Economia
Mais de 400 mil moram em favelas em Macei�

O resultado de tudo isso é o crescimento desordenado dos centros urbanos, muitos deles transformados em verdadeiros favelões, como Maceió. Inchada pelo processo de ocupação decorrente do êxodo rural e maltratada pela incúria de sucessivos governos, a capital corre o risco de virar um grande cortiço, já que atualmente mais da metade de sua população vive em habitações precárias. São mais de 400 mil pessoas que moram em favelas, cidades de lonas, barracos em áreas de risco e outros tipos de moradia sem nenhuma infra-estrutura. Essa tragédia urbana reflete a ausência de serviços públicos e a falta de planejamento de nossas cidades, denuncia o economista. Para o economista Edmilson Correia Veras, Alagoas não sairá desse pântano movediço sem ajuda federal e a reorientação dessa trajetória passa necessariamente pela mudança da concepção de política econômica do País, na qual o mercado tem papel primordial para uma visão em que o Estado respeite o mercado, mas adote uma política ativa na direção do de-senvolvimento com base num crescimento econômico a taxas próximas de 6% ao ano e implementação de políticas sociais universais. No tocante ao crescimento, Correia Veras identifica dois entraves: as restrições externas e a incapacidade de o Estado realizar investimentos em infra-estrutura por causa do endividamento público interno. No primeiro caso, e a médio prazo, a saída é a adoção de políticas agressivas de exportação e substituição de importação. No segundo caso, em se mantendo uma meta de inflação em torno de 4% a 5% é sustentável, do ponto de vista macroeconômico, reduzir paulatinamente as taxas de juros para níveis próximos de 10% ao ano, diminuindo, por conseguinte, a pressão sobre a dívida interna ao tempo em que se disponibilizem recursos para investimentos e ampliação de políticas sociais. Por fim, o pesquisador do CNPq destaca que Alagoas é viável, pois tem recursos naturais suficientes para alavancar o crescimento do Estado em bases sólidas. Alagoas tem condições de se beneficiar de um novo ciclo virtuoso, principalmente se considerarmos suas potencialidades em recursos energéticos renováveis, estoque de terras desocupadas e aptas para agricultura, possibilidade de expansão do turismo e sua capacidade histórica para exportar. Miséria nacional Segundo a revista Época, 2,34 milhões de brasileiros moram em condições degradantes nas cidades. Essa população vive em habitações improvisadas feitas de plástico, papelão e lata, embaixo de pontes ou em carros abandonados. Mais 9,5 milhões vivem amontoados em 3,3 milhões de unidades habitacionais com duas ou mais famílias, muitas vezes em condições semelhantes as de uma cela de presídio com superlotação. Este é o retrato das condições de moradia do brasileiro, segundo estudo feito pelo Banco Mundial com diversas outras instituições. Segundo pesquisa da revista, 339.300 brasileiros correm risco de vida sob o teto em que vivem, morando em 117 mil habitações com mais de 30 anos, que estão condenadas pelas autoridades, em péssimo estado de conservação. São mais de 12 milhões em 4,2 milhões de unidades habitacionais urbanas consideradas impróprias. É como se praticamente toda a população da Bahia - estimada no Censo 2000 do IBGE em pouco mais de 13 milhões - morasse em casas inadequadas. Dos 37,3 milhões de unidades habitacionais urbanas, 14,5%, ou 5,4 milhões, não oferecem condições mínimas de dignidade a seus moradores. O diagnóstico consta do estudo inédito feito em parceria pelo Banco Mundial (Bird), pela Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos (Finatec), da Universidade de Brasília (UnB), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pela Caixa Econômica Federal e pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano. O trabalho levou oito meses para ser concluído envolveu 35 especialistas em habitação do governo e do setor privado. O estudo usou como base dados da Fundação João Pinheiro, Centro de Estatística e Informações e resultou num documento de dois volumes com mais de 800 páginas, intitulado Nova política habitacional brasileira. Descrevem os pesquisadores: Pode-se observar, atualmente, a coincidência entre o agravamento da carência habitacional e o reaparecimento de epidemias de doenças há muito erradicadas do País. Esta associação é um retrocesso, levando-nos de volta a meados do século XIX, quando se deduziu que a insalubridade de certas moradias era foco de epidemias.