DEFINIÇÃO
Copom deve manter Selic em 15% ao ano e encerrar ciclo de alta de juros
Em junho, a taxa chegou ao patamar mais elevado em quase 20 anos.


O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define nesta quarta-feira (30) a taxa de juros básica do País, a Selic, que ficará vigente pelos próximos 45 dias. A expectativa é que o índice seja mantida em 15% ao ano, o que vai resultar no fim do ciclo de altas dos juros, iniciado em setembro do ano passado.
É consenso entre agentes do mercado financeiro que o Copom deve manter a taxa Selic no atual patamar. Por outro lado, economistas seguem divididos a respeito de quando o comitê começará a cortar os juros.
Alguns analistas apostam que os primeiros cortes na taxa serão feitos a partir de dezembro deste ano, enquanto outros projetam uma redução só depois do primeiro trimestre de 2026.
Há ainda uma outra vertente, com uma expectativa ainda mais conservadora, que estima que os juros continuarão em 15% até o fim do próximo ano.
INTERRUPÇÃO NO CICLO DE ALTAS
Na reunião de junho, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa de juros de 14,75% ao ano para 15% ao ano. Essa foi a sétima alta consecutiva no ciclo de aperto monetário (aumento dos juros), que começou em setembro de 2024.
Com isso, a Selic chegou ao patamar mais elevado em quase 20 anos. Conforme dados da série histórica, a taxa de juros é a maior desde julho de 2006, época do fim do primeiro mandato do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em ata, a cúpula do Banco Central explicou que aumentou a taxa de juros porque a “economia ainda apresenta resiliência, o que dificulta a convergência da inflação à meta e requer maior aperto monetário”.
“Grande parte dos impactos da taxa mais contracionista ainda está por vir […]. Determinada a taxa apropriada de juros, ela deve permanecer em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado devido às expectativas desancoradas”, avaliou o comitê.
O QUE DIZEM OS ESPECIALISTAS
O economista Leonardo Costa, do ASA, espera que o comunicado pós-Copom reforce a necessidade de manter os juros altos por um período prolongado, bem como citar a atividade econômica resiliente do País.
Segundo a instituição, até lá, o BC se agarrará ao discurso de vigilância, “sem abrir espaço para cortes”.
A Warren Investimentos destaca que os dados de atividade econômica mostraram “sinais mais claros de moderação” e, ao mesmo passo, os indicadores de inflação apresentaram melhora.
Já André Valério, economista sênior do Inter, também prevê que o Copom não fará alterações na taxa de juros. No entanto, ele acredita que a diretoria do BC não deve dar nenhum indício sobre quando iniciará o ciclo de cortes.