Mercado
Ibovespa bate recorde e fecha aos 138 mil pontos pela 1ª vez
O dólar fechou em queda de 1,34%, cotado a R$ 5,6086


O Ibovespa bateu recorde nessa terça-feira (13) e fechou aos 138 mil pontos pela primeira vez na história. A bolsa brasileira chegou, inclusive, a bater os 139 mil pontos na máxima do dia, e o dólar fechou em queda, cotado a R$ 5,60.
O resultado positivo do mercado nessa terça veio de uma mistura de boas notícias, vindas da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), dos dados de inflação dos Estados Unidos e ainda dos efeitos da trégua tarifária entre os americanos e a China.
A ata do Copom mostra que o comitê entende que o processo de elevação dos juros no Brasil já tem contribuído e "seguirá contribuindo para a moderação de crescimento" da economia. O BC elevou a taxa Selic na semana passada, para 14,75% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas.
O comitê indica que as expectativas de inflação ainda estão acima da meta do BC, o que vai exigir um juro maior por mais tempo. Essa era uma preocupação dos investidores, que tinham algum receio de que o BC pudesse ser mais leniente com a inflação brasileira.
O colegiado ainda afirmou que se manterá vigilante e que a "calibragem" (o ritmo) da alta do juro seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação para a meta de 3%.
A lógica é a seguinte: juros mais altos desestimulam o consumo, pois fica mais caro fazer empréstimos ou compras a prazo. Ao reduzir o consumo, a demanda por produtos diminui, o que ajuda a controlar a inflação, que ocorre quando a oferta não acompanha a demanda.
No exterior, os investidores seguiram otimistas com o acordo entre EUA e China sobre as chamadas "tarifas recíprocas" implementadas pelo presidente americano Donald Trump.
As duas potências concordaram em diminuir significativamente as taxas sobre produtos de importação durante 90 dias. As taxas dos EUA sobre as importações chinesas cairão de 145% para 30%. As tarifas da China sobre os produtos americanos serão reduzidas de 125% para 10%.
Somou-se a isso o resultado do índice de preços ao consumidor dos EUA (CPI, na sigla em inglês), que veio abaixo do esperado pelo mercado e ajudou a reforçar a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) pode não precisar subir juros para conter os preços.
Segundo especialistas, o bom humor visto nos mercados nessa terça-feira (13) — com recorde na bolsa de valores e valorização do real ante o dólar — reflete não apenas os últimos resultados corporativos, como também o ambiente macroeconômico mais favorável, tanto aqui quanto no exterior.
"A divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nos EUA, que subiu abaixo do esperado em abril, trouxe alívio aos mercados globais, reforçando a percepção de que o ciclo de aperto monetário americano pode estar chegando ao fim", afirma o analista da CM Capital, Vitor Agnello.
Além disso, os analistas ainda citam o acordo entre os EUA e a China, anunciado na véspera, e as indicações do Copom em sua ata, como outros fatores que impulsionaram o otimismo no pregão de ontem.
"Essa conjuntura de notícias positivas para o mercado fez com que os investidores tomassem risco", explica Gabriel Mollo, analista de investimentos do Banco Daycoval.
Copom
No Brasil, a ata do Copom divulgada nesta terça-feira (13) mostrou que as decisões do BC seguirão guiadas pelo objetivo de trazer a inflação brasileira para as metas.
O colegiado afirmou que o ambiente internacional adverso e a desancoragem das expectativas de inflação podem exigir juros maiores por mais tempo. Ainda assim, o comitê indicou que a política monetária está funcionando — o que foi visto com bons olhos pelos investidores.
Segundo o BC, o impacto da elevação da taxa básica de juros no mercado de trabalho já está sendo observada e deve se intensificar. Em março, por exemplo, foram criadas 71,6 mil vagas formais de emprego, com queda de 71% frente ao mesmo período do ano passado.
Diante desse cenário de desaceleração, os economistas do mercado financeiro passaram a projetar estabilidade na taxa Selic até o fim de 2025, de acordo com o relatório "Focus" do BC divulgado nessa segunda (12). Até então, eles estimavam uma nova elevação em meados de junho, para 15% ao ano.
Os analistas também reduziram, pela quarta semana consecutiva, a expectativa de inflação de 2025, de 5,53% para 5,51%. Mesmo com a redução, no entanto, o índice continuaria bem acima do teto da meta, que é de 4,5%.
As incertezas internacionais, no entanto, continuam a pesar para o Copom. Segundo o economista e relações institucionais da Polo Capital, Arnaldo Lima, a ata "trouxe um diagnóstico ainda mais severo sobre o cenário externo".
"Destaca-se a avaliação de que, embora o Brasil possa estar relativamente menos exposto aos efeitos diretos das tarifas norte-americanas do que outras economias, segue fortemente impactado por um ambiente global adverso", afirmou, em nota.