ECONOMIA
Tarifaço deve afetar pouco as exportações de açúcar, diz Péricles
Apesar dos preços competitivos, setor sucroalcooleiro de Alagoas vendeu apenas U$S 70 milhões para os EUA no passado


Na quarta-feira (30), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou em 40 pontos percentuais a alíquota sobre produtos brasileiros. O decreto também trouxe uma lista de 700 exceções que beneficiam segmentos estratégicos como o aeronáutico, o energético e parte do agronegócio. O açúcar, principal produto de exportação de Alagoas, ficou de fora.
Para o economista Cícero Péricles, as relações comerciais entre Alagoas e os Estados Unidos não são preocupantes para a economia estadual. Segundo ele, o percentual das vendas para o mercado norte-americano foi de 6% do total das exportações de 2024, e de apenas 7% no primeiro semestre deste ano.
“No caso das importações alagoanas, o cenário é parecido tanto no ano passado como no primeiro semestre deste ano, com o percentual próximo a 9%. Bem diferente da presença chinesa, que foi, em 2024, responsável por 59% das nossas importações e por 16% das nossas exportações. Este ano elas respondem por 58% das importações e 12% das exportações alagoanas. O impacto da tarifa deverá pesar, mas sem tanta significância”, afirmou.
As exportações de açúcar brasileiro para os EUA têm uma legislação específica, a Cota Americana, resultado de um acordo que vem desde os anos 1960.
“Como a tarifa de 50% para o açúcar não foi suspensa, o modelo anterior deverá ser modificado, dificultando as exportações alagoanas. Mas, ainda assim o açúcar brasileiro – e alagoano – continuará com preços competitivos. Como o produto é uma commodity com muita demanda mundial, o setor sucroalcooleiro poderá abrir novos mercados internacionais para esta parte menor de suas exportações”, disse Péricles.
AÇÃO DOS ESTADOS
Após a oficialização do decreto americano, ao menos cinco estados (SP, MG, PR, RS e GO) já anunciaram pacotes emergenciais com liberação de crédito, devolução de créditos acumulados de ICMS, além de acesso facilitado a financiamentos públicos e flexibilização de exigências para empresas com incentivos fiscais.
Na terça-feira (5), os governadores dos estados do Nordeste vão se reunir em Brasília com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para discutir sobre o aumento tarifário decretado pelos Estados Unidos.
ALAGOAS EM ATENÇÃO
A Secretaria de Estado do Desenvolvimento, Comércio, Indústria e Serviços (Sedics) disse acompanhar com atenção a decisão do governo norte-americano.
Segundo a pasta, embora Alagoas não tenha nos EUA seu principal parceiro comercial, setores como a agroindústria, especialmente açúcar e etanol, podem ser afetados.
“Seguiremos dialogando com os empresários alagoanos, como sempre fizemos. Nosso papel é garantir segurança jurídica, apoio real e um ambiente de negócios estável. Sabemos que política fiscal é competência federal, mas estaremos atentos e prontos para fazer a ponte com quem precisa”, afirmou a secretária Alice Beltrão.