ALTA É SAZONAL
Preço do ovo sobe mais de 30% e pode baixar somente no 2º semestre
Alta deve-se, segundo o Governo Federal e analistas, a uma combinação de fatores


O preço do ovo de galinha está pesando no bolso do alagoano e afeta não apenas o consumidor, mas também os estabelecimentos que utilizam a proteína. A alta deve-se, segundo o Governo Federal e analistas, a uma combinação de fatores, que vão desde a oscilação do dólar, aumento do valor dos insumos até o calor excessivo.
O milho, que é um dos principais componentes da ração das galinhas, teve também aumento de preço e gerou impacto direto na produção dos ovos, encarecendo o custo da produção. “Várias questões contribuíram para esse aumento. Esse calor afeta direto a produção, assim como o preço do dólar e o valor da embalagem”, explica Raimundo Barreto, presidente da Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA).
O empresário fez uma comparação: em dezembro de 2024, uma bandeja com 30 unidades girava em torno R$ 15 e, em fevereiro, já ultrapassa R$ 20.
“Em 2024, tivemos preços mais amenos na dúzia do ovo, mas de janeiro de 2025 a fevereiro de 2025 tivemos uma alta de quase 39%”, esclarece o economista Renan Laurentino. Ele explica que essa alta, primeiro, deve-se ao custo de manutenção da criação como o farelo de milho e o farelo de soja que sofrem com a alta do dólar. Isso impacta no custo do criador das aves.
Outro fator foi a gripe aviária nos Estados Unidos, segundo analistas, já que parte dos nossos ovos estão sendo exportados para os EUA. “O que é interessante para o criador porque ele ganha em dólar frente a essa desvalorização do real. Ele ganha mais. Outra questão é o calor excessivo, os riscos climáticos. Está muito quente, então a galinha não coloca muitos ovos e isso diminui a produção”, destaca Laurentino.
Alta é sazonal
Segundo o economista Renan Laurentino, quando há um aumento de consumo, na procura e também uma diminuição na oferta, o preço se eleva. Ele disse que se acredita que a partir do segundo semestre a tendência é que os preços voltem à normalidade, mas isso é uma perspectiva.
“Quando uma nova criação (de galinhas) começar a trabalhar, ofertando quantidade significativa e diminuindo os custos dessa produção, essa redução de preço é certa, mas não podemos afirmar se acontece amanhã ou daqui a 30 dias. Isso vai levar um tempo”, conclui o economista.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) esclareceu que a alta registrada no preço dos ovos é uma situação sazonal, comum ao período pré e durante a quaresma e que após longo período com preços em baixa, a comercialização de ovos aqueceu pela demanda natural da época, quando há substituição de consumo de carnes vermelhas por proteínas brancas e por ovos.
“Vale ressaltar que os custos de produção acumularam alta nos últimos oito meses, com elevação de 30% no preço do milho e de mais de 100% nos custos de insumos de embalagens. Ao mesmo tempo, as temperaturas em níveis históricos têm impacto direto na produtividade das aves, com reflexos na oferta de produtos”, informa a ABPA, em comunicado nas redes sociais. E que a situação deve se normalizar até o fim do período da quaresma.
Autoridades monitoram aumento
Analistas contam que o Brasil registrou este ano ondas de calor que impactaram diretamente a saúde das galinhas, reduzindo a produção de ovos e aumentando o preço. O presidente Lula até já se pronunciou sobre o fato e anunciou, durante uma entrevista esta semana, uma reunião com atacadistas e representantes da indústria.
Na última quinta-feira (20), o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse que já é possível encontrar alimentos com preços mais em conta em supermercados do país. Em entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro, ele disse que os preços dos alimentos no Brasil subiram, sobretudo, em meio às eleições norte-americanas.
“O dólar estava R$ 5,70 e passou para R$ 6,30. Todos os alimentos que estão ancorados no dólar, porque são exportáveis, subiram junto. Esses alimentos que estão ancorados no dólar, à medida que o dólar baixou, estão baixando. Mesmo as carnes estão baixando. O que está muito fora de propósito hoje é o ovo. Estamos fazendo um estudo desses alimentos que estão fora da curva, as carnes e o ovo, o açúcar, o café e a laranja”, afirmou Paulo Teixeira.