IPCA
Preço do café aumentou 80,2% nos últimos 12 meses, diz IBGE
Em alguns estabelecimentos comerciais de Alagoas, o preço do pacote de café de 250g, dependendo da marca, passou de R$ 15 para R$ 17


De amargo para salgado, o preço do café moído subiu 80,2% nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados na sexta-feira (9), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em alguns estabelecimentos comerciais de Alagoas, o preço do pacote de café de 250g, dependendo da marca, passou de R$ 15 para R$ 17. A previsão, por enquanto, é que o preço ainda não se estabeleça, oscilando, provavelmente para cima, durante alguns meses.
Dados IBGE indicam que esta é a maior inflação acumulada desde 1995, quando registrou um aumento de 85,5%. Vale salientar, também, que desde a introdução do Real como moeda nacional a inflação do café moído nunca atingiu números tão altos.
De acordo com o presidente da Associação de Supermercados de Alagoas (ASA), Raimundo Barreto, não dá para prever o futuro para o custo do café moído. Ele afirma que é possível que continue subindo, devido à questão climática e as exportações do produto, que estão em alta.
Fernando Gonçalves, gerente do IPCA, salienta ainda que há outros fatores que justificam este aumento, como o atual valor do dólar, que vem oscilando perto dos R$ 6, incentivando a exportação pelos agricultores.
De maneira didática, o economista Diego farias explica como tudo isso afetou o preço do cafezinho: “O café ficou caríssimo porque o tempo não ajudou: faltou chuva, fez calor demais e até geada teve. Com isso, as lavouras produziram menos. Além disso, tudo que é usado para plantar (adubo, combustível, mão de obra) também subiu de preço. E como o dólar estava alto, ficou mais vantajoso vender café pra fora do Brasil do que aqui dentro. Ou seja: teve menos café pra gente e ele ficou bem mais caro nas prateleiras”, explica Diego.
Com todo este descontrole que envolve diversos fatores, um dos primeiros prejudicados são os distribuidores de café. José Vieira, um dos maiores distribuidores do produto em Alagoas, fala sobre as estratégias para conseguir distribuir o café moído a um preço que seja acessível ao consumidor.
“Não há muito o que fazer, mas estamos fazendo o que está ao nosso alcance, como redução nas margens de lucro, e cobrando dos fornecedores menores preços de compra”, conta José.
Além das distribuidoras e dos supermercados, outros setores comerciais são direta e indiretamente prejudicados por esta questão econômica, principalmente bares e restaurantes, gerando um dilema complicado aos comerciantes. “Desde as padarias, bares e lanchonetes estão pagando bem mais caro pelo café que servem. Aí eles têm duas opções: ou aumentam o preço do cafezinho que a gente ama, ou ficam com menos lucro”, conclui o economista.
O presidente da ASA diz que, por enquanto, a solução é que os consumidores busquem outras formas de pagar menos no produto, seja à procura de promoções ou pesquisa de preço em diferentes supermercados.
*Estagiário sob supervisão.