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Brasil terá recorde na exportação de soja mesmo com acordo entre China e EUA

Venda de soja brasileira para a China deverá fechar o ano com embarques totais entre 107 e 110 milhões de toneladas

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Demanda pode retornar a níveis mais normais se a China realmente cumprir a meta de 25 milhões de toneladas anuais
Demanda pode retornar a níveis mais normais se a China realmente cumprir a meta de 25 milhões de toneladas anuais | Foto: Agência Brasil

Principal beneficiária da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, a exportação de soja brasileira para o país asiático deverá fechar o ano com embarques totais entre 107 e 110 milhões de toneladas - números que variam, conforme o autor da estimativa, mas convergem para um volume sem precedentes na história.

Antes das duas maiores economias do mundo travarem uma disputa em torno de tarifas, o Brasil vendeu 90 milhões de toneladas do grão para os chineses. No ano anterior, os Estados Unidos venderam 27 milhões de toneladas de soja para a China.

O anúncio feito em Washington de que a China voltará a comprar soja dos Estados Unidos (12 milhões de toneladas ainda neste ano e 25 milhões anuais a partir de 2026) não deverá ameaçar a hegemonia brasileira no fornecimento do grão ao mercado chinês, de acordo com analistas consultados pelo UOL.

O acordo foi anunciado pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, mas nenhuma autoridade chinesa falou publicamente sobre o tema.

De acordo com a Agroconsult, uma das principais firmas de análise de negócios do agro no país, as vendas de soja brasileira para a China deverão ficar entre 107 e 109 milhões de toneladas neste ano, ligeiramente abaixo da projeção inicial de 109,5 milhões. O Itaú BBA, que divulgou um relatório sobre os impactos do acordo, estima que as vendas brasileiras deverão atingir 110 milhões para o principal comprador global. O relatório do banco foi noticiado primeiro pelo portal NP Agro.

Em entrevista ao UOL, o analista de mercado da Agroconsult Adriano Lo Turco é cético quanto ao alcance do acordo entre os presidentes da China, Xi Jinping, e dos Estados Unidos, Donald Trump, tanto ao cumprimento da promessa de 12 milhões de toneladas até dezembro.

"Não dá tempo. Já estamos em novembro, não há logística para isso, e a China não precisa comprar [12 milhões de toneladas dos EUA] agora, porque isso impactaria o preço", disse ao UOL. O especialista lembrou que tudo o que se ouviu até agora veio do lado americano. "Foi um anúncio de uma parte só. A outra não confirmou nem negou".

No momento, trituradores, criadores de porcos e fabricantes de ração chineses não têm grande necessidade de novas compras, pois os estoques estão acima da média, e as reservas estatais fornecem um colchão adicional.

É uma visão disseminada entre especialistas do mercado.No relatório sobre o tema, o Itaú BBA estima que, para a janela de dezembro a janeiro, as esmagadoras chinesas precisem de cerca de 10 milhões de toneladas, volume que pode ser suprido parcialmente pelos EUA.

A demanda pode retornar a níveis mais normais se a China realmente cumprir a meta de 25 milhões de toneladas anuais mencionada por Scott Bessent. Ainda assim, esse volume ficaria abaixo dos 34,2 milhões de toneladas embarcadas na safra 2020-2021.

Segundo Lo Turco, os Estados Unidos não precisam vender muito mais do que isso para a China no longo prazo, porque o consumo interno vem crescendo e reduzindo o excedente exportável.

"A curva de exportação americana de soja é estruturalmente descendente", explicou. Nas últimas safras, a fatia chinesa nas vendas externas americanas oscilou entre 45% e 56%, e os 25 milhões equivaleriam a cerca de 53% do programa de embarques dos EUA na próxima safra. Para Lo Turco, trata-se apenas de um retorno à média, e não de uma mudança de patamar.

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