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MAIOR DO NORDESTE

Distribuidora de Arapiraca aposta em automação para solução logística

Arapiraquense, o Grupo Andrade cresceu 16,5% em 2024 e teve faturamento de R$ 1,65 bilhão

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Centro de Distribuição (CD) de Arapiraca que conta com 8.294 m2 e 14 metros de altura.
Centro de Distribuição (CD) de Arapiraca que conta com 8.294 m2 e 14 metros de altura. | Foto: Ailton Cruz

Descarrega caminhão, abre caixa, abastece estoque, recebe pedido, separa, embala e envia para entrega. Essa é, em linhas gerais, a rotina de uma distribuidora. Um trabalho que exige agilidade. Para se ter ideia, a maior velocidade já registrada por um ser humano foi de 9,58 metros por segundo, marca do jamaicano Usain Bolt. Em Arapiraca, o empresário Celso Pessoa, CEO do Grupo Andrade, que atua no ramo de distribuição, conseguiu um “funcionário” que desempenha atividades de controle de estoque em nove segundos. Alemão e com custo de R$ 12 milhões, ele não é humano, e sim um robô, que faz parte da estratégia de automação do grupo.

Fundado e com sede em Arapiraca, o Grupo Andrade é o maior atacadista distribuidor do Nordeste e o nono do Brasil, de acordo com o ranking da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad). Além de Alagoas, Andrade está em Pernambuco e Sergipe. Os dados da Abad mostram que a empresa cresceu 16,5% no ano passado, a maior alta entre os principais grupos do segmento, e alcançou a marca de R$ 1,65 bilhão de faturamento.

Transelevador se movimenta a seis metros por segundo na horizontal e três metros por segundo na vertical
Transelevador se movimenta a seis metros por segundo na horizontal e três metros por segundo na vertical | Foto: Ailton Cruz

O processo de automação foi instalado no Centro de Distribuição (CD) de Arapiraca, que conta com 8.294 m2 e 14 metros de altura. Os produtos, majoritariamente de perfumaria, higiene e beleza, são armazenados em um espaço criado em razão da automação e que se chama miniload. É nesse espaço que fica um transelevador que se movimenta a seis metros por segundo na horizontal e três metros por segundo na vertical.

Bandeja é pesada numa balança de precisão e daí segue para ser estocada ou vai direto para uma das 24 estações de separação
Bandeja é pesada numa balança de precisão e daí segue para ser estocada ou vai direto para uma das 24 estações de separação | Foto: Ailton Cruz

O ciclo desse miniload é iniciado quando uma caixa é aberta e os produtos são colocados em uma espécie de bandeja numerada em cima de uma esteira. Depois, a bandeja é pesada numa balança de precisão e daí segue para ser estocada ou vai direto para uma das 24 estações de separação de produtos que estejam sem aquela mercadoria.

Nessas estações, uma tela apresenta o número do pedido e em seguida a bandeja chega numa esteira
Nessas estações, uma tela apresenta o número do pedido e em seguida a bandeja chega numa esteira | Foto: Ailton Cruz

Nessas estações, uma tela apresenta o número do pedido e em seguida a bandeja chega numa esteira. O trabalhador põe a bandeja em cima de uma balança e começa a separar o pedido, que é numerado. A tela já apresenta o número das prateleiras onde estão os produtos necessários. O funcionário pega, põe na bandeja e a balança avisa se o peso corresponde ao pedido.

Finalizada essa etapa, a bandeja segue para uma das outras 23 estações de separação para incluir mais produtos ou para a embalagem.

Todo esse processo é feito sem papel. Tudo em tela. O diretor de operações do Grupo Andrade, Thales Sousa, explica que sem a automação quando as prateleiras das estações ficavam vazias, eram necessários cerca de cinco funcionários para reabastecê-las. Com o processo de automação, elas só ficam vazias quando não tem o produto na empresa, do contrário, o transelevador busca o que for necessário mais rápido que se fosse feito pelo Usain Bolt.

Na embalagem, nada de sacolas. As caixas dos fabricantes dos produtos são reutilizadas, além de caixas próprias da empresa. Finalizado esse processo, agora quem vai para a esteira são as caixas, que percorrem um caminho de cerca de 20 a 30 metros até chegar a uma das dezenas de boxes onde já estão estacionados os caminhões. No carregamento, mais tecnologia. Com cada caixa etiquetada com um código único, os carregadores sabem a ordem de cada pedido no baú do veículo, de modo que o primeiro a ser entregue será o mais perto da porta e o último ficará nos fundos.

Celso Pessoa conhece toda a operação do grupo, do melhor modelo de caminhão ao robô
Celso Pessoa conhece toda a operação do grupo, do melhor modelo de caminhão ao robô | Foto: Ailton Cruz

Com a experiência de quem começou sozinho aos 17 anos, na Rua Brasília, em Arapiraca, Celso Pessoa conhece toda a operação do grupo, do melhor modelo de caminhão ao robô. O empresário pontua que o setor atacadista distribuidor é muito pujante.

Você precisa usar a tecnologia a seu favor. Ter uma velocidade com eficiência. Com isso [automação] a gente teve outros frutos. Porque as indústrias, quando veem todo esse investimento, dizem ‘eu quero estar com essa empresa’. Então tem ganhos que são tangíveis e o ganho intangível, que é o fato de que, através dessa tecnologia a gente conseguiu novas alianças comerciais

Celso Pessoa - CEO do Grupo Andrade

Pessoa destaca que não precisou desligar ninguém com a automação, que atendeu a demanda que cresceu junto com o grupo, que tem clientes desde grandes redes de supermercados a pequenas mercearias. São justamente essas pequenas mercearias que fazem pedidos menores e fracionados, que, com o robô, são rapidamente separados e embalados.

No setor atacadista, o grupo Atacadão é o maior do Brasil, um fenômeno e símbolo do “atacarejo”, que já vende direto para o consumidor final. Para Celso, essa é uma modalidade que se fortaleceu nos últimos 15 anos, mas que já apresenta certa saturação. “Quando o cenário econômico tá muito ruim, as pessoas tendem a comprar no atacarejo. Quando eles passam a ter uma renda melhor, ele passa a comprar no supermercado tradicional porque ele tem um serviço melhor, ele consegue ter um atendimento melhor”, analisa.

Para o futuro, Celso Pessoa descarta a ida para um novo estado e, em vez de apenas expandir, pretende consolidar o que vem estruturando nos últimos anos. “Trabalhar com o que tem e consolidar. Manter e crescer nos estados de Alagoas, onde a gente já tem uma certa consolidação, melhorar o serviço no estado de Pernambuco, com mais lojas, novos fornecedores”, revela.

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