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COMÉRCIO ELETRÔNICO

Após alta na pandemia, vendas online de MPEs caem em Alagoas em 2024

Apesar do resultado, ano de 2024 ainda representa o segundo maior volume da série histórica, ficando atrás apenas de 2023

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Compras pela internet apresentaram crescimento desde a pandemia
Compras pela internet apresentaram crescimento desde a pandemia | Foto: Free Pik

O comércio eletrônico foi uma das grandes saídas encontradas por micro e pequenas empresas durante a pandemia de Covid-19, que exigiu adaptação e criatividade para manter os negócios em funcionamento. Em Alagoas, esse movimento resultou em um crescimento expressivo nas vendas online nos últimos anos, impulsionando a economia local e conectando empreendedores a consumidores de diferentes regiões do Brasil.

Para se ter uma ideia, em 2019, o volume de vendas online feito por micro e pequenas empresas de Alagoas foi de pouco mais de R$ 1 milhão. Em 2020, esse valor subiu para R$ 2,4 milhões, o que deu início a uma escalada crescente, que só registrou uma desaceleração no ano passado, conforme números recentes divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), com dados da Receita Federal.

Os números também apontam que o ano de 2023 obteve o melhor resultado em vendas da série histórica, chegando ao expressivo volume de R$ 15,68 milhões. Em 2024, no entanto, o estado registrou a primeira retração desde a pandemia, com as vendas chegando a R$ 9,55 milhões. Com esse resultado, a redução registrada nesse período foi de 39%.

Esse recuo vai na contramão do que foi registrado em âmbito nacional, onde o setor apresentou crescimento no mesmo período. A queda chama a atenção justamente por atingir um segmento que, até então, vinha se consolidando como alternativa sólida de geração de renda e expansão de mercado.

Outro dado revelador do levantamento é que a maior parte das vendas por meio do comércio eletrônico realizada por micro e pequenas empresas alagoanas em 2024 teve como destino o próprio estado, ou seja, tratou-se de vendas internas. A outra fatia dos produtos foi destinada a outras unidades da federação, entre as quais se destacam São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco, que lideram a lista dos principais compradores fora de Alagoas, demonstrando que, mesmo com a retração, o comércio eletrônico segue como ponte entre o mercado local e outras regiões do país.

O estudo também traça um panorama dos principais produtos comercializados via internet por pequenos negócios em cada estado, revelando como a identidade regional se reflete nas vendas digitais. No Rio Grande do Sul, por exemplo, destacam-se os vinhos; em Goiás, os acessórios para tratores; em Minas, os calçados; e no Pará, o purê de açaí. Já em Alagoas, a liderança nas vendas ficou com as frutas, sendo um reflexo da força do setor agroalimentar local, que tem se mostrado competitivo mesmo em meio às dificuldades econômicas.

O economista Emanuel Lucas Barros ressalta que a queda de 39% nas vendas do comércio eletrônico por micro e pequenas empresas alagoanas entre 2023 e 2024, embora expressiva, deve ser interpretada com cautela. Ele diz que é importante destacar que, mesmo com essa retração, o ano de 2024 ainda representa o segundo maior volume da série histórica, ficando atrás apenas de 2023, que foi um ponto fora da curva em termos de desempenho.

“Alguns fatores ajudam a entender esse movimento. Em 2023, o principal item comercializado foi o smartphone, um bem de consumo durável com alto valor agregado, mas cuja demanda tende a oscilar devido à saturação de mercado e ciclos mais longos de reposição. Já em 2024, observamos uma mudança significativa no perfil dos produtos: frutas passaram a liderar o volume de vendas, com crescimento de 63% em relação ao ano anterior. Isso pode indicar uma reconfiguração do comércio eletrônico local, com maior participação de produtos agroalimentares, possivelmente oriundos da agricultura familiar, setor com forte presença em Alagoas”, avalia.

Outro ponto relevante a observar é o fato de que o estado se consolidou como um emissor de mercadorias no e-commerce nacional, tendo maior emissão de produtos do que recebimento, o que aponta para uma crescente capacidade produtiva e comercial de suas empresas, mesmo diante da redução no volume total de vendas.

O economista destaca que essa mudança no padrão de consumo e comercialização em Alagoas reforça a necessidade de estudos mais aprofundados e políticas públicas direcionadas. “Especialmente para apoiar a transição de segmentos produtivos e ampliar a competitividade digital das micro e pequenas empresas alagoanas", pontua.

PANORAMA NACIONAL

Em todo o Brasil, as vendas de micro e pequenas empresas pelo comércio eletrônico cresceram perto de 1.200% nos últimos cinco anos, saltando de R$ 5 bilhões em 2019 para R$ 67 bi em 2024. Pela primeira vez, o painel traz recortes específicos sobre o desempenho de empresas optantes do Simples Nacional nas vendas pela internet.

No total, o comércio eletrônico com notas fiscais emitidas no país movimentou R$ 225 bilhões no ano passado, crescimento de 14,6% sobre 2023 e de 311% nos últimos cinco anos. Desde 2016, data de início da série, já foram negociados R$ 1 trilhão via comércio eletrônico no país.

Em valores, os produtos mais vendidos em 2024 no e-commerce nacional foram aparelhos de telefonia celular, (4,1% do total), livros (3,3%), refrigeradores (2,6%), televisores (2,2%), complementos alimentares (2,1%), máquinas digitais para processamento de dados (2,0%), calçados para esportes (1,1%), aparelhos para ar-condicionado (1,1%), pneumáticos de borracha (1,1 %) e outras participações capilares (1,1%).

Quando analisadas apenas as transações das MPEs, as obras de plástico saltam para a primeira posição no ranking, respondendo, em valores, por 2,7%. Na sequência, vêm complementos alimentares (2,1%), livros (1,6%), partes e acessórios de motocicletas (1,3%), calçados (1,2%), outras preparações capilares (1,1%), utensílios de mesa e cozinha (0,9%), móveis de madeira (0,9%), artefatos (0,9%) e acessórios para tratores e veículos (0,9%).

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