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PENSANDO O FUTURO

Com 41 mil investidores, Alagoas cresce 132% e mostra força em cenário nacional de aplicações financeiras

Valor aplicado no estado já soma R$ 1,48 bilhões; renda fixa e títulos corporativos se destacam entre preferências dos alagoanos

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Alagoas registrou um salto de 132% no número de investidores pessoas físicas entre 2020 e 2025, passando de 17.628 para 41 mil contas na B3. O volume total aplicado também subiu, alcançando R$ 1,48 bilhões, o que coloca o estado na oitava posição no Nordeste em número de investidores, e em 21º lugar no ranking nacional.

O crescimento do número de investidores em Alagoas tem seguido o panorama de outros locais do Brasil. Dados da B3 mostram que o estado conta com 41 mil contas de pessoas físicas sob custódia em maio de 2025 — um aumento expressivo de 132% em cinco anos.

O valor total aplicado, que era de R$ 930 milhões em 2020, chegou a R$ 1,48 bilhões neste ano, alta de 59,13%. Embora o volume de recursos tenha aumentado em menor proporção, o número de novos investidores indica um processo claro de democratização dos investimentos.

“A quantidade de pessoas na bolsa cresceu de forma intensa em Alagoas, acima da média nacional, mas isso não quer dizer que elas estão investindo grandes valores. A média dos aportes diminuiu, o que mostra que mais gente está entrando no mercado, mas ainda com cautela”, explica Fernando Camargo Luiz, sócio-fundador da Garoa Wealth Management.

O especialista lembra que, enquanto o número de investidores saltou 132% no estado, o volume financeiro cresceu 59,13% — o que demonstra um movimento de entrada de pequenos investidores, em linha com o que ocorre no Brasil como um todo. “Em dezembro de 2019, tínhamos 1,66 milhão de pessoas na renda variável em todo o país. Hoje, são 6,06 milhões — um crescimento de 265%”, reforça.

Para ele, esse cenário é resultado do maior acesso digital a corretoras e a plataformas de investimento, melhora na renda per capita em cidades urbanas do estado, além da disseminação de conteúdo de educação financeira por meio das redes sociais.

Segundo a Anbima, os nordestinos aplicaram R$ 663,5 bilhões em 2024, um aumento de 13,2% em relação ao ano anterior. Um dado que chama atenção é a crescente procura por títulos corporativos privados — excluindo os CDBs — que somaram R$ 74,4 bilhões.

“Plataformas digitais eliminaram a necessidade de agências físicas e altos aportes iniciais. Além disso, a presença de influenciadores e canais no YouTube ajudou a tornar o conhecimento financeiro mais acessível.”

Essa mudança de comportamento está ligada a um ambiente de melhoria econômica regional. Em 2024, Alagoas teve o segundo maior aumento de renda per capita do Brasil, com crescimento de 17,4%. “Esse ganho de renda cria margem para as famílias alocarem parte do dinheiro em aplicações financeiras. É um ciclo virtuoso que tende a se consolidar”, afirma o gestor.

Embora não existam dados detalhados por estado sobre o perfil do investidor, a tendência é semelhante à do cenário nacional. “A maioria dos investidores são homens, representando 77,93%, e há uma concentração significativa na faixa etária dos 25 aos 39 anos”, aponta Camargo.

Esse é o caso do administrador Talles Victor, de 33 anos, que começou a investir há um ano. “Pensei no futuro e em não depender de aposentadoria. Comecei sozinho, vendo vídeos e lendo sites. Hoje, foco no longo prazo e invisto principalmente via aplicativos e corretoras digitais”, relata.

Talles diz buscar investimentos que ofereçam equilíbrio entre segurança e retorno. “Tenho apostado em Tesouro Direto e LCA, de olho na estabilidade. Meu foco é a independência financeira e uma aposentadoria mais tranquila.”

O interesse por educação financeira cresce também entre empresários. Danilo Lessa, de 42 anos, começou a investir há 15 anos com foco na previdência privada. Com o tempo, diversificou os ativos e passou a buscar conhecimento por conta própria. “Acredito que o primeiro passo é montar uma reserva de emergência. Depois, a gente pode pensar em aposentadoria, independência financeira, realização de sonhos. Hoje, tenho uma estratégia mais ampla, com foco em segurança e retorno ao longo do tempo”, explica.

Danilo conta que, com o tempo, deixou de depender do banco e passou a estudar por conta própria. “Busquei informação na internet, assisti vídeos, li muito. Isso me deu autonomia. Hoje uso tanto bancos quanto corretoras digitais, sempre priorizando o que faz sentido para meu perfil.”

O empresário mantém uma carteira conservadora e moderada, priorizando renda fixa, como LCI, LCA e Tesouro Direto. “O que me deu mais retorno até agora foram as LCI e LCA, impulsionadas pela alta da Selic. Além disso, têm a vantagem da isenção de IR.”

Ele defende que a educação financeira deveria ser ensinada desde a escola. “Com uma base sólida, conseguimos estruturar nossos objetivos com mais clareza. Primeiro vem a reserva de emergência, depois metas maiores, como casa própria, viagens e independência financeira.”

O que os dois investidores alagoanos têm em comum é a aposta em planejamento de longo prazo e a preferência por ativos com menor risco. “Independente do valor, o importante é ter disciplina e visão de futuro”, diz Danilo. “A gente tem que pensar que o tempo é nosso maior aliado.”

“Acredito que o ideal é ter uma visão equilibrada e pensar nas três linhas de tempo. Existem sonhos e necessidades que exigem recursos no curto prazo, como uma viagem, por exemplo. Outros objetivos, como a educação dos filhos ou a aposentadoria, exigem planejamento de médio e longo prazo. Tentar manter uma estratégia que contemple todos esses prazos de forma equilibrada”, finalizou Danilo.

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