir conforto na folia durante as altas temperaturas do verão.

“Antes do abadá, eram mortalhas. Era um pano que ia do pescoço até a canela, eram bem desenhadas. Era uma indumentária muito bonita, mas fazia calor. Eu tocava no [bloco] Eva no primeiro ano, e a gente disse: ‘Poxa, a gente precisa inovar, fazer uma coisa diferenciada’. Eu sentei com um artista, Pedrinho da Rocha, e veio o nome: Abadá, um nome que vem da capoeira, que é a parte superior da roupa da luta. E aí a gente disse: ‘Vamos fazer o abadá carnavalesco’, e então rolou. Porque era fresco, solto. Foi aí que surgiu esse elemento do carnaval e se transformou na fantasia oficial do carnaval da Bahia”, relatou o cantor do Axé no Churrascão do Faustão, em 2023.

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