BRASIL
Café e carne bovina são taxados em 50% com tarifaço de Trump
Etanol e outros itens também terão nova taxa a partir de 6 de agosto; decreto não fala em comércio bilateral com o Brasil


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nessa quarta-feira (30) o decreto que implementa uma tarifa adicional de 40% sobre o Brasil, elevando o valor total da tarifa para 50%. As taxas entrarão em vigor no dia 6 de agosto.
Entre os dez produtos brasileiros mais exportados para o país norte-americano no primeiro semestre deste ano, o café e a carne bovina são os únicos atingidos em cheio pelo tarifaço.
O Brasil vendeu 1,16 bilhão de dólares (cerca de 6,5 bilhões de reais, na cotação atual) em café para os EUA nos primeiros seis meses deste ano, se tratando do terceiro produto cuja exportação aos americanos rendeu mais frutos no período.
Já a carne bovina representou um fluxo de exportação de mais de 790 milhões de dólares (4,4 bilhões de reais) no mesmo período.
Pescados, calçados, etanol, açúcar e roupas brasileiras também receberão a nova tarifa.
“AMEAÇA INCOMUM”
As tarifas haviam sido anunciadas por Donald Trump no dia 9 de julho, e são as maiores entre as anunciadas para países que exportam aos EUA.
A medida visa "lidar com as políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro que constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos", diz o comunicado sobre a assinatura do decreto, que cita o nome de Jair Bolsonaro (PL) e diz que ele sofre perseguição do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O texto não faz qualquer menção ao comércio bilateral entre Brasil e EUA. Não há uma única referência a superávit, déficit ou volume de trocas entre os países.
"Membros do governo do Brasil têm tomado medidas que interferem na economia dos EUA, infringem os direitos de liberdade de expressão dos cidadãos norte-americanos, violam os direitos humanos e minam o interesse dos Estados Unidos em proteger seus cidadãos e empresas", afirma o documento.
RETALIAÇÃO
O decreto prevê aumento das tarifas caso o Brasil retalie e diz que os EUA podem revogar ou alterar a ordem caso o governo brasileiro "se alinhe" aos interesses americanos em temas de segurança e política externa.